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Mulheres na Estrada

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Lutando contra as estatísticas, elas trocaram o conforto e o comodismo por uma aventura em outro país. 
Letícia De Maceno
Em 1999, o pesquisador americano Cohen já estudava a ideia de pessoas que se aventuravam pelo mundo, um conceito que mais tarde conheceríamos como “mochileiros”. Ele definiu da seguinte maneira:
“Tipo de turista internacional que se aventura em locais distantes das rotas tradicionais. Não tem itinerário fixo, nem agenda programada, nem um objetivo bem definido de viagem. Geralmente se hospedam em albergues da juventude ou campings na companhia de amigos e tendem a se relacionar com as pessoas da comunidade, utilizam meios de transporte coletivos ferroviários ou rodoviários e, em sua maioria, são jovens.”
Atualmente Backpacker é o nome mais utilizado pelo mundo para descrever turistas que optam por viagens mais independentes, econômicas e flexíveis. Numa tradução do inglês para o português, esta palavra tem como significado “pessoa que carrega uma mala nas costas”. O termo da língua portuguesa mais comum para sintetizar essa ideia é “mochileiro”.
Porém é comum confundir mochileiro com sacoleiro, o que são coisas bem diferentes visto que o segundo é caracterizado como o indivíduo que viaja com finalidade de comprar mercadorias. Já os mochileiros são viajantes independentes com vontade de conhecer os mais variados destinos de uma forma mais espontânea e econômica do que as viagens tradicionais – como as de agências de turismo, por exemplo – proporcionam, procurando uma interação bem maior com a comunidade local do destino e práticas sustentáveis.
O modelo de viagens econômicas usando mochilas por diversos caminhos e por um período indeterminado de tempo, modificou-se após a Segunda Guerra Mundial, quando jovens europeus e norte-americanos, conhecidos como drifters –  viajantes que não planejam nada com antecedência, seguem sem rumo definido, são extremamente econômicos e correm riscos maiores -, começaram a realizar viagens pedindo carona, cada um em seu continente. O fenômeno tinha como referência as viagens hippies dos anos 1960 e 1970. Grande parte dos jovens viaja para explorar locais periféricos como forma de contrariar a dominante política ocidental. Os declínio dos drifters se deu devido à hostilidade da Guerra Fria que transformou a rota por terra até o Sudeste Asiático (uma de suas rotas preferidas) arriscada demais. Na década de 1980 fenômeno voltou a crescer gradualmente, mas o perfil do viajante já não era mais o mesmo e ele passou a ter mais escolaridade, ser majoritariamente europeu, de classe média, solteiro e preocupado em gastar pouco, muito diferente da antiga ideia hippie. E assim permanece até hoje.
Uma pesquisa conduzida na Austrália procurou apresentar as razões que levam turistas a optarem por um estilo backpacker de viagem e os principais pontos foram aspectos econômicos, oportunidade de conhecer outras pessoas, ter uma experiência mais real do país, um tempo maior de viagem e mais independência e flexibilidade durante a experiência. Lembrando que a Austrália é um país conhecido por receber milhares de mochileiros diariamente.
O turismo mochileiro, por ser informal, apresenta sérias dificuldades em relação à mensuração de sua representatividade, sendo assim é difícil expor dados concretos sobre esse assunto, o que gera consequências negativas já que os mochileiros em muitos países são “invisíveis”. Já em outros como a já citada Austrália e a Nova Zelândia, por exemplo, a história é outra. Devido ao grande número de turistas, as duas nações se preparam para receber os mochileiros, que ocupam importante espaço dentro desses países e consequentemente são melhor acolhidos e amparados durante a viagem.
Em busca de descobrir mais sobre esse tipo de viagem, pesquisadores têm se esforçado em recolher dados de albergues e hostels pelo mundo, na tentativa de encontrar qual o perfil desses viajantes. Um exemplo disso é uma pesquisa feita pela Associação Internacional dos Albergues em 2003, além de especificar quais as profissões mais comuns dos mochileiros, idade média e renda, a pesquisa também mediu a questão do gênero e chegou a conclusões preocupantes: a maioria dos visitantes estrangeiros entrevistados – cerca de 70%- eram do sexo masculino. O Norte e a Oceania foram as regiões com a maior quantidade de homens, representando até 75%, enquanto a Europa teve média de 60% de viajantes do sexo masculino. Ou seja, em todo mundo o número de mulheres que viaja é bem reduzido se comparado aos homens.
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Uma das estradas do interior de SP.  Foto: Letícia De Maceno
Números como esses são alarmantes e conseguem mostrar  um pouco da dificuldade de ser mulher por todos os lugares do mundo. É por isso que não se ouve falar muito de mulheres que viajam por aí, ainda mais mulheres que fazem mochilão. Quando uma mulher decide viajar pelo mundo sozinha, ela tem que se preparar para além das aventuras que a viagem vai oferecer, mas também para o preconceito decorrente do machismo, afinal não são raras frases como “vai viajar sozinha? que coragem!”.
Um dos motivos para esse tema ser tão incomum pode ser a situação atual do Brasil. A Austrália foi um dos primeiros países a reconhecer que esses turistas geram tanto ou mais benefícios ao turismo do que os que chegavam ao país pelas operadoras de transporte aéreo e que, além disso, seus gastos também estavam por localidades onde os turistas convencionais não costumavam chegar. A professora Regina Scheyvens, da Massey University na Nova Zelândia é autora do estudo “Backpacker tourism and Third World development” de 2001, e concluiu que países de menos desenvolvidos como o Brasil, por exemplo, ignoram o turismo dos mochileiros e priorizam apenas o tradicional turismo de luxo o que gera uma grande contradição já que a  infraestrutura necessária para receber mochileiros é muito mais simples e mais fácil de ser criada, além de benefícios econômicos serem quase os mesmos, enquanto os impactos negativos são muito menores ou quase nulos. Então se o país não reconhece os mochileiros dentro de seu próprio território, dificilmente criará políticas que os beneficiem, principalmente políticas com recorte de gênero.
E se para as mulheres mochilar pode ser mais arriscado, muitas vezes pode significar uma viagem mais tranquila já que mulheres costumam ajudar mais mulheres. Até mesmo famílias simpatizam mais com as mulheres já que grande parte das vezes reconhecem a situação de “perigo” a qual elas estão expostas.  O importante é que se você mulher for viajar por aí, não se esqueça que além do seu gênero você é um ser humano em primeiro lugar e merece respeito, deve ter os mesmo direitos que os homens. Não se deixe enganar por essa história de que ao viajar você está “se expondo a seu próprio risco”.
E se você ainda pensa que mulheres não devem viajar sozinhas, vamos aos fatos: estatisticamente onde as mulheres mas morrem é dentro de suas próprias casas. A violência doméstica mata milhares de mulheres todos os dias pelo mundo. Se nós usarmos a lógica de que por causa de um incidente terrível que tenha acontecido com alguma mulher durante alguma atividade nenhuma outra mulher deve fazer essa atividade, teríamos apenas um conselho para as mulheres “não saia com homens, não se envolva com ninguém, fique trancada em casa”. Infelizmente ser mulher é perigoso, seja viajando, seja trabalhando ou deitada no sofá de casa.  Então ao dizer “não viaje, mulher” você não só deixa de contribuir para um mundo mais igualitário para os gêneros, como também induz mais uma mulher a negar sua liberdade.
Em entrevista com algumas mulheres que viajaram, temas como destinos, machismo e dicas de viagem sobre diferentes lugares foram abordados. Confira alguns dos relatos abaixo!
 

  • Pauline Aguiar, 26 anos, em viagem pela Tailândia:

Quando tomei a decisão de viajar sozinha para a Tailândia escutei durante meses minhas amigas me chamando de maluca e fui excomungada pela minha mãe, tias e prima. Diziam que eu seria sequestrada, estuprada, que poderia ficar doente, que seria perseguida até o hotel e que aconteceria comigo a mesma história do filme “Busca Implacável”. Meu pai até chegou a pedir para minha mãe ir comigo. Minha família agiu como se eu estivesse indo para Marte.
Mas isso é normal e vai acontecer sempre porque as pessoas que te amam tem medo. Além do mais, elas não tem os mesmos sonhos e objetivos que você, logo, na visão delas, sua viagem é algo totalmente dispensável e que pode ser deixado para depois. Como tudo na vida, se você permitir que um milhão de vozes exteriores cale a sua voz interior, você não realiza sonhos e vive a mercê de padrões sociais, criados por pessoas não mais inteligentes que você. Além do mais, não é bem assim que as coisas funcionam. Riscos existem em qualquer lugar no mundo, e pode ter certeza que em uma viagem onde você toma as precauções necessárias, o risco é muito menor do que o risco que você corre de ser atropelada ao atravessar a rua todos os dias para chegar no seu local trabalho ou para voltar para sua casa. Não deixe que o mito “você é mulher, não pode viajar sozinha” te convença a desistir. Eu tive muito medo antes de ir, mas hoje sei que foi a melhor escolha que eu poderia ter feito em minha vida. Tomando as precauções necessárias, pode ir sem medo de ser feliz.

  • Cris Une, 34 anos, em viagem pela Europa:

Já viajei sozinha para alguns países europeus, inclusive a Itália, e nunca tive nenhum problema. Por sinal, minha primeira viagem à Europa foi justamente sozinha e para a Itália. Nessa primeira viagem estive em Roma e Florença. Em Roma, inclusive, eu fiquei hospedada na região da Estação Termini (que alguns acham uma região meio mal encarada, o que eu não concordo) e não cheguei a experimentar nenhum problema relacionado à segurança. E teve inclusive um dia que eu voltei para o hotel quando já tinha passado das 23 horas, e eu estava “tontinha” por ter bebido uma jarrinha de 500 ml de vinho tinto, e ainda passei por dentro da estação para verificar os horários dos trens para Florença, e não me aconteceu nada!
Também já estive sozinha em Lisboa, Paris, Londres, Munique, e Viena e da mesma forma a segurança nunca chegou a me preocupar. Em Londres, por exemplo, da vez que eu fui sozinha, eu tive de sair do hotel às 6h da manhã para pegar o metrô até o aeroporto pegar um voo bem cedo, e eu fui sozinha do hotel até a estação de metrô quando ainda estava escuro. Você basicamente tem de ter dois cuidados:
1) Cuidar dos seus pertences como cuida em qualquer lugar no Brasil. Cuidar especialmente para não ter seus pertences como carteiras, etc,furtados (e não assaltada, como no Brasil) e para não cair nos “golpes” fáceis contra os turistas, como o golpe da cigana com o anel, a lista para assinar abaixo assinado em favor de alguma causa esquisita, o golpe do “diretor de moda” de alguma grife famosa que te quer dar de “presente” uma “sobra” da semana da moda de Milão ou Paris em troca de dinheiro para abastecer o carro (esse é o golpe mais bizarro de todos, e não sei como tanta gente cai nessa lorota!!). Na Europa, a maior parte desses casos ocorre sem violência, são mais casos de aproveitadores da ingenuidade ou da distração alheia.
 
2) E especialmente na Itália (e na França também), você estando sozinha, e se for percebida como brasileira, tem de cuidar porque o “macharedo” vai “cair em cima” sem dó nem piedade!… Já fui abordada dessa forma pelos “gladiadores romanos” que ficam na frente do Coliseu, por um guardinha que fazia a segurança na “Conciérge” em Paris , etc, etc, e até por um funcionário da SNCF, a companhia de trem francesa. Em Paris também fui parada numa ponte sobre o Sena que fica em frente ao Louvre, por um cara que insistia em me convidar para sair com ele em algum café. Esse foi o mais insistente e foi complicado eu conseguir sair da vista dele! Na Alemanha, a coisa é bem menos evidente e o máximo que me ocorreu foram dois caras que quiseram sair em uma foto minha e comigo, num dia de Carnaval na Marienplatz.

  • Niveia Santos, 30 anos, em viagem pelo Oriente Médio:

Mulheres viajando sozinhas por um pais mulçumano é sempre complicado. Vou contar a aventura minha e da minha amiga em terras marroquinas. Foi viagem de 10 dias. Passamos longe dos resorts, do glamour dos Riads, das mega massagens com óleo de argan, das piscinas refrescantes dos hotéis. Humildes brasileiras, pegamos transportes públicos, compartilhamos quartos em albergues,encaramos o sol a pé, nos perdemos na Medina, nos achamos, vimos o sol nascer no Saara, andamos de camelo. Pra nós, o Marrocos ultrapassou a historia de que é uma sensação de sabores, cores e cheiros exóticos. Surpreendeu e incomodou na mesma intensidade. Belas paisagens de um lado, miséria de outro. Perigo de viajar sozinhas, nenhum, mas sentimos bem a dificuldade de viver ali enquanto mulher.
Parece obvio dizer, mas é sempre bom lembrar. Ombro, pernas e cabelo chamam atenção e evite que fiquem a mostra. Em Casablanca a maioria das mulheres se veste de forma ocidental, nem todas se cobrem e vi algumas até com calça jeans estilo “popozuda”. Eu defendo a tese de que uma estrangeira deve se esforçar ao maximo para passar desapercebida.
Os marroquinos são extremamente amigaveis, mas muito suceptiveis ao mal entendido. Ao sair na rua é bem provável que um homem te siga, venha te abordar, ou convidar para um cha de menta. Nos vimos nessa situação muitas vezes. Esse comportamento não esta so ligado à cultura, mas ao fato de que realmente muitas europeias vão ao Marrocos com finalidade de serem paqueradas e algo mais. Isso eu vi com meus próprios olhos. Até você dar o sinal de que você não esta ali pra isso, esses homens vão tentar uma aproximação. Portanto, evite aborrecimentos, não aceite, não seja simpática, não dê papo. Simplesmente ignore ou responda da forma mais seca possível. Geralmente isso é suficiente pra que ele desista. Em casos extremos (raros), não hesite em chamar atenção esbravejando alto. Para cada homem desse que importuna mulheres existem 10 ao lado que abominam esse comportamento e certamente virão ajudar.
Sobre sair de noite, no nosso caso, optamos por aproveitar somente o dia. Depois das 18h em todas as cidades por onde passamos ja estávamos no hotel ou albergue. Nota-se a diferença de ambiente quando vai escurecendo – a medina fica um pouco assustadora. Mas caso faça amizade no albergue e saia seja prudente como em qualquer lugar do mundo.

  • Tati Caldas, 28 anos, em viagem pelo Egito:

Viajar sozinha pra mim é uma das melhores coisas! Adoro toda a independência e tal. Sobre o Egito posso falar bem, estou morando aqui por um período e cheguei em Setembro deste ano. É possível viajar sozinho, mas prepare-se para o assédio. Não é somente com as estrangeiras, mas com as mulheres no geral. Nem tente entender o que se passa na cabeça desses homens daqui.
O que aprendi foi a falar em árabe de forma bem rude coisas como “você não é bom” “sai fora” e etc. Os homens assediam porque não esperam que as mulheres vão responder. Na cultura muçulmana existe o tal do respeito ao homem e muitas mulheres se calam.
Dois “causos”:
Andava pelo calçadão na Alexandria com a minha amiga, quando 10 adolescentes começaram a jogar pedrinhas na gente. Me emputeci e mandei eles se f*** em inglês. Desapareceram em 1 segundo.
Um cara começou a seguir minha amiga e a assediar em um mercado de rua. Ela com vergonha não falou nada. Quando eu disse em árabe “cai fora” ele me olhou super assustado e sumiu.
Não dê bola, para pedir informação peça à mulheres. Mesmo viajando sozinha, nunca aparente estar sozinha, faz cara de que sabe onde está, de que conhece como as coisas funcionam. Não precisa cobrir o cabelo, mas ande de forma mais conservadora.

  • Julia Jacob, 29 anos, em viagem pela Índia:

Estou morando na Índia, em Pune, que é uma cidade relativamente tranquila e moderna… Antes de vir pra cá também li e ouvi muitos casos a respeito, mas vim mesmo assim… Enfim, realmente existe um assedio muito grande dos homens com mulheres estrangeiras aqui, eles pensam que somos toda fáceis por sermos ocidentais e com uma liberdade maior, mas dá pra saber como lidar..Seja direta e diga não! Em junho/julho viajarei para o norte, que é um pouco mais complicado e então posso ter outras experiências, mas ainda não sei. Uma amiga do Egito viajou sozinha e foi até a Kashemira e todos nós -estrangeiros que moram juntos- ficamos impressionados, pois ela parecia frágil e com muitas restrições religiosas, o que para ela pode ser mais fácil, mas ao mesmo tempo bem difícil pois é muçulmana em um país de maioria hindu, mas ela fez tudo que queria sem maiores dificuldades. Então acho que com atenção, cuidados e precauções é super possível! Se você quer mesmo conhecer a Índia não hesite por conta do medo, é um país incrível! Só seja cautelosa.
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E por onde começar?
Primeiro, reúna o maior número possível de informações que puder sobre os destinos que pretende visitar. Pesquisa tudo, a logística da viagem, custo de vida, periculosidade do país. Tudo.
Em seguida, crie um roteiro básico contendo as principais rotas e meios de transporte para chegar nos lugares que você quer visitar; os tipos de hospegadem e valor; as principais atrações do lugar e se essas são de fácil acesso, bem como preços de serviços de lazer. É interessante olhar a viagem para além do óbvio e procurar explorar os lugares não só pelos seus pontos turísticos, aproveitando para entender mais da geografia, cultura e história do lugar. Pesquise o clima para poder programar roupas.
Antes de fazer o orçamento, lembre-se de considerar seus hábitos de consumo. Conheça suas necessidades principais e seus limites quanto a conforto durante a viagem. Mas no mais importante de ta os caronistas, mas se planeje quanto a imprevistos e quanto a não conseguir carona sempre pra onde você deseja e na hora que você deseja. Paciência e pé na estrada! 

Redação

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