Mais um caso de abuso de poder revoltou os atletas
Por Elder John e Victor Toledo
George Floyd foi morto asfixiado por um policial em maio de 2020 nos Estados Unidos, gerando uma grande revolta na população que se mobilizou em protestos pelo país todo, além da criação do movimento “vidas negras importam”. O problema é que as atrocidades não pararam…
Jacob Blake, de 29 anos, levou 7 tiros pelas costas em uma abordagem policial em Kenosha, Wisconsin. Breonna Taylor, de 26 anos, recebeu 8 tiros de três policiais que foram ao seu apartamento com um mandado de busca. Situações como essas acontecem corriqueiramente, mas nem sempre ganham uma notoriedade e acabam virando estatística.
A pesquisa do Departamento de Sociologia da Universidade de Minnesota divulgada pelo UOL fez uma comparação entre o número de mortes entre negros e brancos no país norte-americano e constatou que o racismo é mais mortal do que a própria pandemia de COVID-19 que assombra o mundo.
1.061 mortos a cada 100 mil pessoas é a menor taxa já registrada na população negra. Esse número é de 2014 e ainda supera o número de morte confirmadas por COVID-1 entre os brancos até 29 de julho em mais de 5 vezes.
Com todo esse clima rodando o país, os atletas de basquete da NBA decidiram boicotar um jogo do playoff em protesto aos acontecimentos. A federação do esporte concordou com a ação e cancelou os demais jogos do dia, demonstrando apoio. Outros esportes também aderiram ao boicote, como o beisebol e a WNBA.
Mesmo assim, os jogadores demonstraram uma certa decepção nos debates, com a indagação “o que podemos fazer para mudar essa realidade?”, já que conseguiram a atenção com o boicote, mas não existe um plano de ação detalhado ou algum resultado imediato com o protesto.
Se até quem tem voz na sociedade se sente injustiçado e de mãos atadas, imagina quem está silenciado. É o sentimento dos negros, não só dos Estados Unidos, mas do mundo inteiro. Enquanto não mudarem a estrutura, casos como o George Floyd, Jacob Blake e Breonna Taylor acontecerão.
O racismo está presente na nossa realidade e é estrutural, necessitando ainda mais de manifestações e ações como os jogadores da NBA. Lewis Hamilton subiu no pódio da Fórmula 1 com uma camisa escrito “vidas negras importam” e foi proibido de tirar o macacão em comemorações.
Portanto, fale, mostre, proteste e principalmente, apoie os atletas negros de qualquer esporte que ousam ir contra a maré em prol de justiça. No momento em que todos entenderem que o apoio popular é essencial, começaremos a enxergar e promover mudanças significativas na sociedade.