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Evento contou com mais de vinte atrações, dentre elas, pela primeira vez no Brasil, a DJ estadunidense Vektroid

Nathalia Cunha

Mc Carol, Boogarins, Letruxx, Vektroid, Teto Preto, Carne Doce, Tessuto, O Terno. Artistas de estilos musicais extremamente diferentes, como funk, rock psicodélico, vaporwave e eletrônico em geral. Entretanto, eles tem algo em comum: todos tocaram no Xxxbornival Festival, numa mistura um tanto quanto inusitada. O evento  aconteceu em São Paulo no dia 26 de maio.
A escolha dos artistas foi feita pela Freak, a produtora do evento. “Nós procuramos juntar artistas que têm algo fora do comum”, explicou o jornalista e produtor Gustavo Viana. Essa é a quinta edição do evento, que passou a ter 12 horas de duração e em um local novo, a Audio. O novo espaço possui três palcos diferentes, extensa e ambientada área externa e pátio de food trucks.
Entrevistamos a banda goiana Boogarins, que trouxe toda a irreverência e artisticidade diretamente do cerrado para os palcos da Audio. O público acompanhou todo o show, cantando as faixas do disco “Lá Vem a Morte” (2017), que faz um ano de aniversário neste mês.

A atração mais aguardada da noite era a DJ estadunidense Vektroid. A maioria das pessoas a conhece pelo pseudônimo (um dos mais de vinte) MacIntosh Plus, pois foi com ele que seu álbum Floral Shoppe foi lançado.Muitos acreditam ser esse o primeiro trabalho do gênero vaporwave, que tomou conta da web desde 2010. Nele, a música Lisa Frank 420 foi a que mais estourou online, aparecendo em diversos vídeos e pipocando nos fóruns Tumblr e Reddit. O gênero é conhecido pelas suas capas com colagens non-sense, músicas “de elevador”, desaceleradas e repetidas. Apesar do grande sucesso, Vektroid é muito reclusa, com poucas imagens de seu rosto, nenhuma rede social acessível e uma única entrevista dada ao Bandcamp, site em que lança seu trabalho.
Após seu show, fizemos uma rápida entrevista:
N: Desde 2005 você lançou mais de 40 álbuns. Qual o seu favorito?
V: Provavelmente o mais recente, honestamente. Eu estive tentando ser mais consciente por um longo tempo. Eu não sei se algum dia tive a chance de realmente levar para a realidade. Eu sinto que essa última coisa que eu fiz foi “quase lá”. Eu sinto que foi um jeito de desacelerar. Eu não sei, é estranho por que é rentável.
N: De onde vem toda essa criatividade?
V: Talvez algum tipo de autismo, estou chutando (risos). Eu estou em casa sempre. Fiquei muito chocada como a América do Norte reagiu ao vaporwave. Estou tentando me afastar para tentar lidar com isso e com toda a atenção.
N: Podemos ouvir a maioria de seus álbuns de graça no Youtube. Algumas pessoas dizem que isso é uma desvalorização do seu trabalho. O que você acha sobre isso?
V: Eu sempre fui super ok com isso, mas é meio chato que não consegui nenhum dos royalties de MacIntosh Plus. Eu deveria ter insistido mais nisso e ao mesmo tempo sinto que não deveria. Eu estou colocando minhas coisas no iTunes. Bom, eu sou uma pessoa bastante caucasiana. Eu sou a última pessoa que deveria receber royalties que eles merecem. E aquele sample da Diana Ross é tão grande que eu gostaria de ter mais poder sobre isso algumas vezes. Eu acho que eu só estive esperando em retaguarda, tentando descobrir um modo de lidar isso de forma correta.
N: Você não posta fotos suas na internet e muito menos se expõe, e nos dias de hoje as pessoas conseguem muito com essa exposição. Isso é bastante diferente, e gostaria de saber o porquê.
V: Privacidade. Eu realmente fico bastante amedrontada em relação a isso. Você sabe, não quero que minha vida seja publicada todo tempo. Não quero começar a transmitir da minha casa, e deixar as pessoas verem o que eu estou fazendo e tal. Eu não converso com as pessoas com tanta frequência. É muita autoconsciência, isso é provavelmente estranho. Tenho muito trabalho que quero fazer ainda. Eu sou trans, sabe? Mas no geral, são muitas tentativas de me sentir confortável comigo mesma, antes que coloque a pressão de realmente estar lá fora. Eu imagino que não vá demorar para acontecer. Eu realmente quero conseguir um álbum sólido. Você sabe, tem bastante coisa experimental no meio disso e estou tentando achar meu caminho entre os sons que produzo, como uma produtora solo.
Eu me sinto invisível sobre toda essa situação. Eu gosto bastante de música de vídeo game, e acho que escutei bastante intros e isso meio que ficou na minha memória. É bastante alto e você consegue reconhecer toda vez que escuta isso. Quero fazer músicas, e uma parte disso é que eu preciso aprender a fazer sem me basear em samples. Por isso que eu não estou mais soltando essas coisas. Tem muita coisa sampleada no mundo e eu realmente preciso ter a certeza se é ‘copyright friendly’. Eu estou realmente seguindo isso, tornando isso sobre meus próprios sons com samples, e não samples com sons por cima. Não vou julgar quem faz isso, muita gente consegue fazer coisas incríveis com isso. Não acho que as pessoas veem dessa forma, mas é um processo, ir e vir com tudo isso que está acontecendo. Não acho que isso seja um pensamento na América do Norte, por que as pessoas têm uma percepção diferente sobre isso. É bem mais saturado, e as pessoas ficam cansadas disso. Nunca quis impor meus sentimentos sobre a música. É complicado, mas está ficando cada vez mais fácil.
N: Você mencionou músicas de videogame. Nos seus álbuns percebemos muitas influências da cultura pop. Você pode nomear algumas referências que você utiliza no seu trabalho?
Historicamente, música eletrônica sempre me inspirou. E aqueles sons dos anos 80 estão voltando de uma forma que eu realmente gostaria de ver grandes bandas se apropriando disso. Eu acho que seria muito bom por agora, sem brincadeiras. Sabe, fazer um novo álbum que pareça dos anos 80. Isso seria muito legal. Eu quero aprender dessa história. Os anos 90 não mudaram tanto, é legal também mas bastante diferente.
N: Você gostou do público aqui no Brasil?
V: Melhor show, absolutamente. Não tem nem competição, eu só toquei em shows pequenos na minha vida, que tinha, talvez, um quarto das pessoas que tem aqui. Quero muito terminar meu novo álbum, talvez fique pronto em julho ou perto disso.

 
 

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Redação

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