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Da aglomeração às telas de celulares

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Cultura se espalha por novos meios em tempos de isolamento social

Por Anne Hernandes

Lives musicais na quarentena
Segundo a operadora Vivo, o aplicativo Instagram teve um aumento de cerca de 70% na produção de lives em março deste ano, comparado ao mesmo período de 2019 enquanto o Youtube registrou um crescimento de 19%. (Foto: Divulgação/Youtube)

A Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, começou sua grande onda de infecção no fim do ano passado na província de Wuhan, na China, e rapidamente se espalhou pelo mundo.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, em 11 de março de 2020 a doença já havia infectado 118 mil pessoas em 114 nações diferentes, o que fez com que a Organização Mundial da Saúde (OMS) a classificasse como uma pandemia.

Devido a essa facilidade de transmissão do vírus e, consequentemente, sua velocidade de propagação, o isolamento social e práticas de higiene foram recomendados pela OMS como as principais medidas para conter a disseminação da Covid-19 e evitar um colapso do sistema de saúde dos países afetados.

O  isolamento social e o impacto na cultura

Com o isolamento como forma de prevenção ao novo coronavírus, ocasiões que possuem aglomeração de pessoas passaram a ser inviáveis. Isso causou um grande impacto na cultura, principalmente na área musical, já que a maioria desses eventos conta com participação do público.

Assim, casas de show, teatros, estádios e outros lugares que promoviam esse tipo de evento tiveram que ter suas atividades paralisadas fazendo com que shows fossem cancelados ou adiados no Brasil e no mundo.

Somente no Brasil, segundo dados de um levantamento do Data SIM realizado em março, neste ano mais de 8 mil apresentações e shows tiveram seu cancelamento ou adiamento em 21 estados. Entre eles podem ser citados o festival LollaPalooza, Parada LGBT, a Virada Cultural de São Paulo e o Festival João Rock.

Não obstante, eventos grandes do cenário mundial como Coachella, Rock in Rio Lisboa e turnês de cantores e grupos famosos como BTS, Backstreet Boys, The Who, Cher, Avril Lavigne e Madonna também sofreram as consequências da pandemia.

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Em sua conta do Twitter, o festival Coachella (Eua) postou um comunicado falando sobre seu cancelamento devido à pandemia (Foto: Divulgação/Twitter)

Do palco às telas

Devido à impossibilidade da realização de shows presencialmente neste momento, músicos de todo mundo tiveram seu trabalho e sua fonte de renda afetada. Segundo uma carta aberta dos músicos ao Governo Federal escrita em março, o impacto econômico inicial causado pela Covid-19 no setor da música foi um prejuízo de mais de 30 milhões de reais.

Assim, os artistas precisavam de uma forma alternativa de seguir trabalhando nesse período. Dessa forma, surgiu a ideia de realizar eventos musicais por meio de lives, transmissões online que acontecem em plataformas digitais como Facebook, Instagram e Youtube.

Alguns canais tem divulgado esse tipo evento periodicamente, convidando diversos músicos para ocupar o espaço virtual.

Além de propiciar entretenimento para as pessoas nesse momento difícil que vivemos, as lives também foram uma forma de arrecadar fundos e divulgar campanhas de financiamento para músicos. A produtora bauruense Biombo, por exemplo, organizou uma live solidária com mais de 30 artistas, na qual o público podia ajudar doando qualquer valor através de um “chapéu virtual”.

O músico Daniel Cecci, um dos artistas que participou da live, conta que a transmissão  o ajudou a se manter até que o auxílio emergencial chegasse. Além disso, para ele, que vêm realizando apresentações online desde o início de maio, as lives têm sido uma forma de continuar atuando no meio musical.

“Sou músico há quase sete anos, minha renda vem exclusivamente da minha voz e do meu violão então sofri diretamente com a pandemia. As lives têm sido uma forma de absorver esse impacto e de ocupar meu tempo produzindo. Creio que seja a única maneira de nos mantermos conectados, bem ocupados e informados, além de ser fonte de renda e de conteúdo para acalmar os nervos e amenizar sentimentos ruins, diz.

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O cantor Daniel Cecci realiza lives semanais às segundas e quartas-feiras a partir das 19h (Vídeo: Reprodução/Instagram)

Uma nova realidade

As transmissões de música tiveram uma boa recepção do público e rapidamente se tornaram um sucesso. Com essa visibilidade, empresas grandes como Elo, Ambev, Vivo e Casas Bahia começaram a patrocinar eventos online de cantores famosos.

Esse patrocínio, de acordo com a Prof. Dra Lucilene Gonzales que atua na área de Publicidade e Propaganda, se dá porque as marcas viram nas transmissões uma oportunidade de entrar em contato com os consumidores.

“O patrocínio é uma estratégia interessante porque a marca chega até o público onde ele está (dentro de casa), de uma forma não invasiva já que o público não está buscando a marca, e sim aquela atração musical. É uma maneira muito espontânea da marca se inserir na rotina das pessoas que não estão expostas na rua, nos bares e nos eventos. Além de que, participando desse tipo de evento a marca mostra que se preocupa com o público que está confinado em casa e expressa que ela se preocupa com seu bem-estar”, explica.

Com esse apoio financeiro, artistas como Sandy & Junior, Bruno e Marrone, Ivete Sangalo, Nando Reis, Skank e diversos outros começaram a aderir aos shows virtuais, aproveitando também sua influência para realizar campanhas de arrecadação de doações para pessoas afetadas pela Covid-19.

Durante sua live, a dupla Sandy & Junior arrecadou mil toneladas de alimentos e cerca de 2 milhões de reais. (Foto: Reprodução/Youtube)

 A relação com o público

A primeira vista as lives podiam até passar a impressão de impessoalidade devido à distância, no entanto, as transmissões têm trazido uma proximidade entre ídolos e fãs, já que estes eventos alcançam muito mais pessoas do que seria possível em um show presencial.

Além disso, outra face inovadora das transmissões ao vivo é a possibilidade de interação pelos comentários e a sensação de intimidade propiciada pelo fato dos cantores também transmitirem as lives de suas casas.

“O pessoal interage bastante, tenho muitos amigos e familiares que entram pra comentar e assistir. Nos comentários ele fazem pedidos e sugerem músicas, além das brincadeiras. É sempre muito divertido”, diz o cantor Daniel Cecci.

 Vanessa Ribas, que faz parte deste público que acompanha as transmissões online, conta que para ela essa é uma maneira de se distrair e descontrair durante a quarentena. A publicitária já assistiu à mais de 20 lives desde o início da quarentena, contabilizando as transmissões para o público infantil que assistiu com seu filho.

Para mim, as lives são um momento de descontração, de diversão, de aproveitar para cantar e esquecer um pouco da atual situação que estamos vivendo. Na live do Jorge e Mateus, em várias músicas eu e minha irmã fizemos vídeo chamadas pelo whatsapp para cantar juntas. Incluímos pessoas da família pra ficar cantando alto e dançando. Cada um na sua casa e cantando junto! Acabou sendo uma experiência inédita e muito engraçada!”, finaliza.

Lives com números recordistas de acessos demonstram a grande aderência do público à esse tipo de evento.

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Redação

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