“Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não atiça o formigueiro” , são com gritos como esse, que os estudantes saem pelas ruas a fim de mostrarem a força que tem, perante o âmbito nacional.
A princípio as causas dos estudantes são organizadas pelos movimentos estudantis, que articulam as pautas e assembleias com o objetivo de dar voz às necessidades da educação, sendo a partir de atos e manifestações disseminados pela cidade.
Com mais de um século de história, o chamado movimento estudantil começou sua trajetória em meados de 1901, mas foi a partir da Revolução de 1930 que os estudantes consolidaram seu espaço no meio político.
O movimento é subdivido em algumas organizações, como a UNE (União Nacional dos Estudantes), UEES (Uniões Estaduais dos Estudantes) , DCEs ( Diretórios Centrais Estaduais) e dentre outros. Dessa forma se aglomera uma união efetiva no meio estudantil.
Na época da ditadura militar, essas organizações tinham sido extinguidas e a luta dos alunos partia de uma ponto da democracia e do desmonte da educação. “Era tão diferente na ditadura militar em 64, eles tinham extinguido todos os CAs (centros acadêmicos) e a UNE. Na minha época foi como uma reconstrução”, relata o Mestre Fábio Negrão, que participou ativamente do movimento estudantil em Bauru durante a ditadura militar.
Partindo de uma linha entre o passado e presente, Fábio ainda comenta, que antigamente se tinha um inimigo em comum e que atualmente isso volta a acontecer, tendo em vista o atual governo. Porém para ele o movimento hoje está dividido em coletivos e dúvida até onde se iriam numa resistência pacífica ou não.
Foto da esquerda: manifestação pela educação, 2019, por Ana Marsiglia / Foto da direita: manifestação na época da ditadura (Fábio Negrão, está no centro da foto)
55 anos depois…
Dentro da organização é necessária uma articulação entre os membros para decidirem suas ações e, a partir disso, a estudante de jornalismo, Beatriz Santana, que hoje faz parte do movimento estudantil na Unesp de Bauru, aborda como as demandas são avaliadas atualmente. “Não sei ao certo se dá pra dizer como são delimitadas as prioridades, parece sempre muito orgânico. Mas pautas que envolvem pessoas são as que geralmente recebem mais atenção, por exemplo a busca por qualidade na permanência estudantil”, afirma.
Um fator relevante dentro do movimento está na divergência de pensamentos, tal fato é perceptível nas assembleias estudantis, que são reuniões onde todos os estudantes da universidade são convidados a participarem para discutir diligências e ações.
Nessas assembleias os estudantes possuem tempo de fala, para que assim uma grande parcela possa dar o seu posicionamento, porém diversas vezes essas reuniões dispersam do assunto central, por conta das inúmeras mentalidades e até mesmo do ego envolvido em meio às causas.
No momento de decretar decisões, muitos estudantes acabam indo pela maioria para decidir as pautas, o que pode ser um desserviço dentro do movimento pois, se tem muito engajamento no começo e no fim os atos já estão enfraquecidos e com poucos aderentes. Tais acontecimentos se dão ou por conta do desgaste mental que todo o movimento incita ou pela falta de interesse por parte de alguns estudantes com o passar do tempo.
Sobre os avanços dentro do movimento estudantil, Negrão ainda enfatiza: “Tem uma evolução sim, se for em relação à democracia e de direitos humanos, porque na nossa época essa discussão nem existia”.