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A roupa que nunca morre

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A busca pela sustentabilidade apresenta alternativas para a indústria da moda

Por Gabriele Alves, Gabriela Arroyo e Marília Munhoz

Estudiosos de moda, como o historiador inglês James Laver em “A roupa e a moda: uma história concisa”, apontam que no Período Paleolítico (conhecido como Período da Pedra Lascada, que vai de 2 milhões a.C. até 10 mil a.C) a roupa tinha como função principal cobrir o corpo humano e protegê-lo do frio. Entretanto, nota-se que, desde esse momento, as vestimentas já apresentavam detalhes que as diferenciavam uma da outra.

Saltando para as civilizações antigas, por volta de 4 mil a.C., observa-se que elas se formaram em regiões tropicais localizadas próximos aos rios Eufrates, Nilo e Indo, de modo que utilizar roupa não estava mais associado à necessidade de proteção térmica. Sobre esse ponto da história da moda, foram levantadas duas possíveis razões sobre se vestir: por pudor ou para se exibir. Pesquisadores como Laver pendem mais para a necessidade da roupa como exibição, demonstrando status, classe social, poder, etc.

Da Idade Média até o século XIX, preocupar-se com a vestimenta era algo que cabia à nobreza, às famílias reais e a alguns burgueses. Nesse momento, a roupa já havia perdido o aspecto sacro que a circundava cumprindo o papel de demarcar as diferenças de classes. Com a Revolução Industrial, no século XX, tornou-se possível a reprodução em grande escala, de modo que a chamada cultura de massa buscava copiar e disseminar os padrões estéticos daquilo que era considerado alta-costura.

Na contemporaneidade, a chamada indústria da moda se divide em quatro níveis: alta-costura, alta moda, prêt-à-porter e indústria da cópia. A alta-costura data a segunda metade do século XIX, “sendo um sistema protecionista de criação […] servindo como elemento fundamental para essa dinâmica de diferenciação entre classes sociais, na qual o que vale não é o berço nem o nome, mas a aparência e as relações sociais” esclarece Suzana Avelar na obra “Moda Globalização e novas tecnologias”.

A alta moda se volta para as criações de luxo exclusivas e sob medida que, diferentemente da alta-costura que tem raízes francesas, apresenta origem na moda italiana. Já o prêt-à-porter que, apesar do nome francês, tem origem nos Estados Unidos, significa “pronto para vestir”. Por não ser uma peça feita sob medida e fazer referência às roupas criadas considerando a cadeia têxtil, tal produção volta-se para o ‘espírito’ daquele que utilizará a roupa e não à sua classe social. Na atualidade, considera-se prêt-à-porter os novos criadores cujas marcas “ainda estão se firmando no mercado e que se diferenciam da indústria da cópia justamente por não copiarem de outras marcas”, esclarece Suzana Avelar. Assim, percebe-se que a indústria da cópia é aquela que, com a Revolução Industrial e o desenvolvimento tecnológico, mecanizaram a produção e padronizaram as peças, copiando os conceitos da alta-costura e não criando os próprios.

No cenário atual, dominado pela globalização e pela indústria da cópia, observa-se o chamado glocalismo. Como explica Suzana Avelar, “algumas marcas, ao chegarem a determinado país, enfrentam grande dificuldade em vender seus produtos, muitas vezes porque a modelagem da roupa não condiz com a cultura do lugar”. Assim, o glocalismo busca pela sobrevivência da indústria capitalista por meio da hibridação cultural.

Como uma alternativa a essa moda globalizada e padronizada, surge o conceito de moda sustentável que é assim denominada não apenas por não agredir diretamente o meio ambiente na extração da matéria prima e no descarte do produto final, mas por levar em consideração todo o processo produtivo, o que inclui também a remuneração do trabalho daquele que confecciona a peça e a questão da identidade local.

Para a pós doutora em design contemporâneo e membro fundadora da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Moda (ABEPEM),  Mônica Moura, não existe no Brasil “um trabalho com a moda sustentável no seu complexo todo, o que se tem são algumas ações de pessoas que trabalham com o retraço da moda. Retraço é quando um tecido é recortado e ficam alguns retalhos, ou seja, é aquilo que sobra. Esses retalhos são reaproveitados para outros tipos de confecção, como para produzir um novo tecido. Existem uns bancos sociais no país que coletam essas sobras”, explica ela. Assim, existe o reaproveitamento do que iria se tornar lixo.

Outro exemplo de ação que visa a sustentabilidade são os chamados Fab Lab, abreviação de laboratório de fabricação, espaço em que as pessoas realizam projetos de forma colaborativa, como modelar as próprias vestimentas.

Mônica explica que nos dias de hoje há “muitas marcas utilizando do marketing do eco e do eco fashion, mas nem sempre atendem os princípios sustentáveis em todos os quesitos, ou seja, não praticam o sustentável de forma real”. Tal sustentabilidade real envolve todo o processo produtivo e também uma mudança no comportamento de quem compra, abrangendo o ambiental, o social e, inclusive, as políticas públicas.

Reformar roupas, comprar e vendê-las em brechós e transformá-las são opções que prezam pela vida útil do material extraído da natureza, pela otimização de recursos na produção, no transporte e na distribuição e, também, pelo aquecimento econômico local – características que vão de encontro à dinâmica da indústria da cópia. A seguir, entenda como essas três opções ajudam a indústria da moda a ser um pouco mais sustentável , ou  menos exploradora dos recursos materiais e humanos.

Customização? Melhor chamar de reforma!

Customizar uma peça é modificá-la, buscando transmitir a ela a identidade de quem a modifica. Porém, segundo a pesquisadora Mônica Moura, tal prática não é necessariamente sustentável. Isso porque, “você pode modificar a peça original com um item altamente industrial, como é o caso das tachinhas metálicas, material que não está atrelado a uma produção sustentável”, esclarece.

Assim, se a intenção é repaginar uma roupa e prolongar sua vida útil, prezando ambientalmente e socialmente por seu aspecto sustentável, é necessário se atentar aos materiais que serão utilizados e em como essa intervenção será feita. Por isso, melhor chamar de reforma! Que tal tirar do armário aquela calça que não usa faz um tempão e fazer dela uma bermuda para enfrentar o calor de 40 graus que faz por aqui no verão? Ou ainda cortar aquele vestido, que agora já está fora de moda, e aproveitar a onda de conjuntinhos com um cropped e uma saia de cintura alta? Reformar é formar novamente – dessa vez com um toque mais que especial: o seu.

Reformar as roupas também pode estar intimamente ligada ao aquecimento da economia local. Sério? Pois é! Ao levar uma calça para ajustar a perna, fazer a barra ou trocar o zíper, você está tornando possível o negócio de quem presta esse serviço. Para Fátima Passeto de Oliveira, sócio-proprietária da Oficina de Costura Stilos, microempresa que faz consertos e reformas de roupas, ao optar por reformar uma peça e não por ir comprar outra (que muito provavelmente foi produzida pela indústria da cópia globalizada), a pessoa está estimulando as empresas da sua região a continuarem empregando os trabalhadores locais, que também investirão localmente parte do dinheiro recebido e isso fortalece a economia da cidade.

“Nosso segmento é o concerto, então, para nós, tudo o que o cliente procura a respeito da reforma de roupa é viável, por isso, fazemos tudo para mantê-lo aqui”, esclarece Fátima, que diz observar um aumento na procura por reformas de roupas nos últimos anos. “As pessoas hoje estão fazendo muito cerzidos em roupas antigas, antes elas simplesmente jogavam fora”, revela. O motivo dessa mudança no comportamento em relação à indústria da moda pode estar relacionada ao cenário econômico ou à consciência de que os recursos naturais são finitos. Independente de qual for o motivo, esses são caminhos que levam para a sustentabilidade real.

Brechós: de um guarda-roupa a outro

A crise na economia brasileira chegou trazendo prejuízos em diversos setores, mas quem fechou o balanço em azul foram os brechós. Com o conceito mudando e sendo alternativa econômica na hora das compras, o comércio de peças novas e seminovas cresceu 210% nos últimos cinco anos, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, o Sebrae.

Das salinhas comerciais aos grandes estabelecimentos e lojinhas virtuais, o negócio vem ganhando proporções e a qualidade aumentando. O modelo de comércio que antes era visto com preconceito, caiu no gosto de todos os públicos e de todas as classes sociais, por possibilitar ao consumidor uma economia de até 80% se comparado a produtos novos.

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A variedade de peças em um brechó vai desde roupas e acessórios a sapatos e bolsas.  Foto: Marília Munhoz | 2017.

Embora o conceito de brechó seja o mesmo para todo o ramo, já que significa a venda de peças usadas por um preço acessível, é na especialidade e segmentação do ramo que está o diferencial do estabelecimento. Há brechós sustentáveis, especializados em grifes nacionais e internacionais, plus size, infantil, masculino, calçados, acessórios, roupas esportivas e até brinquedos.

  Outro fator que tem alavancado as vendas de peças é a expansão da temática de sustentabilidade, pois o mercado da moda polui com resíduos químicos nas lavagens do jeans, além de usar muita energia e água. O consumismo exacerbado e de produção em larga escala também são problemas que estimulam a  existência da causa sustentável.

A jornalista Liliane de Lucena Ito contribui com a prática de sustentabilidade restaurando peças que encolheram com a lavagem, além de praticar a customização das roupas, como o vestido que vira blusa, por exemplo.

Pensando nisso, Luciana Rodrigues de Menezes, proprietária do XEPA Brechó e Sustentabilidade, em Jaú, utiliza o lema “reduza, reutilize e recicle” nos negócios.  “Além de adquirir uma peça que pode ser reaproveitada, também ajudamos algumas instituições. Garimpo peças bem legais em bazares beneficentes e também tem as peças que as minhas clientes se desapegam e que podem ter uma nova utilidade”, explica Menezes.

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Luciana Rodrigues de Menezes, proprietária do XEPA Brechó e Sustentabilidade. Foto: Marília Munhoz | 2017.


Por ser ávida frequentadora de brechós em São Paulo, onde morava antes de se mudar para Jaú, Luciana viu diferença na cultura e no conceito desse mercado no interior do estado. A conservação, limpeza e organização das peças era muito inferior. Então, ao observar esses aspectos, pensou na possibilidade de iniciar o seguimento de forma mais organizada em Jaú (SP), se pautando no que via na capital.

“Nas grandes cidades como São Paulo, Rio, Curitiba, a cultura do brechó é muito forte. Meu objetivo é tentar mudar o pensamento do pessoal em relação ao que é o brechó. Aqui se encontra peça nova também, com etiqueta, mas ela já passou por uma loja ou a pessoa usou, não trocou a peça ou a própria loja repassa para os bazares em troca de coleção. Conhecemos a procedência das roupas, além de contribuir com o meio ambiente. Temos que ter atenção ao que consumimos, senão contribuímos com a deterioração do meio ambiente e trabalho escravo”, comenta Luciana.

O novo conceito de brechó valoriza o estado de conservação do item além da variedade de estilos que agradam diferentes públicos independente da moda. Esses aspectos são importantes já que a procura aumentou em grande parte por causa da crise e em alternativa aos altos preços de peças novas. O consumidor busca itens de qualidade, com preços acessíveis e são incentivados a praticar o desapego, reutilizando e reciclando o próprio guarda-roupa.

O valor das peças depende muito da marca, do cuidado e da qualidade.  Os valores são estipulados depois de avaliados esses critérios. “Não consigo trabalhar com valor tão baixo, dois, três reais, pois todas as roupas passam por processo de higienização, são reparadas se necessário. É preciso ter cuidado para poder colocar na arara uma peça legal” comenta Luciana sobre sua experiência na área, que vem se expandindo por meio das redes sociais como Facebook e Instagram, numa aproximação da marca com o público, promovendo vendas para todo o Brasil.

Em consonância se encontram os colaboradores que mantém os estoques dos brechós alimentados. Liliane de Lucena Lito, que vendeu roupas para um brechó pela primeira vez recentemente, vê o conceito de compartilhamento de peças “como um mercado que o Brasil começa a valorizar agora, mas que já é hype há tempos na Europa, por exemplo. Acho bacana porque também tem o lado da sustentabilidade – não consumir tanto, de maneira irracional” explica.

  Antes de vender as peças, Liliane pesquisou brechós no Facebook e achou positivo o esquema de avaliação das roupas. Praticou o desapego em peças que não usava por não se identificar mais com elas. “Tinha um armário cheio de peças que já não usava. Eu também faço muitas doações, mas soube de um brechó descolado em Bauru e fui conferir. Gostei e fiz minha primeira venda, foram cinco peças. Acabei comprando peças de lá também, com o valor que recebi”, conclui. A experiência com a venda de roupas foi positiva para Liliane que continuará doando pela importância que o ato tem para ela, segundo afirma.

  Do outro lado estão os consumidores, como Vanessa Minetto Martins, funcionária pública que garimpa peças em brechós a cada dois ou três meses. Ela conta que, às vezes, opta pelos estabelecimentos, pois costuma encontrar e comprar roupas e sapatos muito novos, com preço acessível e de boa qualidade. Além disso, “as pessoas que costumam atender nesses lugares não ‘pressionam’ os clientes para que eles comprem a todo custo”, adiciona Martins.

  A importância do mercado para os consumidores vem crescendo junto com a alternativa de comprar peças novas e seminovas com preços mais acessíveis do que em lojas tradicionais. Vanessa afirma ser importante vender roupas usadas pelo caráter de reciclagem que o ato propõe, afinal a reutilização pode ser aplicada em diversos contextos e a diversos produtos. Ela comenta que “muitas vezes adquirimos uma roupa e usamos muito pouco porque não nos agrada tanto quanto agradou no momento em que compramos. Sendo assim, essa peça pode satisfazer outra pessoa. Pode ser algo que ela estava procurando”.

 Além do conceito sustentável que permeia os itens de brechó, está o caminho que os mesmos fazem de um dono para outro no sentido de construção de história. “É interessante refletir sobre as pessoas que usaram as peças antes de você e por quais lugares elas passaram. É como se a roupa fizesse parte da história de alguém e trouxesse um pouco disso para você” reflete Vanessa.

Transformação: velhas roupas, novos objetos

Enquanto os brechós unem as pontas da sustentabilidade e do lucro e a customização das roupas amplifica essa ideia, prolongando a vida útil das peças por meio da reforma, com a transformação de roupas em novos utensílios isso não é diferente. Não existe um nome específico para designar essa prática, no entanto, ela está alinhada com um dos principais nichos da moda com foco em sustentabilidade.

De acordo com o Sebrae, os quatro nichos principais da moda sustentável são: a produção de peças a partir do uso de fibras naturais ou de tecidos alternativos como garrafas pet e fibras de bambu; o reaproveitamento de tecidos que são descartados, como o couro ou materiais sintéticos eliminados pela indústria; a fabricação de ecojoias ou biojoiais que são acessórios feitos com matéria-prima reciclada e, por último; o nicho das ecobags, bolsas feitas com materiais sustentáveis. Para saber mais sobre os nichos da moda clique aqui.

Quando consideramos a prática da transformação de peças de roupas em novos produtos, ela está alinhada com o nicho do ‘reaproveitamento ou reutilização de peças’, a fim de impactar menos o meio ambiente, além de usar como sua matéria-prima, exclusivamente, aquelas roupas que não são mais úteis. Entre alguns exemplos dessa transformação estão: o bolso da calça jeans que se torna porta celular, a camiseta que vira uma bolsa; a blusa que se torna roupinha de cachorro, além da calça jeans que vira capa de almofada, entre outros.

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Calça jeans estabelece um design diferente às capas de almofadas. Foto: Reprodução |artesanato.culturamix.com.


No Brasil, a transformação de peças se mantém em constante ascensão e configura um diferencial para a sustentabilidade da moda. Isso acontece, porque ao transformar as peças de roupas em novos produtos, elas passam a apresentar um design ousado e prático, ressaltando a utilidade daquele novo item. “O povo brasileiro é muito conhecido lá fora por sua criatividade e na sustentabilidade precisamos de muita criatividade”, comenta Micheli Hoffmann, designer de moda e técnica em meio ambiente.
 
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Porta celular feito a partir de bolso de calça jeans é inovador quando comparado às tradicionais capinhas de celulares. Foto: Reprodução|blogelo7.com.


 

No entanto, Micheli destaca que o Brasil ao mesmo tempo em que tem essa competência criativa, tem uma carência pela profissionalização dessa área. “Creio que os cursos não estão preparados ainda para capacitar com foco na sustentabilidade. São poucos e raros aqueles que estão incluindo disciplinas com enfoque nesse assunto. Mas já encontramos alguns sim, que estão procurando melhorar nesse aspecto, por exemplo, o Senai Cetiqt (Centro de Tecnologia da  Indústria Química e Têxtil, do Rio de Janeiro)”, afirma a design. Entre outras carências da indústria da moda estão ainda as práticas do ramo têxtil, que está entre os mais poluentes. “Já busquei muito encontrar empresas fabricantes de tecidos que tenham a preocupação em produzir algo com menor impacto ambiental. Mas ainda temos poucas opções de tecidos, variedades fracas para um estilista trabalhar. Ficamos muito entre o tecido feito de pet reciclado e o algodão orgânico”, acrescenta Micheli.

Segundo o estudo “Moda e Consumo Sustentável” da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, “o fim da vida útil do produto se dá quando os custos de manutenção e reparo são considerados muito altos em relação ao descarte e compra de um substituto”. O estudo ainda apresenta que as razões mais comuns para o descarte são: a justificativa do cansaço em usar a roupa, associada ao ‘querer algo novo’ e os erros de compra. Além desses, estão a possibilidade da peça ter sido um presente ou ter defeitos de modelagem, por exemplo.

Dessa forma, pensar na prática de transformação se torna muito vantajoso, tendo em vista que até o produto atingir o fim de sua vida útil, mesmo dependendo do material que o compõe, decorre um tempo mais longo e, por isso, transformá-lo assim que se pretende descartar é uma saída.

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Qualquer peça de roupa serve como matéria prima para criação de um novo utensílio ou objeto. Descartar para o lixo passa a ser uma opção inviável quando se pode contar com a transformação das roupas. Foto: Gabriele Alves | 2017.

O reaproveitamento: exemplo a ser seguido

Alguns projetos brasileiros se comprometem em transformar roupas em novos produtos, poupando-as do descarte. Um exemplo é o projeto cultural ‘Bantu’, em Pernambuco, que começou com intuito de formar jovens para o mercado de trabalho a partir da confecção de joias sustentáveis. Ao longo do tempo, o projeto desenvolveu uma ação chamada “Bantu Mulher” que passou a receber uniformes da aeronáutica que seriam descartados e a transformá-los em novas peças. Não só novas peças de roupas como saias, jaquetas e jardineiras, mas também outros acessórios como mochilas.

O projeto ‘Retalhar’, em São Paulo, aponta também novos destinos para as roupas que são descartadas. Os membros recolhem e recebem restos de tecidos e recriam novos produtos como bolsas multiusos a partir de uniformes velhos, por exemplo. Trata-se de um negócio social que se preocupa com as causas da sustentabilidade e a redução dos impactos ambientais dos tecidos.

Outro projeto que reaproveita roupas é o ‘Meias do bem’ desenvolvido pela marca de meia ‘Puket’. Com objetivo de transformar meias doadas em cobertores para moradores de rua, as pessoas doam meias nos pontos de recolhimento e essas são encaminhadas para transformação. Instituições de caridade, centros de apoio e hospitais também são beneficiados pelos novos itens.

Iniciativa que dá certo

Sobre essa intenção de transformar roupas em novos objetos, a designer  Micheli que é também professora de moda e criadora do blog ‘Moda Ecológica’, conta que reutiliza muitas peças de roupas, adaptando e transformando. “Adoro fazer isso, não preciso jogar a roupa no lixo e acabo ficando com uma peça com a cara totalmente nova e diferente”.

Recentemente, ela transformou uma camiseta que não usava mais em uma bolsa e contou como foi o processo. “Sou professora de moda e  tenho um projeto onde dou aula para crianças, sempre com enfoque na sustentabilidade e na moda.  Foi desenvolvendo as aulas para este ano que fiz a bolsa a partir da camiseta. Peguei realmente uma camiseta que eu não usava mais, porém adorava a estampa, e encontrei na internet como fazer essa transformação que, inclusive, não tem costura, se tornando mais fácil ainda de confeccionar”.

Um dos responsáveis pelo aumento exacerbado do fluxo de roupas e tecidos em geral, bem como pela necessidade de seu descarte é o consumo. Sobre ele, Micheli finaliza: “Acho que o importante é reutilizar e reciclar, mas antes de tudo repensar o consumo e reduzi-lo”.

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Modelo usado pela Micheli para modificar sua camiseta e transformá-la em bolsa. Foto: Reprodução | crafthubs.com.


 
 
 

Redação

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