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A QUEDA DAS MAÇÃS MAOXIANAS

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Um texto sobre maçãs

Por Bruno Abreu

Em um pomar enrodilhado por montanhas, um trabalhador rural se detém por infindáveis minutos numa única macieira. Utilizando um bastão caseiro, com um filtro de cigarro amarrado à ponta, ele mergulha o instrumento em uma garrafa plástica cheia de pólen, que utiliza para fecundar cada uma das flores da árvore. Em seu entorno há outros fazendo o mesmo serviço: cada um é capaz de polinizar de cinco a dez árvores por dia. Às vezes pedem ajuda às crianças, que são leves o bastante para escalar os galhos, alcançando as flores mais altas. É um trabalho minucioso, mas que depende de alguma pressa: a polinização dos pomares precisa ser concluída em cinco dias para que as árvores deem frutos. 

Fazendeiros polinizando flores de maçã em Maoxian (Foto: Uma Partap.)

No século XX, os vales gelados de Maoxian, na China, compreendiam um portentoso império da produção de maçãs. A produção teve início em 1946, com o plantio de 400 mudas, e obteve rápida ascensão. Na década de 1980 a cultura já havia atingido seu auge. A região contava com mais de 200 mil macieiras, que produziam cerca de 30 mil toneladas de maçã ao ano. As maçãs maoxianas eram famosas na China e além, sendo exportadas para boa parte do continente asiático. 

O império, contudo, não durou para sempre. 

A derrocada teve início em 1990, quando houve uma repentina queda de 50% na produtividade dos pomares. Atribuiu-se o revés ao sumiço de polinizadores naturais, como abelhas e outros insetos. Sendo a maçã a principal cultura de Maoxian, sua produção não podia parar. A solução encontrada foi que a polinização passasse a ser feita por humanos. Pareceu dar certo por algum tempo. Mas esse método acabou se mostrando economicamente insustentável.

Hoje em dia, ainda há maçãs sendo produzidas em Maoxian, mas em escala bem menor. São poucos os produtores que seguem cultivando maçãs e somente maçãs. A maioria investiu em culturas alternativas que não fossem tão dependentes de insetos polinizadores, como ameixas, nozes, cerejas e vegetais. 

O declínio das populações de insetos na região é atribuído a um conjunto de fatores, como o uso exagerado de pesticidas, o desmatamento e as mudanças climáticas.

Com o sucesso comercial de Maoxian, na década de 1970 os produtores implementaram a aplicação de pesticidas nas plantações. Por décadas os pesticidas foram usados de forma intensa, chegando a ser aplicados 10 vezes por temporada. Quando começou a se notar o declínio de polinizadores naturais na região, o governo investiu em polinizadores domésticos. Foram inseridas no vale abelhas da espécie Apis mellifera, comumente utilizadas com a finalidade de incrementar a polinização de culturas agrícolas. A ação, contudo, foi infrutífera: a maioria das colônias morreu graças ao uso intenso de pesticidas. Os apicultores não foram compensados pelas perdas, e o desastre desestimulou tentativas futuras de inserção de abelhas.

Há ainda a expansão ininterrupta das terras cultiváveis, adelgaçando as florestas e campinas, que são morada natural dos insetos.

Outro fator são as mudanças climáticas que resultaram em chuvas frequentes, baixas temperaturas e céu nublado. As flutuações de temperatura se tornaram mais frequentes e violentas. Houve aumento nas médias anuais de precipitação e temperatura. Tudo isso afeta tanto a floração das plantas quanto a polinização realizada por insetos.

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Redação

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