País se torna destino de eventos e artistas consagrados no cenário musical
Ana Carolina Monari
O Brasil entrou para a rota dos grandes eventos internacionais de música. Conhecido apenas pelas edições esporádicas do Rock in Rio, nos anos de 1985, 1991, 2001, 2011 e 2013, o país passou a receber outras atrações do cenário musical na última década, como o festival Lollapalooza, que teve sua última edição no início de abril em São Paulo.
Público do primeiro dia do Lollapalooza em 2014. Foto: Divulgação
Opções não faltam para os apaixonados em música. Além dos gigantes, o Brasil também é palco do
SWU,
João Rock,
Planeta Terra e festivais independentes espalhados pelo interior como, por exemplo, o
Grito Rock, idealizado pela rede
Fora do Eixo que possui edições em várias cidades, como Bauru, Mirassol e João Pessoa (PB).
Jaú foi uma das sedes do festival. “A primeira edição ocorreu em 2006, mas a iniciativa ficou parada por alguns anos. Resolvemos voltar em 2013 e o público médio para os três dias foi aproximadamente 200 pessoas. Este ano, em dois dias, obtivemos média de público de 400 pessoas. Pretendemos continuar promovendo, mesmo que não ocorra o
Grito Rock, mas festivais independentes continuarão a serem produzidos por nós”, diz o produtor do circuito independente de Jaú, Gabriel Atalla.
Ele acredita que esse tipo de evento é uma oportunidade interessante para que novos artistas independentes divulguem seu trabalho em maior escala e observa que bandas brasileiras repercutem pelo mundo graças à aparição em grandes festivais.
A doutora em comunicação e cultura contemporâneas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Nadja Vladi, acredita que essa divulgação proporcionada pelo
Lollapalooza e
Rock in Rio impulsiona o cenário independente. “Os artistas indies – independentes – são conhecidos por sempre coruscarem uma rede de distribuição alheia da grande mídia: shows, selos, fanzines e internet. Eles mantêm uma postura de contraponto ao rock hegemônico”.
A variedade musical é o grande diferencial. “Você pode colocar bandas para todos os gostos. Dentro de um festival é possível ver bandas com influências muito diferentes, ‘pegadas’ totalmente opostas, uma mais pesada outra mais leve, uma mais agressiva outra mais swingada”, comenta Atalla. Ele conta que os custos para organização de festivais são mais elevados que a produção de eventos com apenas uma única atração.
Organização
A estudante Caroliny Nogueira, 18 anos, é frequentadora assídua de festivais. Ela participou da edição brasileira do
Lollapalooza e do
Planeta Terra porque aprecia o estilo musical, bandas e o ambiente proporcionado por esse tipo de evento. Contudo, ela reconhece que há muito que melhorar em questões organizacionais. “A entrada do público no
Lollapalooza, por exemplo, foi péssima. Os próprios funcionários estavam perdidos. Além disso, os vendedores de água no meio da multidão só aceitavam dinheiro, sendo que havia tickets a serem vendidos em postos distribuídos pelo local. O copo de água pequeno custava R$ 5,00”, comenta.
Ela também salienta que o brasileiro não está acostumado a percorrer grandes distâncias entre os palcos para conferir as atrações, o que é justificado para não ocorrer vazamento de som. A “maratona” para ver todos os shows também é destacada pela contabilista Paula Casari Pereira, 31 anos. “O brasileiro não é acostumado a ir a festivais e, por isso, não aproveita. Mas isso está mudando e outros eventos como esses estão se instalando no país. Eu aponto como algo positivo o fato de ver várias bandas no mesmo dia, além de outras atrações como rodas gigantes e bares temáticos”, conclui.
Os fãs de festivais podem ganhar mais uma opção de lazer nos próximos anos. O
Coachella, realizado em Índio, nos Estados Unidos, pode ganhar uma edição brasileira. Não há nenhuma confirmação por parte da assessoria de imprensa quanto à data, mas os bastidores da música afirmam que a Arena Palmeiras seria o local escolhido para receber o evento.
Confira os dados sobre os últimos três festivais realizados no Brasil. Arte: Ana Carolina Monari