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#NINFABEBÊ: até que ponto é só ficção?

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Um filme que retrata sem tabus o lado negativo da superexposição nas redes sociais, principalmente no universo jovem

Por Dandara Adrien Aveiro

Produção uberabense de 2015 trouxe a tona os perigos dos meios virtuais
Imagem: Divulgação / G1

O cinema nacional, ao longo dos anos, vem ganhando maior visibilidade por parte dos espectadores e dos críticos. Mas, quando comparados às criações hollywoodianas, os filmes brasileiros ainda possuem baixos níveis de público; e se pensarmos no cenário independente, esses números são ainda menores. 

  É claro que esses dois produtos cinematográficos se distinguem tanto no conteúdo quanto no orçamento. Na maioria das vezes, diferente das grandes produções, os filmes independentes, além de um público mais reduzido, são feitos com baixos custos e se preocupam em colocar os que assistem diante de questões reflexivas com relação ao universo em que estão inseridos. Entretanto, existem diversos festivais importantes que contemplam filmes desta categoria, como é o caso do “Best Film Awards”, que em 2018, na Romênia, premiou como melhor edição, em segundo lugar como melhor filme estudantil e em terceiro lugar como melhor diretor, o longa-metragem #ninfabebê (“#babynymph”).

SOCIEDADE EM MÍDIA: A ARTE IMITANDO A VIDA


O filme ganhou reconhecimento internacional e atualmente contabiliza mais de
50 louros em festivais de diferentes categorias
Imagem: Pop Mundi


“Ninfa Bebê” é um filme experimental uberabense de 2015, com duração aproximada de 1h20min, que tem como principal proposta criticar a superexposição nas redes sociais. O longa foi adaptado em um estilo de falso documentário (mokumentary) misturado a imagens encontradas (found footage). São recursos pouco explorados no âmbito do cinema nacional; no entanto, este projeto cinematográfico tentou romper com tais barreiras na busca de aproximar ainda mais os espectadores do enredo.
O filme conta a estória de Cibelle, 17 anos, uma adolescente de classe média alta, com personalidade desafiadora e vaidosa, mas que esconde um trágico sentimento de vazio e carência. Aproveitando a ausência do pai, seu único tutor, Cibelle chama uma amiga para dormir em sua casa durante um final de semana. A convidada é Daiana, de 16 anos, que, ao contrário da anfitriã, é quieta e comportada e nunca passou um dia sequer longe dos pais. Para tentar fazer parte da vida agitada e popular da amiga, Daiana, mesmo receosa, aceita o convite e, juntas, as adolescentes registram, através de um aplicativo de celular (meramente ficcional), tudo o que acontece durante o primeiro dia sozinhas.
Com músicas, brincadeiras, chats e bebidas, tudo ocorre bem, até que um estranho se junta a elas, tornando a noite das garotas uma experiência aterrorizante. Através da visão subjetiva da câmera do celular da protagonista, o público acompanha todos os momentos das personagens principais bem como de seus antagonistas, que se revezam como “cinegrafistas” das cenas. Assim, o filme mostra o ponto de vista de vários personagens, fazendo com que a trama fique ainda mais verossímil.


O conteúdo midiático foi produzido exclusivamente para o longa, incluindo os aplicativos
utilizados pelas personagens e toda a trilha sonora exibida no filme
Imagem: Cena do filme #ninfabebê/Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo

  O foco principal desta produção é apresentar uma crítica ao voyeurismo e ao exibicionismo exacerbados na cultura consumista contemporânea, principalmente dada a onipresença dos dispositivos tecnológicos na paisagem urbana. Com destaque aos serviços digitais interativo-sociais que instauram uma realidade que atinge milhares de pessoas pelo mundo todo, o filme apela para o incômodo, deixando a plateia com um sentimento de reflexão e indignação diante das cenas.
E essa pareceu ser a real intenção de Aldo Luís Pedrosa da Silva, diretor e roteirista do #ninfabebê. Isso porque, toda essa problemática é objeto de estudos poético-acadêmicos de Aldo através de um Mestrado em Artes, pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e de um Doutorado em Artes Visuais, pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Aldo Pedrosa tem experiência profissional com cinema, vídeo, fotografia,
computação gráfica e artemídia. Participou de várias mostras, festivais e
exposições nacionais e internacionais, conquistando prêmios importantes.
Imagem: Arquivo pessoal/Aldo Pedrosa


Então, a realização deste longa-metragem foi também uma aspiração pessoal do próprio autor, além de servir para que questões mais aprofundadas fossem discutidas e abordadas no âmbito cinematográfico. Tais fatores tratam de situações de cunho social presentes no dia a dia das pessoas e que podem servir de exemplo, alerta e prudência para os usuários virtuais e influenciadores digitais.

CONDIÇÃO PÓS-MODERNA: UMA ANÁLISE FILOSÓFICA

Classificado como drama/suspense/terror, o longa-metragem nitidamente trata de assuntos presentes na sociedade atual. Com o avanço tecnológico ocorrido na segunda metade do século XX e com o surgimento da Internet, houve um aumento da capacidade de interação entre as pessoas, um grande exemplo disso são as redes sociais online. Segundo Castells (2005), os desenvolvimentos e usos das novas tecnologias estão sendo cada vez mais difundidos a partir da apropriação e redefinição por parte dos usuários. 

As novas tecnologias da informação não são simplesmente ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos. Usuários e criadores podem tornar-se a mesma coisa. Dessa forma, os usuários podem assumir o controle da tecnologia como no caso da Internet. (…) Assim, computadores, sistemas de comunicação, decodificação e programação genética são todos amplificadores e extensões da mente humana. O que pensamos e como pensamos é expresso em bens, serviços, produção material e intelectual, sejam alimentos, moradia, sistemas de transporte e comunicação, mísseis, saúde, educação ou imagens.  (CASTELLS, 2005, p. 69).

  Além da praticidade de comunicação e informação, os usuários são capazes de promover sua imagem pessoal e seus trabalhos, garantindo lucro e visibilidade para os conteúdos, o que seria bem mais difícil através de redes físicas. Para Castells (2005), “(…) a tecnologia digital permitiu o empacotamento de todos os tipos de mensagens, inclusive de sons, imagens e dados, criou-se uma rede que era capaz de comunicar seus nós (…)” e, assim, “a universalidade da linguagem digital e a pura lógica das redes do sistema de comunicação geraram as condições tecnológicas para a comunicação global horizontal” (p.82). Além disso, o sociólogo ainda expõe que “(…) o desenvolvimento da revolução da tecnologia da informação contribuiu para a formação dos meios de inovação onde as descobertas e as aplicações interagiam e eram testadas em um repetido processo de tentativa e erro (…)” (p.103).

  Por outro lado, Castells não imaginava – ou talvez sim – que esse processo tecnológico global aparentemente tão vantajoso e crescente esconderia seus perigos. As desvantagens desses meios sociais se resumem no risco de se compartilhar exageradamente informações específicas e particulares que são atrativas para aqueles que usam essas mesmas redes para cometer crimes.
Nos últimos anos, o número de fraudes, golpes e assédios por meio das redes virtuais tem crescido de maneira significativa e, infelizmente, os recursos para controlar esses tipos de crimes ainda são insuficientes. A preocupação aumenta quando lembramos que os jovens são os maiores consumidores e interatores desta realidade, como a faixa etária retratada no filme. Por muitas vezes, eles são incapazes de mensurar os riscos decorrentes desses mecanismos comunicacionais de grande visibilidade e acabam sendo as principais vítimas dos criminosos. 


Ago. 2019 / Fonte: Correio Braziliense


Ago. 2019 / Fonte: Estado de Minas

  As concepções virtuais das quais Castells se baseia, estabelece uma relação muito íntima com os pré-conceitos relacionados ao processo que compreendemos como globalização. De certa forma, o respaldo do autor sobre tais mídias é quase sempre positivo e entendido como uma ferramenta de ligação instantânea e global. Algo que conecte o mundo de forma imediata e que apresenta dados sobre qualquer assunto. Mas, como já colocado, o posicionamento de Castells sobre uma possível visão mais negativa da Internet não se apresenta de forma tão clara e expressiva. Porém, a concepção positiva de tal ferramenta que liga as pessoas, instituições, governos e países, não é unânime.
Alguns autores – até mesmo antes de Castells – demonstraram um certo receio perante as mídias virtuais. O polonês Zygmunt Bauman (1999), em Modernidade Líquida, não é tão específico com a ferramenta online, ao mapear, deduzir e criar conclusões, haja visto que quando surge o termo de uma sociedade líquida, a Internet ainda não era tão global como hoje. Mesmo assim, o estudioso já apresentou um caminho para compreender a relação das pessoas com a Internet e sua superexposição, por exemplo.
O italiano Umberto Eco também teceu críticas quanto a expansão do que se via dos meios virtuais. Diferente dos outros autores, Eco não produziu um livro que sintetizava suas ideias, mas de forma pontual, expressou seu pensamento, como em uma cerimônia na Universidade de Turim, em 2015: “As mídias sociais deram o direito de fala a uma legião de imbecis que anteriormente falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar danos à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel”. 

  O brasileiro José Saramago também não possui uma obra que resume seus pensamentos acerca dos recursos virtuais. Mas ele foi categórico ao dizer, em entrevista ao Observatório da Imprensa, que “a Internet não veio para salvar o mundo”.
As diferentes visões (até por uma questão de época) não necessariamente colocam Castells em oposição aos demais pensadores. Ao contrário, os posicionamentos se complementam, pois, em um primeiro momento, as mídias virtuais foram compreendidas como uma ferramenta que ligaria o mundo de forma instantânea (algo que de fato ocorre). Porém, era complexo imaginar em seu início que isso poderia acarretar em alguns traços entendidos como nocivos, como o exemplo do filme “#ninfabebê”, que aborda a problemática da superexposição na rede. Este pensamento é certamente algo muito mais compreendido, debatido e perceptível hoje do que em seu início dentro da análise de Castells.

  Podemos ainda ligar a superexposição e até a exploração da imagem ao capitalismo. Nos estudos pós-modernos de David Harvey (1992: 2008), a produção cultural e a formação de juízos estéticos são colocadas mediante a um sistema organizado de produção e de consumo. Em sua obra Condição pós-moderna, Harvey (op. cit.) apresenta o capital como controlador e dominador de todo esse processo sistemático, havendo, a partir disso, pontos negativos e positivos perante o papel das massas na vida cultural.
No capítulo intitulado “A obra de arte na era da revolução eletrônica e dos bancos de imagem”, Harvey (op. cit.) exemplifica como desvantagem o fato de grandes artistas midiáticos receberem altos salários, mas, ao mesmo tempo, serem explorados por agentes, empresários, gravadoras etc. Dessa forma, o poder financeiro fica acima das necessidades de classes que, segundo o estudioso, há “(…) produtores em ávida busca do puro poder do dinheiro, de um lado, e consumidores relativamente afluentes, (…) que buscam um certo tipo de produto cultural como marca clara de sua própria identidade social, de outro” (p.312).
Em contrapartida, o britânico também chama a atenção para a importância desse capitalismo. A grande massa proporcionou uma maior interação e mundialização do processamento de produções culturais, intelectuais e informativas e, por consequência, aumento dos conteúdos de mídia.

A política da massa cultural é importante, visto estar ela no negócio da definição da ordem simbólica por meio da produção de imagens para todos. Quanto mais essa massa se volta para si mesma ou se alia a esta ou àquela classe dominante da sociedade, tanto mais tende a mudar o sentido vigente da ordem moral e simbólica. (HARVEY, 1992: 2008, p.312).

Nessa perspectiva, o celular da protagonista do filme, de certa maneira, acabou se transformando em um elemento importante para a narrativa. O objeto em questão, constitui-se como um item simbólico que possibilita o surgimento de uma série de questões e críticas relacionadas à contemporaneidade e à pós-modernidade.

HASHTAG: ATENÇÃO AOS DETALHES


Cartazes de divulgação do filme, mostrando, de forma imagética, a temática sombria do longa
Imagem: Rodrigo de Andrade/Behance

Já ficou evidente que o “#ninfabebê” trata da relação entre adolescentes e jovens com a necessidade de ver e ser visto, conhecido por tecnoscopia. A provocação do filme já começa logo no título, em que faz referência às ninfas da mitologia grega, que eram figuras de moças bonitas que representavam a luxúria e o desejo dos homens nas escrituras sátiras. Além disso, o termo “ninfa”, para a biologia, é um dos estágios da metamorfose de alguns insetos, antes de alcançarem a fase adulta. Isto quer dizer que estes animais já passaram da fase infantil, mas ainda não estariam prontos o suficiente para sobreviverem no ambiente.
E é dessa forma que a personagem Cibelle é estereotipada. Exibindo seu corpo e sensualizando nas redes sociais, a adolescente não tem a maturidade e o discernimento necessários para lidar com as consequências de suas atitudes. A sua superexposição na Internet acaba por acarretar em situações de extrema periculosidade para ela e para as pessoas a sua volta.
Outro ponto de destaque é a utilização das cerquilhas, que em tempos passados era chamado de “jogo da velha” e hoje conhecemos por causa das “hashtags”. Estas são compostas por palavras-chave que, acompanhadas pelo símbolo, organizam os conteúdos publicados e facilitam os usuários nas buscas online. Ao utilizar as cerquilhas, o próprio título traz uma maior modernidade à estória e, como a própria protagonista admite em uma das cenas – reforçando ainda mais suas atitudes exibicionistas – ela não é um usuário digital comum, mas sim, um acontecimento. 

O sangue escorrendo na cerquilha indica que de fato o filme contém cenas fortes e de violência explícita.
Imagem: Ficha técnica / ninfabebeofilme

Outros recursos estéticos foram utilizados para trazer mais impacto às cenas. Cada personagem é representado por uma cor específica. A Cibelle (incluindo a casa e os cabelos da personagem) traz a cor vermelha para as cenas, que, segundo a Teoria das Cores, representa muito mais do que o sangue, mas também está ligado à sentimentos extremos, como o amor e o ódio; às boas e às más intenções. O vermelho também é a cor da paixão, do erotismo e da sedução, além estar associado a coisas proibidas e imorais, características e atitudes bem intrínsecas à personagem. 

Sobre essa cor em específico, é interessante ressaltar como a paleta vai clareando ao longo do filme. Nas cenas iniciais, Cibelle usa o tom mais escuro possível, o preto, demonstrando sua autoconfiança. Ao tentar se colocar como uma pessoa madura, experiente, ciente de suas atitudes e desafiadora nas questões da vida, a cor de suas roupas são num tom de vermelho bem marcante. Mas ao se mostrar indecisa quanto às suas atitudes, o tom diminui, mostrando uma vestimenta um pouco mais voltada para o rosa. E, quando a protagonista está completamente vulnerável e demonstrando suas fraquezas, sua roupa é branca, até mesmo para contrastar com o sangue das cenas finais. Então, de um extremo a outro, as cores se alteram conforme mudam os sentimentos da protagonista.
Já em relação aos demais personagens e analisando de acordo com o site Matilde Filmes, Daiana se veste de azul, transmitindo paz, harmonia e equilíbrio, o que, na psicologia cinematográfica das cores, seria o inverso do vermelho. Outra figura marcante no filme é Dionísio, representado por tons esverdeados, uma cor associada a um estilo de vida e à natureza. Tal personagem aparece em cena como um usuário e traficante de substâncias ilícitas, em especial da maconha, uma droga advinda de uma planta que muito simboliza o verde. Ainda, temos a personagem Dedé que, ao utilizar tons escuros, em especial o roxo, demonstra fielmente as suas características ao longo do filme: uma pessoa enigmática, extravagante, desequilibrada e soberba. 


Acima, as personagens Cibelle (já utilizando um tom mais claro de vermelho),
Dionísio (camiseta verde) e Daiana (de azul)
Imagem: Cena do filme / Deviantart

E ainda é possível observar a numerologia dos detalhes. Por várias vezes o relógio, a bateria do celular da protagonista e a quantidade de fotos e vídeos feitos pelas personagens, marcam o número 3 como sendo o de destaque. De acordo com uma análise subjetiva do Dicionário de Símbolos, o três, dentre tantas representações, está ligado à Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, o que pode ser uma representação distorcida, propositalmente, da família de Cibelle. Então, há o pai, nada responsável, que deixa a filha sozinha em casa sem cuidados; a filha, desajuizada, que não se importa com o sentimento de outras pessoas; e a mãe biológica, que não aparece no filme, mas é mencionada como uma pessoa bondosa, mas que está morta em decorrência de suicídio.
O que pode fazer ainda mais sentido é a representação do número para os gregos e romanos. O três também se manifesta como trindade divina, porém mitológica, entre Júpiter e Netuno, Plutão e Zeus, Poseidon e Hades, respectivamente. Essa explicação se faz mais coerente a medida em que percebemos, ao longo do filme, imagens, estéticas e nomes das personagens que fazem referência direta a seres e contos mitológicos.


O relógio do celular da protagonista marca 15:33 (3 horas da tarde e 33 minutos), confirmando a numerologia que verificamos em algumas cenas
Imagem: Cena do filme / Deviantart


O filme foi aprovado em primeiro lugar na edição inaugural do Edital do Fundo Municipal de Cultura promovido pela Fundação Cultural de Uberaba, em Minas Gerais. O mesmo foi contemplado com o valor de R$ 19.540,50 para a sua realização. As gravações ocorreram na cidade mineira nos meses de outubro e novembro de 2015 e, no ano seguinte, o longa entrou em fase de pós-produção para, em seguida, ocupar as salas de cinemas da região e às telonas de importantes festivais internacionais.

Redação

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