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Como o dólar influencia e afeta as economias

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A cotação da moeda americana bate recorde gerando alterações nos mercados interno e externo

Por Giovana Orsari

Cotação real_dólar

O recorde da cotação do dólar em 2020: US$ 1,00 custa R$ 5,89.  Fotografia: Giovana Orsari.

Frente às instabilidades que o Governo do presidente Jair Bolsonaro, sem partido, vem causando com declarações irônicas e demissões no alto escalão, aliado à Pandemia do COVID-19, a cotação do dólar bateu recorde logo na primeira quinzena de maio deste ano, fechando o pregão do dia 13 à R$5,89. No histórico do ano de 2020, o primeiro dia útil se encerrou com a cotação acima de 4 reais. O aumento continuou nos meses seguintes. No dia 15 de março fechou o pregão à R$ 5,00 reais. O ápice foi atingido durante o pregão do dia 13 de maio com R$ 5,93. Em Junho, a cotação dá indícios que está voltando a casa dos 4 reais quando fecha no dia 8 à R$4,82, contudo, já no fim da mesma semana, a cotação volta a ultrapassar a marca dos 5 reais. Aliado aos fatores políticos nacionais, o cenário internacional contribui com mais índices que provocam a desvalorização da moeda brasileira frente a americana, são eles: fortalecimento da economia estadunidense; a contínua guerra comercial entre Estados Unidos e China; insegurança mundial de uma iminente recessão causada pela pandemia; e, a queda dos preços das commodities. Essas instabilidades têm alto impacto no custo da moeda brasileira pois seu valor é determinado pela lei de oferta e demanda. Por exemplo, quanto mais o Brasil exportar e quanto menos importar, mais dólares serão ofertados no mercado financeiro, gerando a queda do preço da moeda norte-americana.
gráfico de barras na cor amarelo mostarda indicando as cotações do dólar de janeiro a junho de 2020

Cotação do dólar em 2020.  Infografia: Giovana Orsari

Impactos da alta do dólar no cotidiano

1 – Mais competitividade nas exportações
O dólar mais elevado favorece as exportações de produtos nacionais, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), os 10 produtos que o Brasil mais exportou durante 2019, foram: soja, petróleo, minério de ferro, celulose, milho, carne bovina, carne de frango, demais produtos manufaturados, farelo de soja e café. Como o dólar baliza o preço dessas commodities, a desvalorização do real os fazem mais competitivos no mercado internacional, neste cenário o economista Reinaldo Cafeo afirma que “municípios, estados e a própria União podem se beneficiar produzindo mais internamente, gerando empregos ao exportar estes produtos; do ponto de vista econômico de uma maneira geral, o dólar influencia cerca de 15% do Produto Interno Bruto (PIB)”.  De janeiro a dezembro de 2019, de acordo com dados do Comex Stat, o Brasil exportou US$225,383 bilhões e importou US$177,347 bilhões, acarretando um superávit de US$48,035 bilhões na balança comercial brasileira.
2 – Encarecimento do turismo exterior e favorecimento do turismo nacional
O consumidor que opta por fazer viagens ao exterior sentirá os impactos da variação cambial desfavorável nos gastos com passagens aéreas, combustíveis, hotelaria e alimentação, visto que é necessário desembolsar mais moeda brasileira para pagamentos em dólar. Com o cenário internacional mais careiro, o turismo nacional passa a ser uma boa opção. A procura de destinos brasileiros ocasiona o aquecimento de mercados internos das cidades turísticas. Outra opção vantajosa é a de destinos cujas moedas são mais desvalorizadas que a brasileira, como Buenos Aires, na Argentina.
3 – Reajuste de produtos nacionais
Um dos produtos que mais interferem na vida dos brasileiros quando o dólar aumenta de custo é a gasolina, devido ao fato de que o preço do barril é regrado internacionalmente pelo moeda norte-americana. Contudo, devido a diminuição da procura internacional causada pelo isolamento social no período da pandemia causou um cenário de desvalorização do produto para queima de estoque. Os supermercados também não escapam dos impactos, tanto os produtos nacionais, quanto os internacionais têm seus preços alterados. Os produtos brasileiros os quais são produzidos com insumos importados aumentam de valor, como é o caso do pão cuja base é o trigo. Na busca de aumentar suas margens de lucro, os produtores que vendem suas mercadorias no comércio nacional sobem seus preços para compensar o encarecimento dos produtos internacionais. O diretor comercial de uma rede de supermercados do interior paulista, Vanderlei de Almeida, conta que “o valor dos produtos internacionais foi elevado proporcionalmente ao aumento do custo, influenciado pelo câmbio, mas o repasse ao consumidor é feito apenas na chegada das novas remessas com nova cotação da moeda”. Desse modo, a mudança nos preços nas prateleiras dos mercados é notada de forma gradual e proporcional às alterações na cotação da moeda.
4 – Repasse da variação cambial ao consumidor brasileiro e aumento do preço de produtos importados
O setor nacional de produtos eletrônicos também é um setor que sofre com a desvalorização do real, em razão da necessidade de importação de matérias-primas e peças que não são fabricadas no Brasil. O consumidor poderá sentir o peso da moeda desvalorizada se optar comprar produtos que são vendidos fora do país, já que estes estarão mais caros. O setor de cosméticos tem cenário parecido, já que os novos valores de venda serão alterados de acordo com a variação da cotação conforme o dia em que as importações são feitas. Apesar desse desfavorecimento, Gabriela, proprietária de um comércio que trabalha com cosméticos importados na cidade Araras (SP), afirma que “não houve diminuição na procura dos produtos importados devido ao fato de que as clientes não estão mais viajando, e acabam procurando os produtos por aqui mesmo”. Diante desse cenário, é possível perceber o quanto as políticas públicas internas e o cenário internacional afetam a cotação da moeda no mercado financeiro, causando alterações na dinâmica do comércio interno e externo brasileiro. 
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Redação

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