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Alta do dólar movimenta o turismo nacional

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Brasileiros trocam as viagens ao exterior pelas nacionais e contribuem para o desenvolvimento do turismo no país

Por Camila Valente, Giovanna Cornelio e Laís Bianquini

O cenário de crise econômica nacional e alta do dólar fez com que os brasileiros economizassem na hora de planejar as viagens de fim de ano, férias e carnaval. A alternativa que muitos encontraram foi optar por destinos nacionais. Segundo dados do Estudo Sondagem do Consumidor – Intenção de Viagem, do Ministério do Turismo, 9 em cada 10 brasileiros deverão escolher destinos nacionais para as próximas viagens, incluindo as férias de verão e o carnaval.

Um levantamento realizado no último mês de agosto revelou que os gastos dos brasileiros com viagem ao exterior caíram 46,26% em comparação com mesmo período do ano anterior. Conforme apontam os dados do Banco Central (BC), em 2015 os brasileiros gastaram US$ 1,263 bilhão no exterior, enquanto em 2014 foram deixados US$ 2,350 bilhões em outras terras. Na soma dos oito primeiros meses de 2015, a queda foi de 25,13%. As despesas somaram US$ 12,879 bilhões, contra os US$ 17,201 bilhões de 2014. Os dados do mês de outubro também apresentam queda. Foi gasto U$ 1,002 bilhão em 2015, queda de 53% em relação a 2014. Na soma anual a queda foi de 30%. O gasto líquido até outubro de 2015 estava em US$ 15,141 bilhões, enquanto no ano anterior estava na cifra de US$21,695 bilhões.

Para Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC, a alta do dólar impacta diretamente os gastos com viagens. “De forma geral, acredito que o brasileiro viajará menos ao exterior tendo em vista o encarecimento de passagens áreas e das despesas de forma geral”, disse. Com a diminuição das viagens internacionais, acredita-se que o turismo doméstico será impulsionado. Segundo Enrico Fermi, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, “há tendência de migrarem para o turismo interno. Na cidade de Natal, tivemos aumento de 14% na ocupação em relação a outros anos”, exemplifica. A expectativa é que 70 milhões de pessoas conheçam os pontos turísticos nacionais.

Fermi também observa que a valorização do dólar torna o Brasil um lugar atraente para os turistas estrangeiros, contudo, a situação financeira do país não favorece o recebimentos de turistas. “O poder de compra dele aumenta. Mas a carga tributária alta impede que o Brasil ofereça preços mais baratos. Hoje, o Caribe tem os melhores preços [para estrangeiros]”, informou.

De acordo com a pesquisa do ministério, diversos fatores contribuem para o aumento do turismo interno. A alta do dólar, a visibilidade da Copa do Mundo em 2014 e os investimentos nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, que será realizada a partir de junho de 2016, são alguns dos motivos. A Copa do Mundo foi de grande importância para colocar o Brasil em evidência, inclusive entre os brasileiros. De acordo com pesquisa do Ministério do Turismo, entre os turistas que manifestaram intenção de viajar nos seis meses após o evento, a maioria (72,4%) escolheu um destino interno. Em maio do ano passado, 69,6% manifestaram intenção de viajar pelo país. A pesquisa foi feita com duas mil pessoas em sete capitais do país, todas sedes do Mundial. As capitais representam 70% do fluxo de turistas do país.

Quando o assunto são visitantes de fora, os gastos de turistas estrangeiros em viagem no Brasil chegaram a US$ 797 milhões, em junho, e a R$ 3,647 bilhões, no primeiro semestre, de acordo com o Banco Central (BC). Estes resultados são os maiores da série histórica do BC, iniciada em 1947.

O aumento do turismo interno pode não ser recebido de maneira favorável, por despreparo e investimentos insuficientes no setor. Em 2014, o Brasil recebeu 6,4 milhões de estrangeiros, marco histórico que representou crescimento de 10,6% em relação ao ano anterior. A Copa do Mundo foi o principal responsável pelo aumento no número de turistas e o país continua no cenário internacional por conta do próximo evento a ser realizado, os Jogos Olímpicos 2016. Segundo Henrique Alves, ministro do turismo, “os números mostram que a Copa do Mundo foi um grande negócio para o turismo. Agora o desafio é garantir condições para o setor crescer de forma continuada”. Desafio, porque o país conta com pouco investimento para receber turistas, sejam internacionais ou brasileiros. “O dinheiro que temos para promover o Brasil no exterior é pouco. Após a Copa do Mundo devíamos ter aproveitado para fazer um marketing pesado, mas não houve verba para isso”, comenta Edmar Bull, vice-presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem de São Paulo (Abav-SP).

Não somente a escassez de recursos financeiros é um problema para o turismo brasileiro. A falta de consciência ambiental prejudica a natureza desde que a atividade começou a se intensificar no país, a partir da segunda metade do século XX. O Guarujá, cidade localizada no litoral sul do estado de São Paulo, começou sua história em 1502, com o nome de Ilha de Santo Amaro, e foi uma pequena vila balneária até meados de 1950, quando os primeiros movimentos de turismo em massa começaram a surgir na cidade. Devido a sua proximidade com a capital paulista, a cidade passou a receber um grande fluxo de pessoas durante o ano todo, mas principalmente em períodos de feriados e férias. Após 66 anos, a região, que antes era totalmente coberta por Mata Atlântica, sofreu muito com a especulação imobiliária, que tomou conta da cidade e fez com que os caiçaras (antigos moradores) fossem para longe das praias. Isto sem contar a quantidade de lixo gerado, que contribui a cada dia mais para a poluição das praias e do oceano. Segundo a imprensa do Guarujá Convention & Visitors Bureau, cerca de 2,5 milhões de pessoas deverão passar pela cidade na temporada de verão de 2016.

Com políticas públicas locais incipientes não é possível para o país comportar o intenso fluxo de pessoas. Os números brasileiros surpreendem negativamente. No Revéillon 2016, toneladas de lixo foram recolhidas das praias brasileiras. No Rio de Janeiro foram recolhidos 363,5 toneladas na orla de Copacabana, dos quais 48,3 eram itens potencialmente recicláveis. Nas praias da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes os números chegaram a 115,8 toneladas ao todo. Se empenharam na limpeza da cidade 3.358 garis e 344 profissionais de limpeza, auxiliados por veículos e equipamentos como caminhões, pás mecânicas, caminhões-pipa, varredeiras, entre outros. Da praia de Iracema, Ceará, foram retiradas 80 toneladas. Em Santos, 142. Florianópolis, 60. A atividade turística influencia diretamente o meio ambiente no qual ela é praticada, portanto é preciso que sejam criadas políticas de conscientização ambiental, de reflorestamento e de limpeza, e que haja recursos financeiros para investir em serviços relacionados à infraestrutura local, para que o país tenha condições de comportar o número de turistas, nacionais ou estrangeiros, que espera receber nos Jogos Olímpicos 2016.

Redação

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  1. jtpxavier fevereiro 1, 2016

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