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Saiba como ela pode ser utilizada no país e alguns de seus benefícios

Por Isabelle Hoffmann

A Justiça Federal do Distrito Federal determinou – em novembro de 2015 – que a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) retire o Tetrahidrocannabinol (THC), substância presente na maconha (cannabis), da lista de substâncias proibidas no Brasil. Segundo o órgão, já é possível importar produtos com canabidiol (CBD) e as pesquisas sobre o uso medicinal da substância já são autorizadas. Essa substância é extraída da maconha e tem sido usada para o tratamento de doenças como epilepsia, Parkinson, Alzheimer e esclerose múltipla. Pela decisão, que é provisória, a agência deve permitir a importação de medicamentos com THC e canabidiol na composição, desde que o propósito seja medicinal. A Anvisa também deve autorizar a prescrição dos produtos por parte de médicos no país. O juiz ainda determinou que o órgão e o Ministério da Saúde autorizem e fiscalizem pesquisas científicas.

Créditos: Correio Brasiliense

Créditos: Correio Brasiliense


Cenário no brasil
Na solicitação, os procuradores afirmam que é necessário avaliar imediatamente o custo-benefício do uso da cannabis pelos milhares de pacientes com doenças gravíssimas, degenerativas, progressivas, incuráveis e fatais, diante da inexistência de alternativas terapêuticas eficazes. Eles também pedem que a Anvisa inicie estudos para avaliar a segurança e a eficácia dos medicamentos e produtos já existentes no mercado internacional à base dessas substâncias. No começo de 2015, o canabidiol (CBD) já havia passado para a lista de permitidos com base nas indicações técnicas de que a substância isolada não produz dependência e dos diversos estudos científicos recentes que têm apontado para a possibilidade de uso terapêutico do CBD. Com isso, declararam não haver motivos para que ele permanecesse proibido.
A discussão no Brasil sobre a retirada do canabidiol da lista começou em 2014, depois que a Justiça concedeu aos pais de Anny, Katiele e Noberto Fisher, a autorização para a importação da substância. A criança, de 6 anos, sofre de uma rara doença chamada Síndrome de Rett CDKL5, que chegou a causar cerca de 60 crises convulsivas em um único dia. “O uso era extremamente restrito antes da legalização. Agora, apesar de ainda necessitar de importação, a situação ficou mais fácil para as pesquisas, pois o canabidiol ainda encontra-se em fase de estudo quanto às suas (possíveis e prováveis) utilidades e segurança no uso a médio e longo prazos”, explica o neurologista Fabio Sawada Shiba.
De olho na história
Entenda a substância
O canabidiol é um dos 80 princípios ativos presentes na maconha, mas não é psicoativo nem tóxico, pois é extraído do caule e das folhas da planta. “Os canabinóides apresentam afinidade, se ligam e ativam um sistema de receptores específicos, chamados CB1 e CB2, localizados nos sistemas nervoso e imunológico, através do que exercem seu efeito analgésico”, explica Fernando Figueira, chefe do serviço de Neurologia do Hospital São Francisco na Providência de Deus. Segundo o médico, ele pode ser administrado por via transmucosa (spray), por via oral ou injetável. “Já existe um medicamento aprovado para uso comercial em vários países, com indicação, sobretudo, em espasmos dolorosos e dores refratárias”, acrescenta.
Segundo Renato Filev, doutor em Neurociências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP) da mesma instituição, o canabidiol é um dos principais componentes da maconha e, experimentalmente, sua eficácia foi comprovada para diversas enfermidades. O CBD é utilizado para tratamento de epilepsia, reduz a ansiedade e colabora contra o aparecimento de psicoses e convulsões. “Além disso, ele tem ação analgésica e anti-inflamatória, e vem sendo estudada a sua capacidade de proteger as células do tecido nervoso e, por isso, ele pode ser utilizado em doenças como Parkinson, Huntington e Alzheimer, além das escleroses e outras doenças neurodegenerativas”, explica o pesquisador da Unifesp.
Entenda a substância
Parkinson e o canabidiol
Uma pesquisa recente – publicada na revista “Journal of Psycopharmacology”, da Associação Britânica de Farmacologia – sobre o uso medicinal do canabidiol mostrou que essa substância pode ser eficaz no tratamento de pacientes com Parkinson. Segundo um dos coordenadores do estudo, pela primeira vez, o grupo de voluntários que ingeriu cápsulas contendo canabidiol apresentou melhoras na qualidade de vida e no bem-estar. Durante seis semanas, a equipe monitorou 21 pacientes com Parkinson e, no final, foi constatada melhora no quadro dos que ingeriram canabidiol na dose de 75mg, e ainda melhor na dose de 300mg. Os pesquisadores dizem que o mais importante é que o medicamento não apresenta efeito colateral, ao contrário dos já utilizados.
Opção para o Alzheimer
O grupo de pesquisa Memória e Neurodegeneração, da Faculdade de Biociências da PUC do Rio Grande do Sul, desenvolve estudos sobre a causa do acúmulo de ferro em regiões do cérebro, ligadas às doenças de Parkinson e de Alzheimer. Utilizando ferro como modelo para declínio cognitivo, os pesquisadores estudam elementos que podem melhorar a memória, como o canabidiol. Em uma pesquisa ligando o acúmulo de ferro no cérebro e a substância, o grupo investigou as alterações no hipocampo (área cerebral importante para a memória), descobrindo que o canabidiol ajudou o nível de controle a voltar ao normal. Os resultados – publicados na revista Molecular Neurobiology – mostram uma hipótese de que essa substância pode manter a função da memória por conseguir melhorar a função sináptica e reduzir a morte celular.
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No futuro
Apesar das poucas pesquisas existentes sobre o uso dos derivados da cannabis em pacientes com essas doenças, há sinais de que o uso de extratos da planta – especialmente de CBD – possa ajudar a minimizar sintomas do Parkinson e do Alzheimer e também promover uma melhora geral na qualidade de vida dos pacientes. “É provável que o uso de CBD puro e extratos de cannabis com baixo teor de THC sejam os mais eficientes e menos propensos a causar efeitos indesejáveis”, explica Sonia Brucki, neurologista.

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Redação

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