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Mundo da dança se reinventa durante a quarentena

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Professores de dança e bailarinos buscam alternativas para manterem-se ativos no período de isolamento

Por Júlia Paschoalino

O isolamento social provocado pela pandemia de COVID-19 vem transformando a maneira como realizamos diversas atividades. Profissionais de várias áreas de atuação estão se adequando ao ambiente virtual para conseguirem cumprir suas tarefas cotidianas de forma diferente da habitual. Para a comunidade da dança não é diferente. Professores, coreógrafos e bailarinos profissionais e amadores estão tendo que adaptar suas rotinas e reinventar a maneira de fazer dança durante a quarentena.

Logo ao fim do primeiro mês de isolamento, em 16 de abril, o balé da Ópera de Paris compartilhou nas redes sociais um vídeo mostrando o confinamento vivido por seus bailarinos. Com o intuito de homenagear os profissionais de saúde que trabalham na linha de frente na luta contra a pandemia, o vídeo intitulado “Dire merci” (dizer obrigado) já alcançou 600 mil visualizações e exibe os artistas dançando dentro de suas casas ao som do balé Romeu e Julieta, interpretado pela orquestra da Ópera Nacional de Paris. 

 Em uma mistura de técnica e informalidade, o vídeo exemplifica uma realidade muito comum nas casas de bailarinos do mundo todo durante o período quarentena: a adaptação dos exercícios ao ambiente de casa. Mesmo distantes fisicamente, dançarinos profissionais e amadores procuram manterem-se ativos e conectados, se encontrando através de aulas por chamadas de vídeo ou em formato de lives nas redes sociais.

Professora de Jazz e Hip Hop no interior de São Paulo, Jaciara Batista conta que a escola de dança onde trabalha não hesitou em passar a realizar as aulas virtuais durante o período de isolamento. “Nós fizemos uma reunião para saber qual seria a melhor forma de interagir com os alunos e manter as aulas foi uma decisão unânime”, explica a bailarina. Além das aulas por chamadas de vídeo, a escola também optou por uma outra estratégia, disponibilizar vídeos nas redes sociais para que os alunos consigam acompanhar os exercícios propostos no horário em que preferirem.  “Tem aluno que não gosta da aula ao vivo, porque a internet trava, por causa do delay da música. Com os vídeos, os alunos fazem no tempo deles, separam o espaço deles”, completa.

Apesar dos encontros online ajudarem os bailarinos a se exercitarem e a passarem juntos por esse período, a professora enfatiza que é preciso tomar alguns cuidados extras, uma vez que o instrumento de trabalho da dança é o corpo e o ambiente virtual impossibilita o contato físico.  “Não passo coisas muito avançadas. Eu não consigo visualizar direito o que os alunos fazem, então tenho medo que eles se machuquem. Nas aulas presenciais, gosto de tocar no aluno, sentir se ele entendeu o que eu estou fazendo. Virtualmente a gente tem essa limitação”, explica Jaciara.

Aluna de balé clássico e sapateado, a estudante Vitória Hansem, de 21 anos, reconhece que as aulas on-line nem sempre são tão proveitosas quanto as presenciais. “Eu sinto falta de material, de espaço e de contato pessoal, tanto com amigos quanto com professores. A qualidade da internet também é uma coisa que dificulta muito. Todas essas coisas acabam me animando menos para fazer as aulas”. Mesmo com as dificuldades trazidas pelo momento, Vitória lembra que a paixão pela dança permanece e as aulas virtuais são uma maneira de se exercitar e de matar a saudade. “É um esporte e uma prática corporal, que eu sei que faz bem tanto pra minha mente quanto pro meu corpo”, completa.

Vitória Hansem faz aulas de dança na sala de casa durante o período da quarentena. Foto: Arquivo pessoal

As aulas das turmas infantis também seguem o esquema de encontros por chamadas de vídeo. Cleber Costa, professor de sapateado, afirma que “Infelizmente a participação não é alta. A maioria dos alunos também têm as atividades com suas escolas e outros compromissos. Por conta da situação, tem que optar qual fazer e qual deixar de fazer”. Entretanto, quando as crianças conseguem participar das aulas, o momento é de muito carinho e descontração. “Tem aulas que teriam quarenta minutos, mas eu dou quinze minutos de exercício, porque as crianças querem conversar. Elas não estão tendo tanto contato com outras pessoas, então elas conversam, abraçam e beijam o celular, já fiz até um tour pela casa”, conta a professora Jaciara.

Enquanto o isolamento social tiver que permanecer os bailarinos continuarão transformando suas casas em salas de aula, seus móveis em barras e seus jardins em palcos, sempre motivados pelo dia em que poderão voltar a preencher os teatros com a dança. 

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Redação

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