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Comida sobre quatro rodas

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IMG_5302Cultura norte-americana chegou ao Brasil nos últimos dois anos e tem ganhado grande público

Por Isaac Krounse, Mariana Amud e Tânia Mendes

Food trucks, comida de rua, trailers, todos esses nomes lembram uma coisa: comida boa e barata. Em teoria, é essa a proposta, mas com a grande procura por esses empreendimentos e o fenômeno da “gourmetização” deram aos food trucks um novo status, o de comida cara.

A comparação feita entre os carrinhos de rua fixos e os food trucks sempre é feita, pois ambos trabalham com uma proximidade muito grande com o público. Em Bauru, a Praça da Paz localizada na Avenida Nações Unidas, um dos pontos turísticos da cidade, abriga diferentes trailers de comida e que servem desde hamburgueres à churros. Além de servir comida rápida e barata, o lugar serve de ponto de encontro entre os jovens e adultos.

A aposentada Glória Ortolan (69), mora em frente à Praça da Paz. Para ela os carrinhos de lanches “são o que mantém a praça viva, pois atraem jovens e adultos de todas as idades”, disse. Glória também destaca como o lugar a ajuda no dia a dia. “Estou velha (risos), não tenho condições de preparar comida todo dia. Então o fato de ter variedade de lanches perto de casa me ajuda muito”, completou.

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A Praça da Paz é um ponto de encontro em Bauru, com comida barata e rápida. Foto: Isaac Krounse

Rodrigo Silvério Cabeti (40), é técnico administrativo e conta que sua relação com a Praça da Paz vem de sua família. “Eu e meus pais sempre vínhamos para cá para comer lanche. Aqui (Praça da Paz) sempre foi a primeira opção de passeio”, afirmou.

A esposa de Rodrigo, Fernanda Dionísio Cabeti (38), destaca a qualidade dos serviços oferecidos pelos carrinhos de lanche. “Sempre foi um lugar tranquilo. A comida é rápida e sempre fomos bem atendidos todas as vezes em que viemos. Sem falar na grande variedade comidas que encontramos aqui”, declarou.

Também há na cidade outras opções de comida de rua. Fernanda fala do evento Street Chef Food Truck, que trouxe chefs de outras cidades para Bauru mas que, apesar de oferecer diversos pratos a preços que variaram entre 5 e 25 reais, não impressionou a consumidora. “Fomos na feira de food trucks, mas não achei nada demais. Há muito alarde, mas o alto preço e a qualidade não são justificáveis”, afirmou. Ela completa dizendo que “é melhor comer no shopping, pois você já conhece a qualidade da comida, do que pagar caro em uma comida de food truck que você não conhece”, concluiu.

Oportunismo

Uma das críticas feitas à cultura do food truck é a de que, muitas vezes, o termo passa a ser usado pelos donos de barracas com o objetivo de encarecer o preço dos alimentos. Em alguns casos, esses estabelecimentos oferecem comidas que se encontram em barraquinhas e vans de esquina comuns, mas a um preço muito alto.

Pedro Carvalho (28) é cozinheiro formado em Gastronomia pela Universidade Sagrado Coração (USC) e hoje possui o único caminhão de food truck da cidade de Bauru. Ele critica o fato de usarem o termo em inglês com intuito de aumentar do preço dos comes e explica o que é necessário para que os pequenos caminhões sejam considerados food trucks. “O conceito do termo vem de sua origem. Chefs profissionais que, devido ao custo alto de se manter um estabelecimento fixo, migraram para os pequenos caminhões levando com eles toda bagagem e cuidado que se deve ter em um restaurante, no que se refere aos alimentos”, explicou o cozinheiro.

Dessa forma, a atenção e cuidado com a origem dos ingredientes utilizados na preparação da comida, bem como a especialização em determinados tipos de alimento, são um dos itens que caracterizam um food truck.

Outra crítica de Pedro é em relação a vulgarização do termo gourmet que passou a fazer parte do vocabulário gastronômico com o propósito de encarecer os produtos. O termo francês é usado para definir a especialidade de um profissional da área, mas não para alimentos ou pratos. “Nós fugimos de tudo que está relacionado com esse termo ‘gourmetização’. O que fazemos é usar sempre bons ingredientes, como carne de procedência, verduras orgânicas, buscando servir um produto com qualidade de restaurante. Uma meta nossa é não vender nada por mais de R$25,00, porque a comida de rua não deve ser cara, pois se esta aproximando o restaurante da pessoa, cortando muitos custos e servindo uma comida da mesma qualidade e por um preço menor”, diz o cozinheiro.

Do Fundo do Bauru

O Do Fundo do Bauru, food fruck de Pedro Carvalho, surgiu como uma barraca que vendia apenas o lanche bauru na feirinha Gastronômica de São Paulo, na Vila Madalena. A curiosidade sobre a maneira como é feito o lanche junto às técnicas de gastronomia que Pedro aplicou no feitio do sanduíche favoreceu o sucesso e expansão do seu negócio.

Quando voltou para Bauru, o cozinheiro já tinha grande parte da estrutura necessária para dar início no empreendimento e, depois de um tempo vendendo o lanche e alguns pratos mexicanos como feirante, resolveu investir em um caminhão. “Aplicamos o mesmo conceito, remodelamos a marca e continuamos com essa ideia de pegar os clássicos e dar uma roupagem nova, por exemplo, aplicar as técnicas de restaurante”, contou.

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O Do Fundo do Bauru não possui lugar fixo, e usa o espaço de lojas para atender seus clientes. Foto: Mariana Amud

Apesar de ser uma tendência de mercado, o empreendimento não é tão simples como parece. Para que a qualidade dos pratos se mantenha, é necessário que os empreendedores já tenham algum contato com cozinha e com as técnicas, o que diferencia o food truck de um restaurante fixo é o tamanho do espaço, mas a rotina de trabalho dos estabelecimentos é muito próxima.

Resgate da cultura gastronômica

A Praça da Paz não se limita apenas a ser um lugar onde encontrar uma comida rápida e barata, é um ponto cultural e tradicional da cidade. Como a aposentada Glória disse no início da matéria, os carrinhos de comida dão vida para aquele espaço, que está sempre movimentado.

O food truck de Pedro também busca resgatar o ícone que leva o nome da cidade, o sanduíche bauru. O nome “Do fundo do Bauru” surgiu com a proposta de levar a receita clássica do lanche para outros lugares de São Paulo, incialmente. “A ideia era resgatar a receita original do lanche, pois ele é conhecido em muitos lugares com receitas diferentes e muitas vezes sem levar os ingredientes originais. Ai pensamos no trocadilho ‘do fundo do baú’ e juntamos com esse conceito”.

Por não poder se estabelecer em um lugar fixo público, o Do Fundo do Bauru faz acordos com lojas e assim atende seus clientes de acordo com a lei atual. Esses acordos são benéficos para ambas as partes, pois assim como o food truck ganha novos clientes em cada loja que passa, também leva sua clientela mais fiel aos estabelecimentos comerciais.

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Redação

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