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O balé visto por baixo

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Bailarina Letícia Belchior / Fonte: Arquivo Pessoal

Desde seu surgimento, o balé esteve ligado à realeza, à arte, grandes teatros e públicos específicos. Até hoje possui essa característica de elitização, tanto em um maior refinamento por quem assiste, quando a uma certa restrição a quem dança. Isso porque não é uma dança muito popular, assim, nem todos podem ter a chance de frequentar aulas ou segui-la como profissão.

Diferente de outras como o Hip Hop ou a zumba, incluída na mensalidade de academias, o balé não é de tão simples acesso. O preço acaba sendo mais elevado e a exigência de acessórios é maior, como roupas, sapatilha, utensílios para cabelo, faixa, meia calça, além de objetos como a barra.

Apesar de vários projetos sociais de aulas gratuitas ou com custo reduzido, ainda existe a falta de estrutura, o qual tem que ser superado pelos alunos. Maria Clara Ressoni Ferreira, de 15 anos, participa de um projeto municipal que oferece aulas gratuitas, mas aponta dificuldades. “As atuais barras de aulas que usamos foram conseguidas através de doações. Viajamos para dançar em outra cidade a próprio custo. A dança reapresenta muita coisa, merecemos mais atenção”, relata.

A acessibilidade e acesso das crianças em termos de valores elevados ou falta de tempo, acaba impossibilitando que os pais possam propiciar isso aos filhos. Mas conforme a bailarina e professora pela CID/ UNESCO, Letícia Belchior, “os pais devem incentivar as crianças a dançarem, assistir as apresentações, aplaudir, ajudar no que precisarem… mais nunca interferir com nenhum professor, principalmente durante as aulas”, aponta.

Os pais possuem papel fundamental de apoio aos filhos, não só de incentivo, mas como suporte nas dificuldades tanto psicológicas quanto físicas. Estas variam de criança para criança e de faixa etária. “Acredito que os menores têm mais dificuldade com a coordenação, o que começam a adquirir também com as aulas. Alguns já apresentam mais dificuldade com a musicalidade. Com a prática vão evoluindo, explica Letícia.

Além das dificuldades a dança pode ajudar as crianças em muitos aspectos, principalmente por ainda estarem em desenvolvimento, aprendendo e criando sua identidade. O qual também é influenciado pelo círculo social que a mesma se insere, bem como as atividades que pratica em sua vida. Isso acaba gerando uma separação ainda maior de classes, criando conceitos como quem dança balé possui mais posses em comparação e quem pratica danças mais populares, tem menos recursos financeiros.

A influência da dança

Apesar dos desafios, através do balé as crianças podem ter mais noções de espaço, conscientização do próprio corpo. “É uma forma de expressão que ajuda a criança a explorar os seus sentimentos e adquirir maior autoconfiança”, explica a professora Letícia.

Maria Clara pratica balé a 4 anos e começou por incentivo clínico. “Comecei a ter alguns problemas de saúde e necessitava de exercício. Fui olhando os esportes, e vi que luta, na época, era muito bruto; outros muito comum, então fui atrás do ballet por indicação de uma amiga”, conta a dançarina.

Além disso ajuda na disciplina, melhora a coordenação motora, corrige a postura, melhora o equilíbrio, noção de espaço, aumenta a concentração, flexibilidade, resistência corporal, ajuda a expressão e a memória, aumenta da autoestima, entre outros pontos positivos apontados pela professora.

As melhoras vão do âmbito físico até mesmo ao social. Maria Clara conta que teve melhora na resistência e força, mas o desenvolvimento foi além. “O medo de expressar algo público era um grande problema para mim e com o ballet consegui tirar esse bloqueio da mente. O ballet necessita de muito companheirismo, se uma dança errado atrapalha as demais, com  isso uma amizade se forma, aprendi a olhar o outro e se colocar no lugar, poder ajudar sempre que necessário”, relata.

Todos os pontos positivos apresentados mostram a importância da dança principalmente às crianças, ainda em fase de desenvolvimento. Desta forma, seria de grande valia social se todos que possuem interesse conseguissem ter acesso.

Produção: Thais Barion
Redação

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