Cães e gatos são os animais de estimação mais populares no Brasil. Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), são cerca de 22,1 milhões de felinos e aproximadamente 52,2 milhões de cachorros no país. Além dos mamíferos, os brasileiros também trouxeram aves, peixes e animais exóticos para o conforto de seus lares. O hábito faz com que o país ocupe a 4ª colocação no ranking de maior população de animais de estimação do mundo.
A cada 100 lares brasileiros, em média 36 deles contam com pelo menos um dos bichinhos citados. O crescimento dos animais acompanha inversamente a taxa de fecundidade, que cai ano a ano. Em 2015, segundo o IBGE, a média de filhos por mulher despencou para 1,72, sendo que nos anos 2000, o registro beirava os 2,4 filhos por mulher. Assim, os animaizinhos, não raras vezes considerados membros da família, passam a preencher a inexistência dos filhos, representando uma porcentagem significativa dos investimentos domésticos. O aposentado João Eduardo, 60 anos, faz parte dessa parcela da população que vê nos bichanos uma companhia: “Quando minhas filhas foram estudar fora, para fazer faculdade, eu me sentia muito sozinho. A presença dos meus quatro gatos é o que quebrou um pouco da rotina e da monotonia”, confessa.
Por conta do apego sentimental que os donos têm por seus bichinhos, mesmo nos momentos em que a família, ou até mesmo o país, enfrenta uma crise financeira, os animais continuam tendo suas prioridades atendidas. Com isso, é possível concluir que o investimento destinado a eles não é considerado um item supérfluo que poderia ser cortado do orçamento familiar. Ivan Gomes, um dos donos do pit bull Risco, conta que: “O Risco é o mascote da casa, ele nos protege e além disso todo mundo ama ele”. Em 2017, o cãozinho foi diagnosticado com Leishmaniose, por conta disso, os gastos aumentaram. “Nós já gastávamos com alimentação, brinquedos e vacinas. Depois da doença, começamos a comprar remédios e também a fazer exames com mais frequência”, completa.
Segundo a Abinpet, o Brasil é atualmente o terceiro maior mercado do mundo em faturamento no setor pet. Nosso país só perde para os Estados Unidos e para o Reino Unido. Fernanda Della Rosa, assessora econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), avalia que o mercado de produtos e serviços para pets é um terreno fértil. “Por causa do envolvimento emocional, os gastos com animais têm tido prioridade no conjunto de gastos das famílias, por isso, não sofreram tanto o impacto da crise econômica de 2016”, conclui. Segundo levantamento feito com internautas pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), os gastos mensais com os animais giram em torno de R$189,00.
Em 2016, ano marcado por dificuldade financeira em todos os setores ligados a economia, o faturamento do mercado pet aumentou 3%, atingindo a marca de U$105,3 bilhões de dólares. Aproveitando o crescimento do setor, donos de pet shops e de outros segmentos relacionados ao mercado animal buscaram investir em novidades para cativar e fidelizar cada vez mais os clientes. Muito além de acessórios, alimentos e brinquedos, e serviços de vacinação e atendimento médico, empresários do ramo apostam para 2018 no taxi pet, serviço que leva e traz os bichinhos, gerando maior praticidade para os clientes. Do ponto de vista animal, por sua vez, centros que funcionam como spa ou parque de diversões têm atraído mais público. No quesito bem-estar animal, produtos orgânicos também ganharam investimento por parte dos fabricantes, assim como maior espaço nas prateleiras, por agradarem à clientela.
“A composição da cesta de compras dos donos de animais de estimação está mudando. É cada vez maior a demanda por cuidados especializados, além de produtos que atendem às características específicas dos animais. Moda e estética, alimentação saudável, hospedagem, atendimento em casa, exercícios físicos e saúde comportamental são algumas das áreas que deverão se desenvolver intensamente nos próximos anos”, afirmou o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, ao portal do G1.
Ilustrações e texto: Raíssa Pansieri