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Mercado gourmet: a influência desse ramo na economia

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Os produtos premium têm um importante papel no setor econômico local

Por Flávia Magalhães

Segundo o Dicionário Michaelis francês – português,
Gourmet [guʀˈme]
SM: Pessoa que é grande conhecedora e apreciadora de boa comida e bons vinhos.
O termo original está relacionado à alta gastronomia, à procedência dos produtos oferecidos aos clientes, principalmente no mercado europeu. Mas, atualmente, a palavra “gourmet” tem sido usada como tentativa de distinguir socialmente a “culinária de alto nível” de outros produtos considerados padrão ou populares. A promessa de uma experiência única já não é exclusiva do setor alimentício e chama cada vez mais a atenção dos clientes, que desembolsam cada vez mais dinheiro para saciar o desejo de fugir do comum.
A excelência gourmet
De acordo com Isabela Cordaro, chef e proprietária do bistrô Miniempório, localizado em um dos bairros mais nobres de São Paulo, os produtos gourmet se diferenciam pela indicação de procedência da matéria-prima utilizada, por sua raridade e sua técnica aprimorada de preparação, portanto, mais nobre. É por isso que os consumidores, acostumados ao padrão da indústria, estão dispostos a pagar mais caro. Os doces, agora, levam chocolate belga em vez do tradicional e acompanham novos recheios e notas aromáticas. Os hambúrgueres são artesanais e feitos a partir de blends (mistura de carnes com o intuito de alcançar um resultado perfeito) únicos. E até mesmo as pipocas ganharam uma nova cara: acompanhadas de sabores como flor de sal, noz pecan, curry e raspas de laranja, elas são vendidas em latas personalizadas, cujos preços variam entre 25 e 50 reais.
O papel do gourmet na economia
É possível ter uma idéia da importância do setor gourmet a partir de dados da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA): o mercado de cafés especiais movimentou R$ 1,7 bilhão no varejo só em 2016. Apesar de ainda representar apenas 2,8% em volume do total de cafés, os tipos especiais apresentaram um crescimento de 20,6% no consumo entre 2012 e 2016. E a projeção é que a venda de cafés especiais movimente R$ 3,9 bilhões ao ano em 2020.
O crescimento desses números não é por acaso: o café é a segunda bebida mais consumida do país, perdendo apenas para a água. Esse produto está enraizado na sociedade brasileira desde seus primórdios, fazendo com que ele receba atenção e aprimoramento por parte dos empresários. Agora, alguns estabelecimentos oferecem grãos cultivados em bons solos e altitudes corretas para o desenvolvimento ideal do grão, que passa a oferecer sabor e aroma mais intensos. “Tudo isso chama a atenção do cliente. Quem não gosta de saborear um bom café? Muitos têm o hábito de consumi-lo após o almoço ou durante a tarde. Assim, se alguém oferece um produto que promete agregar na sua experiência de tomar um café, provavelmente ele terá um cliente fidelizado, nem que ele freqüente o local poucas vezes na semana”, comenta o economista Alessandro Azzoni.
Ainda há espaço para investimento?
A febre gourmet já teve seu ápice, entre os anos 2014-2016. Atualmente, o ramo passa por uma fase de adaptação e estabilização, já que alguns produtos conseguiram sobreviver no mercado, enquanto outros perderam a popularidade. É o caso das paleterias mexicanas, que sofreram um boom entre 2014 e 2015, mas já não são mais encontradas com facilidade. Assim, quem deseja investir nesse ramo deve se atentar ao perfil do consumidor brasileiro. De acordo com o economista, é preciso que a empresa consiga se relacionar com a cultura do público. “Não adianta tentar vender algo muito exótico ou ‘fora da casinha’, porque o cliente não vai se identificar com o produto. Pensando nas paleterias, elas até despertaram a curiosidade do público no início, mas com o passar do tempo, não conseguiram conquistar pessoas dispostas a pagar 15 ou até 20 reais num sorvete de palito”, afirma.

As paletas mexicanas tentaram conquistar o público, mas não alavancou | Foto: Freepik


Antes de investir nesse nicho, o especialista ressalta que é preciso avaliar se o segmento já faz parte da cultura do brasileiro ou se há um custo grande para ‘ensiná-lo’ a consumir o produto. Também é preciso considerar se o mercado regional tem espaço para abrir o serviço. “Além disso, é interessante saber se o ramo já não está saturado. Lembre-se: o produto gourmet tem como premissa oferecer exclusividade e excelência. Assim, se há muitos outros negócios parecidos com o seu, será mais difícil oferecer um produto diferenciado, perdendo sua qualidade gourmet”, aconselha Azzoni.
Inovação é a chave
O economista revela que, daqui pra frente, o mercado gourmet vai precisar ir além da oferta de matérias-primas diferenciadas. “Como o mercado está crescendo, logo vai ser difícil chamar a atenção da clientela oferecendo uma carne nobre ou um chocolate importado. Então, é preciso pensar em novas estratégias para que esse ramo continue ganhando força e aquecendo o mercado”, afirma. Pensando nisso, algumas empresas passaram a aliar suas marcas a nomes célebres, como chefs, estilistas, celebridades, etc. “Assim, conseguimos chegar e conquistar o consumidor de forma mais direta. É muito mais provável que ele queira consumir algo assinado por alguém que ele admire, pois isso passa credibilidade ao produto”, salienta Azzoni.
 
Outro fator de sobrevivência do negócio é o cuidado com a oferta feita aos clientes. “Nunca ofereça algo que você não pode entregar. O gourmet não se trata de simplesmente adotar um nome e cobrar mais caro por isso. Normalmente, não há uma segunda chance com o cliente insatisfeito”, destaca o economista.
Atenção aos falsos
“O mercado de produtos de luxo, chamado antes de ‘premium’, sempre existiu, e tinha como público-alvo as classes sociais mais altas. Porém, começaram a associar o termo ‘gourmet’ a produtos que não possuem nenhum diferencial. Essa jogada nada mais é do que um truque publicitário para vender produtos corriqueiros como especiais, e com isso, lucrar mais”, aponta Isabela. Portanto, é necessário que o consumidor tome alguns cuidados para não cair em falsas promessas. “Analisar o rótulo das embalagens e buscar saber qual a origem do alimento é o primeiro passo para não ser enganado. Também é fundamental saber se o que se está comprando é proveniente de um produtor preocupado na qualidade de seu produto ou se é de uma grande indústria, que apenas utiliza o termo para agregar valor ao que se quer vender”, aconselha a chef.

Redação

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