Ode à cidade
a Bauru no seu centenário
O verde se evola
no ar
A areia
branca
me foge entre os dedos,
poalha de estrelas
que o céu destila.
Caminhos se bifurcam,
artérias
de um coração multiplicado.
Voo pelas ruas
com os olhos
brilhando de memórias,
Árvores
e casas
e homens
mergulham por mim a dentro.
Os rastros de meus pés
permanecem,
alheios ao tempo
que se escoa.
Os limites se esvaem
da bússola
ou da palma da mão.
Em meu peito
pulsa
o pulmão do universo.
O tempo traz mudanças, nada na vida da cidade é para sempre. O poema de José Carlos Brandão destaca o caráter efêmero da evolução urbana de Bauru e dialoga com as ideias de João do Rio, que em seu A alma encantadora das ruas – que inspira o título desta fotoreportagem – já dizia que a única coisa que persiste após passados os séculos é o amor das ruas.
Da Araújo Leite, primeira via aberta no coração da cidade, à construção do auditório Vitória Régia. Da canalização do Córrego das Flores sob a hoje tão movimentada Avenida Nações Unidas, ao calçadão e pólo comercial da Batista de Carvalho. Dos jardins do Paço Municipal, ao hoje extinto Cine Bauru da Primeiro de Agosto. Os anos se passaram, a modernidade bateu à porta e os horizontes da cidade sem limites se expandiram. A alma das ruas, no entanto, permanece viva.
As fotos antigas utilizadas foram concedidas pelo Museu Histórico de Bauru.