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Cidades no interior do estado registram aumento de casos após medidas de reabertura da economia

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Após impactos nas capitais pandemia se interioriza pelo país

Por Felipe Lamellas

Em fins de dezembro de 2019 o mundo tomava conhecimento de um vírus desconhecido que estava fazendo vítimas na Ásia e que tinha seu epicentro na cidade chinesa de Wuhan. Em poucas semanas a metrópole cosmopolita de mais de 11 milhões de habitantes sentiu o potencial da doença que já fazia inúmeras vítimas fatais, acometendo especialmente aos idosos, possuía uma taxa elevada de transmissibilidade por meio de vias respiratórias, e começava a se alastrar por outros países ao redor do globo.    

O isolamento social determinado na cidade que registrou os primeiros casos foi rígido, evitando assim sua disseminação. Porém, o ano novo chinês, período de festas do país oriental e tradicionalmente de grande fluxo interno de viajantes, celebrado em janeiro deste ano, colaborou para que o vírus se espalhasse e fizesse vítimas por todo o país. Mesmo assim, a resposta chinesa ao vírus, denominado agora segundo os protocolos científicos de Covid-19, foi ágil o que permitiu que o país mais populoso do mundo conseguisse conter em seu próprio território o avanço da doença.

Entretanto, o vírus já havia atravessado as fronteiras e começava a se espalhar primeiramente por outros países da Ásia e, em seguida, simultaneamente, pela Europa e América. Em 11 de março a Organização Mundial da Saúde, OMS, elevou a classificação da então epidemia de Covid-19 para a de pandemia, significando, assim, que a doença já infectava um grande número de pessoas espalhadas pelo mundo. 

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A febre alta acompanhada de tosse seca e cansaço são os principais sintomas do doença, que já deixou mais de 500 mil mortes no mundo (Imagem: leo2014 por Pixabay)

Em 26 de fevereiro, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso de Covid-19 no Brasil. Em pouco mais de três meses depois, o país se tornou o epicentro da pandemia, tendo até o momento uma das maiores taxas de transmissibilidade do mundo e ocupando o segundo lugar em número de vítimas fatais, com mais de 55 mil, atrás apenas dos EUA, que já somam 122 mil vidas perdidas. 

São Paulo, primeira unidade da federação a registrar casos de Covid-19 no Brasil, foi também um dos mais afetados pela doença. Até agora, o estado já soma mais de 221.973 mil casos confirmados do novo Coronavírus. Ao todo, mais de 12.630 pessoas morreram em consequência da doença, que segundo o chefe do Centro de Contingência Carlos Carvalho, teve sua primeira fase de contágio na região central do município, se estendendo, na sequência, para as periferias e agora, na  fase atual, a maior incidência de casos se dá no interior do estado. 

O aumento de óbitos em cidades interioranas comprova a fala de Carvalho; segundo estudos do Centro, no dia 25 de junho, pela primeira vez o interior ultrapassou a capital em número de mortes por Covid-19. Em meio a esse cenário muitas cidade de pequeno e médio porte começam a sentir os reflexos do avanço da pandemia, vendo o número de casos confirmados disparar, a taxa de ocupação dos leitos de UTI aumentar e as mortes se tornarem realidade. Associado a isso, muitos municípios, seguindo as orientações do Plano São Paulo, começam a flexibilizar suas medidas de isolamento e retomar suas atividades comerciais. 

Um exemplo disso é o município de Porto Ferreira, na região de São Carlos, onde em menos de um mês os casos aumentaram significantemente, saindo de 17 confirmados no dia 1º de junho, para 131 positivos no dia 26. Segundo dados do relatório da Secretaria de Saúde, elaborado pela enfermeira sanitarista Lívia Bosquetti, a taxa de incidência da doença aumentou de 30,3 casos por 100 mil habitantes para 64,1 na semana passada e a ocupação de leitos de UTI, até então em 20% se elevou e atingiu os 100% no dia 25 deste mês. A cidade possui 4 leitos de UTI, todos ocupados.

Dados do Relatório de Monitoramento da Covid-19, atualizado com informações colhidos até sábado (20/06), mostram aumento significativo de casos no município paulista (Imagem: Reprodução/ Prefeitura Municipal)

Segundo a Secretária Municipal de Saúde Vera Visolli, o que teria motivado esse aumento no número de casos, foi a flexibilização das atividades na cidade para a fase amarela devido ao decreto estadual que classificou o município na fase 3 do plano. Para ela após a decisão do estado “a população se sentiu confortável e acabou esquecendo da proteção”. Diante deste cenário a Secretária afirma que foi necessário rever a reabertura de forma imediata. “Nós começamos a observar o crescente número de casos e de internações, fizemos um levantamento e constatamos pela metodologia do estado que nós devêssemos retroceder para a fase vermelha, houve o consenso geral que para a garantia da saúde da população nós tínhamos que regredir” explica ela. 

A cidade que estava na fase 3 (amarela) do Plano São Paulo até dia 12 de junho, passou para a fase 2 (laranja) por decisão do governo estadual. No início da última quarta-feira, 24, por decreto municipal do prefeito Rômulo Rippa (PSD) a cidade regrediu para a fase 1 (vermelha) do plano, a mais restritiva. “Em nossa avaliação de risco, devido principalmente a multiplicação da taxa de contaminação, sem esperar a avaliação do estado, buscando zelar pela vida dos ferreirenses, a nossa avaliação do Plano São Paulo, aprovada pelo comitê de enfrentamento da crise, foi para a fase vermelha” anunciou o prefeito.

O decreto, que ainda proíbe o consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos, deve durar inicialmente dez dias, podendo ser revisto de acordo com a situação da cidade. Para o médico Diretor clínico do Hospital Dona Balbina e membro do comitê de enfrentamento à Covid-19 no município Fernando Ramos, a maior preocupação é a capacidade de disseminação da doença. “Não temos leitos para que toda a população, acometida ao mesmo tempo, seja tratada, por conta disso houve a necessidade de retroagir com a flexibilização para que diminua o nível de circulação de pessoas e assim de contágio” explica ele.  

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Redação

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