Mortes e feridos na Faixa de Gaza aumentam a tensão entre palestinos e o estado de Israel
No mês de maio, uma nova rodada de conflitos surgiu na Faixa de Gaza entre palestinos e israelenses. Foram 58 mortos e mais de 2.700 feridos só no dia 14 de maio, em protestos palestinos contra os 70 anos de Israel e a transferência da embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém. O embate, no entanto, vem se desenrolando desde o século passado.
Desde quando foi criado o Estado de Israel, palestinos e israelenses travam uma luta que, além de parecer de difícil solução, promove um número incalculável de perdas humanas. Após o término da Segunda Guerra Mundial, a ONU (Organização das Nações Unidas) no ano de 1948 criou o Estado Israelense, baseado em uma resolução aprovada um ano antes e que previa a divisão do estado palestino em dois: um estado judeu e árabe.
A área em vermelho representa Israel (Imagem: Reprodução/Mundo Estranho)
Desde 1890, no entanto, havia um número grande de migração judia para a Palestina, motivada pelo antissemitismo sofrido pelos judeus na Europa e na Rússia. A Segunda Guerra acentuou a migração em massa dos judeus a vários lugares do mundo, já que, no contexto dessa guerra, o antissemitismo era ainda mais declarado e oficializado pelo estado alemão em detrimento do domínio nazista na Europa. Como consequência, a ONU aprovou a criação de uma terra para os judeus e assim o conflito se agravou. Em 1948, Síria, Egito, Jordânia, Iraque e Líbano não aceitaram a negociação e partiram para a guerra contra Israel. O país não só venceu como ocupou mais da metade do território árabe, imaginado pela ONU. Para os palestinos o momento ficou conhecido como Nakba, palavra árabe que significa “destruição, catástrofe”, quando mais de 750 mil palestinos migraram a outros países ou foram expulsos pelo exército israelense.
A tensão na região continuava alta e em 1967 atingiu seu ápice com a Guerra dos Seis dias. Entre os dias 5 e 10 de junho de 1967 Israel lutou contra Síria, Egito e Jordânia. Ao sair vencedor, Israel tomou territórios de todos os países envolvidos e fortaleceu ainda mais seu domínio territorial na Palestina.
Em entrevista à BBC, o professor de História de Oriente Médio e Ciência Política da Universidade Emory nos EUA, Kenneth Stein, afirmou que “a guerra transformou o Oriente Médio porque teve um impacto significativo no mundo árabe, em Israel e na atuação dos Estados Unidos na região. As sequelas prosseguem e ainda não conhecemos o resultado final”.
A religião é um dos pontos fundamentais para se entender o motivo da disputa da Palestina. Os judeus julgam que tem direito a se fixar no território, pois é a terra prometida por Deus a Abraão e seus descendentes. Além disso, Roma expulsou os judeus que viviam lá 70 anos depois de Cristo. Algum tempo depois, com a disseminação da religião Islã, a Palestina foi ocupada por árabes. Mas a região é importante também para cristãos e islâmicos por causa de Jerusalém. A cidade é sagrada para as religiões judaica, cristã e islâmica.
Boneco de Trump é queimado em protesto do Dia de Jerusalém, 8 de maio em Teerã (Foto: STR/AFP)
Recentemente, o presidente norte-americano Donald Trump anunciou o deslocamento da embaixada de Tel-Aviv para Jerusalém, que é controlada por Israel desde a Guerra dos Seis dias. “Os EUA sempre serão grande amigo de Israel e parceiro na causa da liberdade e paz”, assegurou Trump”. Os EUA, alinhados política e militarmente com o estado judeu, colocaram mais lenha na fogueira ao fazer esse movimento. A prova que a solução para a Palestina é algo difícil de se atingir é que as batalhas entre árabes e judeus nunca pararam. Segundo o relatório do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanos (ECAH) da ONU, em 2014 “mais de 1.500 civis de Gaza foram mortos, 11.000 ficaram feridos e 100.000 deslocados”, o maior número de baixas desde a Guerra dos Seis dias em 1967.