Bruninho Silva: a luta dentro e fora do tatame
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por Paula Berlim
Jovem lutador de Jiu Jitsu vende bolos caseiros para bancar viagens para competir pelo esporte
Ele tem apenas 18 anos de idade, mas já é bi campeão paulista, vice campeão sul americano, vice campeão brasileiro e terceiro colocado no mundial na categoria peso galo 57kg de Jiu Jitsu faixa roxa adulto. Bauruense do bairro Otávio Rasi, Bruno da Silva treina de segunda a sexta no horário do almoço na academia chute box na rua Agenor Meira em esquina com a Duque de Caxias, uma das principais avenidas da cidade.
Para que possa disputar os melhores campeonatos do esporte, Bruninho e sua família vendem cupcakes para bancar as viagens e hospedagens nos locais de competição. Os sabores variam entre chocolate, brigadeiro e cenoura. Todos embalados de maneira delicada, higiênica e sempre com uma mensagem de agradecimento de apoio dos irmãos Silva. Além do cuidado na preparação do bolinho, Bruninho ainda se oferece para realizar entrega domiciliar aos que compram os cakes. Em um gol prateado todo decorado de Jiu Jitsu, Bruninho e família saem às ruas de Bauru na entrega dos bolinhos e na luta pelo sonho.
Bruninho, como é chamado pelos que o rodeiam, começou no esporte 6 anos atrás após o convite do irmão mais velho, Matheus Silva, para uma aula de luta marcial. Desde então a dedicação ao esporte só aumentou, e hoje ele e o irmão buscam campeonatos por todo o mundo pela prática do jiu jitsu e pela vontade de vencer na vida. Contudo, a luta vai além do tatame.
É um retrato um tanto quanto fiel à realidade de muito esportistas brasileiros. A falta de apoio aos esportes que vão além do futebol é evidente no país. Bruninho comenta que a ideia de vender os bolos surgiu do pai, que “em 2014 viu umas meninas na televisão vendendo arroz doce pra ir pra Disney. Aí ele pensou: se elas podem vender e ir pra Disney, nós podemos vender bolinhos caseiros e lutar todos os campeonatos dos nossos sonhos.”
O jovem lutador ainda comenta que em questão de “apoio graças a deus tem em Bauru. É só correr atrás e mostrar seu esforço e força de vontade”. A garra é nítida no esforço de Bruninho e seu irmão. A paixão pelo esporte é sem tamanho mesmo que os empecilhos também sejam. Bruninho relatou que os cakes ficaram tão famosos na região que alguns empresários contataram os irmãos para uma conversa de patrocínio e apoio. “A galera agora sabe da nossa correria e vontade de vencer na vida, então um passa pro outro e assim chegamos em empresários e conseguimos algo”.
No entanto, por mais esforçados que a dupla de irmãos do jiu jitsu sejam – e ele são, tanto no esporte quanto na vida – o meio esportivo brasileiro parece não querer que estes jovens talentos representam a nação mundo a fora. Para além do esforço na luta dos sonhos, é preciso buscar oportunidades em um país que custa para dar a quem talento tem.
No momento da entrevista com Bruninho, a dupla viajaria para o Fortaleza Open, um campeonato internacional de grande visibilidade, nos dias 22 e 23 de junho. Os cakes que Bruninho e companhia venderam iriam cobrir as passagens para o nordeste. Contudo, por conta do aumento do valor das passagens por ser período de feriado, a dupla não irá mais competir. Adiaram para o Belo Horizonte Open, nos dias 13 e 14 de julho.
O Bruninho é um jovem lutador na vida, em todos os sentidos. Determinado e focado em fazer aquilo que ama, está disposto a lutar Jiu Jitsu pelo mundo independente do que for. “Eu levo o jiu-jitsu como profissão porque é o que eu amo fazer e ainda viajo o mundo todo fazendo o que eu gosto.” A cidade de Bauru parece ter abraçado a dupla de irmãos, agora resta saber se o Brasil irá abraçá-los também.
