Comodidade ou liberdade? Descubra os prós e os contras da organização de viagens por agências ou de planejamento próprio.
Por Michelle Albuquerque e Érika Turci
As pessoas que viajam estão em busca de alguma coisa. Pode ser para aproveitar as férias do trabalho, da escola, da faculdade, conhecer novas pessoas, se conhecer, aprender um novo idioma, uma nova cultura, fazer trabalho voluntário, entre outros. É cada vez mais fácil encontrar passagens, hospedagens e passeios a preços acessíveis, sem perder a qualidade da experiência.
Escolher o destino para as empreitadas é algo extremamente pessoal, geralmente ligada ao impulso de buscar realização pessoal e profissional. A bauruense Patrícia Matiello, 31 anos, é Técnica em Segurança do Trabalho e aproveitou as férias do emprego para fazer sua primeira viagem internacional em 2012. Ela escolheu o Chile como destino e organizou a sua própria viagem, atraída pela história e cultura do país: “Como eu não havia me programado muito para guardar dinheiro, vi que se eu montasse meu roteiro sairia mais em conta, desde então eu tomei gosto e dedico pelo menos 5 horas da minha semana pesquisando os meus próximos roteiros”.
O ponto essencial para fazer uma viagem é o planejamento, que pode ser feito por conta própria ou através de uma agência de turismo ou intercâmbio. Tudo vai depender do perfil do viajante, de suas prioridades, e claro, no quanto pode ou está disposto a gastar. E hoje, existem aplicativos e sites que buscam pesquisam os preços de passagens aéreas, hotéis, blogs que indicam roteiros alternativos, que facilitam para quem está em busca de organizar sua própria viagem.
Quem planeja sua própria viagem fica mais livre para escolher o roteiro, a acomodação, datas e horários mais flexíveis e, também, consegue economizar bastante. Mas é preciso estar ciente que é você que irá correr atrás de tudo. Quem opta por viajar por uma agência, busca segurança e comodidade. Izabella Pietro, já viajou com agência para Orlando e para Porto Seguro e teve as suas expectativas atendidas. Ana Beatriz Frozoni também viajou para Porto Seguro com agência e, apesar ter ficado satisfeita e não precisar se preocupar com nada, prefere organizar sua própria viagem: “A liberdade da escolha do roteiro ainda prevalece pra mim e em agência isso não acontece” complementa.
Patrícia Matiello também reconhece que ter tudo pronto é mais confortável, mas pontua que já teve um desconforto viajando com o serviço: “Não tive nenhum problema mais sério. Acho que a hospedagem peca um pouco. Eles mostram fotos de hotéis bacanas, e quando você chega lá não são tudo aquilo que demonstravam. É óbvio que é muito mais confortável você dizer onde quer ir e alguém te entregar tudo prontinho. Dá uma certa segurança principalmente em viagem internacional, saber que quando chegar no aeroporto terá alguém pra te receber… mas tudo tem seu preço, né!?” finaliza.
Simone Salles, 26, é turismóloga formada pela UFOP e consultora de vendas na Egali Intercâmbio. A empresa tem mais de 100 unidades pelo Brasil e em diversos países, oferece cursos de línguas para adultos, crianças e trabalho com cursos no exterior. A turismóloga explica que o perfil do intercambista é levado em conta para organizar um intercâmbio por parte da agência: “Levamos em consideração: destino (se precisa de visto ou não e se a pessoa se enquadra nas exigências do visto, caso o destino peça), idade, nível de inglês, valor do investimento, duração e data de embarque”.
Outros quesitos são essenciais, como tipo de acomodação pretendida, localização, valor e estrutura e a escola de destino, de acordo com valor e objetivo do estudante. “Com esses dados, é possível organizar um intercâmbio com segurança e responsabilidade” ressalta Simone e lembra que a antecedência é a melhor aliada para um planejamento de qualidade. Assim é possível conseguir, desde melhores acomodações até melhores preços aos clientes.
Outra opção é organizar a viagem por conta própria, sem o auxílio de uma agência de viagens. Para quem planeja pela primeira vez, recorrer ao auxílio de profissionais é uma garantia de que nada sairá fora do planejado e significa ter um lugar para confiar, enquanto conhece um local completamente diferente. Mas, cada vez mais viajantes – de primeira viagem ou não – buscam economia e flexibilidade em seus novos destinos.
Até cerca de 15 anos atrás, quando a presença de internet e tecnologia era menor, o cenário era bem diferente e não era tão simples organizar por conta própria. Era preciso recorrer a quem já havia viajado para o destino pretendido, guias impressos e programas televisivos. Não era simples fazer comparações e descobrir se um hotel era bom ou ruim. Com a internet, realizar pesquisas e descobrir tudo sobre o seu destino tornou-se extremamente acessível.
Segundo Izabella, as vantagens de se organizar a própria viagem são inúmeras, se comparadas a viajar com agências e ela destaca dois pontos: a economia e a liberdade. Pois, quando a própria pessoa faz a cotação de valores e promoções em todos os setores necessários (hotéis, passagens, transporte, cotação da moeda estrangeira, etc), ela busca exatamente o que cabe em seu orçamento.
Um exemplo, é a viagem de Patrícia para o Peru em que a economia foi de, praticamente, 50% nos gastos: “Cotei em uma agência 7 dias no Peru, incluindo as cidades de Lima, Cusco e Macchu Picchu e saiu por R$12.600,00. Fui por conta e por R$6.500,00, fiquei 19 dias e conheci, praticamente, o país inteiro. Visitei quase todos os pontos turísticos mais importantes, do Norte ao Sul do país” explica.
É preciso lembrar que organizar sozinho exige o dobro de atenção em cada detalhe, para que nada saia dos trilhos durante a viagem. Izabella adverte para o fato de que não é tão simples quanto parece: “Dá muito trabalho, requer dedicação e tempo, e se alguma coisa der errado no seu planejamento, você precisa assumir a culpa (afinal, você que é o responsável pela organização).”. Você é humano e problemas podem, e sem dúvidas, irão acontecer. É preciso estar preparado.
Entre as barreiras mais comuns para visitar o destino dos seus sonhos, o idioma é o primeiro lugar e a burocracia com relação a documentação, o segundo. Para a bauruense Patrícia, um dos motivos principais de ter escolhido países da América do Sul foram dificuldades menores com a documentação: “Com um simples RG, com data de expedição abaixo de 10 anos, é possível viajar por toda a América do Sul. Outro ponto é que o idioma é de fácil compreensão, qualquer leigo consegue ‘se virar’ nestes países.” Outra questão, para quem depende da internet, são lugares pouco explorados que contam com informações escassas na rede, como a Eslovênia, por exemplo, destaca Ana Beatriz.
É necessário estar atento para os fatores físicos. Na preparação, busque conhecer o clima do local no período de sua ida. É um detalhe, que a primeira vista parece irrelevante, mas evita situações como a de Izabella, em que a principal barreira em sua viagem para a Europa foi o frio: “Por ser primavera, acreditei que estaria mais calor e não levei roupas suficientes. O frio não é igual ao do Brasil e nem a estação, já que pegamos a temperatura de 2°C em boa parte da viagem.” Outro questão física importante é o fuso-horário, que para ela, a diferença de 5 horas para o Brasil, a deixou um pouco confusa no começo da viagem.
Para todas as experiências novas na vida, existem os prós e contras. Para quem quer viajar sozinho, a preparação requer uma dose extra de atenção. Izabella aponta que o essencial para organizar uma viagem, com uma margem mínima de erro, é planejar: “Pesquise muito antes de decidir qualquer coisa. Não compre nada antes de procurar bem, não pague o primeiro preço que aparecer e se informe sobre onde está indo. Não vá sem planejar todos os detalhes!”.
Para Ana Beatriz, estar antenada sobre o local e preparada para as adversidades é essencial: “Faça o download de todos os aplicativos no smartphone que pretende usar e o mais importante de tudo: estude o lugar. Veja as últimas notícias sobre o país que está indo.” Já o cuidado com a saúde e segurança fazem toda a diferença para Patrícia, como fazer um Seguro Viagem, para garantir auxílio médio em caso de necessidade, e controle de vacinação para o país de destino (ou o retorno para o Brasil).
“Pesquise muito em blogs confiáveis, é legal ler os comentários que a galera que já visitou o país que quer ir deixam nos blogs e sites de hostels, ajuda demais! Leia se o país tem um índice muito alto de violência, dedique um bom tempo da sua semana em busca dessas informações e vá compilando tudo num roteiro caseiro” finaliza a técnica em segurança do trabalho.
1 – Tripadvisor: site com avaliações sobre hotéis, voôs, restaurantes, destinos.
Acesse em: www.tripadvisor.com.br
2 – Dubbi: rede social para as pessoas compartilharem suas experiências e dicas de viagens.
Acesse em: www.dubbi.com.br
3 – Google Tradutor: serviço gratuito que traduz instantaneamente palavras, frases e páginas da Web entre o inglês e mais de 100 outros idiomas.
Acesse em: translate.google.com.br
4 – Decolar.com: site que busca passagens aéreas mais baratas.
Acesse em: www.decolar.com
5 – Trivago: site que busca e compara preços de hotel no mundo todo.
Acesse em: www.trivago.com.br
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