A destinação dos resíduos sólidos ainda é uma incógnita para a população bauruense.
Recentemente, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) anunciou que irá autorizar formalmente o início da destinação de lixo em Bauru numa área de 4 mil metros, anexa ao atual aterro sanitário. A expectativa é de que o local possa ser operado por cerca de um ano. Depois, o município ficará, ao menos temporariamente, sem um terreno público onde possa enterrar os detritos. Por conta disso, a prefeitura municipal já iniciou o processo de licitação para a construção de um aterro privado.
A postura já foi, inclusive, cobrada por alguns vereadores em sessões na câmara. Alguns deles pontuaram que o governo tem de se precaver, pois esta questão do aterro sanitário vêm se arrastando por mais de 4 anos. A preocupação não é em vão. Em meados de mês de maio, já era conhecimento público que a prorrogação do prazo para operar o aterro sanitário terminaria no mês de setembro. Deste modo, a prefeitura promoveu uma licitação de última hora, na qual o custo da destinação do lixo por tonelada passaria de R$68,00 para R$165,00, conforme números divulgados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA).
Segundo a Emdurb, a Prefeitura Municipal de Bauru fará a licitação apenas da destinação do lixo. O transporte até o aterro privado será de inteira responsabilidade da Emdurb, a qual já transporta os resíduos sólidos ao aterro público, que se localiza a cerca de 15 quilômetros da área urbana municipal. A Emdurb informa receber R$ 135,00 por tonelada de lixo coletado.
Mais problemas
Segundo informações da Companhia Ambiental do Estado (CETESB), Bauru produz mais de 300 toneladas de lixo por dia. E apenas pouco mais de 3,5 mil toneladas de resíduos produzidos por mês vão para a reciclagem, ou seja, menos de 2%. Portanto, a população bauruense sofre duplamente: com a ausência de um local apropriado para deposição do lixo e inexistência prática de uma reciclagem eficiente, fato este que pode acarretar graves problemas de saúde pública e degradação do meio ambiente.
Tendo isso em vista, a CETESB exigiu que a Emdurb instale membranas de impermeabilização do solo na área de 4 mil metro antes de iniciar o processo de deposição do lixo. O prazo do uso do aterro atual termina no final do mês. Daqui a um ano, a prefeitura terá de recorrer ao aterro privado, uma vez que a outra área disponível para o aterro (de 50 mil metros quadrados) tem previsão de ser liberada em dois ou três anos.
Possível solução para o chorume
Responsável pela degradação ambiental, a produção de chorume no aterro sanitário poderá ser minimizada. Através de processo biotecnológico, o líquido betumoso será convertido em água de reuso. O estudo foi desenvolvido pelo professor da USP, Manoel Azevedo Santos. Ele obteve aprovação do sistema por parte da EMDURB. Espera-se que seja diminuído em 85% o custo desembolsado pela empresa para a destinação do material, produzido a partir da decomposição do lixo orgânico.
De acordo com o professor Manoel Azevedo, os estudos em torno da tecnologia de redução do chorume consumiram 4 anos de pesquisa. “Valeu a pena todo o gasto envolvido na pesquisa. Como cidadão bauruense, sei como é positivo saber que o chorume será tratado e não comprometerá a saúde dos moradores e do meio ambiente”, pontua.
Atualmente, a Emdurb paga R$ 148,00 por cada metro cúbico de chorume transportado e destinado a estações de tratamento de esgoto para a empresa Monte Azul. A vigência do contrato vai até dezembro e a empresa garante que uma nova licitação está em tramitação. Além disso, uma nova lagoa de chorume será construída no aterro sanitário para ampliar a capacidade de armazenamento do material.
A engenheira da CETESB, Flávia Vasconcellos, informa ter solicitado novas informações à Prefeitura e à EMDURB sobre a área anexa ao aterro sanitário de Bauru, de 4 mil metros quadrados, que aguarda licenciamento para começar a ser utilizada como alternativa para a destinação do lixo produzido pela cidade. “É necessário que haja um planejamento por parte dos órgãos públicos a fim de que o lixo depositado nessa área não contamine o entorno ambiental”, pondera a engenheira. A previsão é de que o atual aterro, que recebe cerca de 300 toneladas de resíduos todos os dias, se esgote até o final de setembro deste ano.
Procurada para esclarecimentos a respeito do andamento da questão do lixo em Bauru, a Prefeitura não se manifestou até o fechamento desta matéria. À população, resta aguardar os novos capítulos da novela “O lixo e Bauru”.