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Perfil: Gabriela Gomes

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Estudante de Jornalismo fala sobre sua trajetória, transtornos alimentares e planos para o futuro

Por Victor Barreto

Gabriela Gomes, ou simplesmente Gabi, é estudante do 4º ano do curso de Jornalismo da Unesp de Bauru. Natural de Clementina, cidade próxima a Araçatuba – onde vivia antes de se mudar para Bauru- , conta que sempre teve como objetivo estudar na Unesp, não importando o curso, já que sua irmã se formara na universidade.

O Jornalismo, entretanto, não era sua primeira opção, apesar de sempre ter gostado muito de ler e escrever, além de possuir um interesse na área. Ela revela que, durante o ensino médio, pensava em seguir um curso totalmente diferente, a engenharia: “Eu era muito ruim em matemática, e não sei porque queria engenharia, mas acho que era pra agradar meu pai, que trabalha na área”, conta.

Até que um certo dia, numa caminhada, o pai de Gabi a tranquilizou, dizendo que ela não precisava fazer algo somente para agradá-lo e que ela deveria fazer algo que gostasse de verdade. Foi aí que ele próprio sugeriu o curso de Jornalismo, levando em consideração os gostos da filha.

Com um pouco mais de certeza sobre o que gostaria de fazer, Gabi prestou o vestibular da USP e da Unesp em 2015. Não foi aprovada na USP, o que, segundo ela, foi mais um motivo de alívio do que de frustração, e passou na Unesp, seu grande objetivo.  Apesar de ter realizado seu sonho, foi durante o período da faculdade que ela enfrentou seu maior desafio: um transtorno alimentar.

Segundo ela, um dos fatores que provocou o transtorno foi o fato de ela se comparar o tempo inteiro com outras pessoas: “Eu via as pessoas e achava que tinha que ser igual a elas, isso ajudou a piorar o transtorno alimentar”, diz Gabi, que enfrentou um quadro de ortorexia. A ortorexia é um transtorno alimentar pouco conhecido, tanto que até então não foi reconhecido pela Organização Mundial da Saúde, pois  ainda está sendo estudado. A doença se configura quando o indivíduo se auto-impõe uma dieta rígida: “eu não comia uma barrinha de cereal, eu comia meia barrinha de cereal”, explica a estudante. “No café da manhã, no almoço e na janta eu tinha que comer aquelas coisas, então todo dia eu comia as mesmas coisas, e se eu comesse algo diferente ficava meio ‘bitolada’, sempre olhando os rótulos e contando calorias”, diz Gabi, que também apresentou um princípio de anorexia, detectada pela sua nutricionista.

A detecção inicial do transtorno, aliás, foi um processo complicado. “Para mim, estava tudo bem, na minha cabeça eu estava apenas sendo saudável, quem percebeu isso foi minha família”, conta Gabi. Ela também revela que quando sua família a alertou, chegou a pensar que estavam tentando boicotar sua dieta.

Foi somente numa consulta médica rotineira que ela se deu conta do problema pelo qual passava. Quando o médico perguntou se ela se sentia bem, ela respondeu que sim, como de costume, porém sua mãe, que a acompanhava, prontamente disse que não e contou tudo o que acontecia na vida da estudante. A partir do parecer do médico, que a encaminhou para uma nutricionista especializada em transtornos alimentares, ela se deu conta do que enfrentava e iniciou o tratamento.

Ela explica que, além de uma nova dieta, desta vez verdadeiramente saudável, ela teve que mudar alguns hábitos, como o uso de redes sociais: “eu seguia muita gente tóxica, aquelas influencers que parecem ser lindas e maravilhosas”. Desde então, ela tenta seguir pessoas mais naturais, além de pessoas que trazem uma conscientização a respeito dos transtornos alimentares.

Atualmente, ela inclusive trabalha com redes sociais: desde 2018, Gabi faz parte do Social Bauru, um portal de notícias de entretenimento bauruense, para o qual escreve reportagens e grava vídeos para as redes da empresa. Ela conta que se não fosse essa conscientização a respeito do uso das mídias sociais, ela não conseguiria fazer o que faz.

Hoje, as preocupações de Gabi são outras. Prestes a se formar, ela se ocupa em pensar no TCC e em trabalhar. Porém, em meio a tantas preocupações, há um sonho: a garota de Clementina, cidade de cerca de oito mil habitantes, quer viver na maior cidade do país, São Paulo, cidade pela qual é apaixonada.

Redação

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