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Nova tarifa, serviços antigos

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O DAE, autarquia responsável pela água e esgoto na cidade, solicitou o aumento para repor perdas da inflação, porém melhorias no serviço não estão previstas à população baruense.

Por Nilo Vieira e Talita Bombarde

Bauru é uma cidade que tem diversas notícias sobre problemas relacionados à água e ao esgoto.  Em janeiro de 2016, com as fortes chuvas, a Estação de Tratamento de Água (ETA) foi alagada e as quatro bombas ficaram submersas, deixando 140 mil pessoas sem água. Nessa mesma época, uma parte do Jardim Colonial também ficou sem abastecimento devido algum problema estrutural do sistema. Os casos de vazamentos de água nesse período foram intensificados. No mês de junho de 2017, duas bombas de água queimaram – uma no poço profundo do Villagio III e outra no poço profundo Roosevelt – deixando essas regiões sem abastecimento. E por último, pode-se destacar o rompimento de uma adutora no dia 27/6 que deixou vários bairros da zona oeste sem água.

Vazamentos de água são constantes em bairros periféricos de Bauru, como Geisel. Foto: Nilo Vieira.

Diante desse cenário, no dia 2 de junho foi noticiado um reajuste na tarifa de água pelo Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Bauru. Em 2015 foi realizado um aumento de 35% – de acordo com o DAE, fazia 5 anos que não ocorria elevação da tarifa –  e em 2016, o aumento foi de 8% na tarifa. De acordo com Eric Edir Fabris, presidente da autarquia, esse reajuste é apenas para manter a eficiência do atual serviço.

Fabris afirma que o DAE pode aumentar arrecadação com a troca dos hidrômetros antigos, já que 45 mil dos 130 mil aparelhos espalhados pela cidade possuem atualmente um funcionamento de vinte anos. A vida útil desse aparelho é de cinco anos, depois disso ele começa a registrar um consumo menor de água do que o real. Esse novo recurso seria essencial para a autarquia poder investir na reforma da estação de tratamento e outras melhorias para a população.  Por último, Fabris relata como são realizadas as manutenções da rede nos bairros periféricos:


A Autarquia, em trabalho no bairro Jardim Colonial no fim de junho. Foto: Talita Bombarde.

A engenheira e especialista em questões hídricas Ilza Kaiser afirma que 60% da água consumida em Bauru é proveniente de poços artesianos, e os outros 40% vêm do rio Batalha.  Ela admite que há um bom trabalho em relação à água: “creio que o DAE atende a demanda de toda a população – fornecendo água em quantidade e qualidade adequada. A ETA que faz a captação de água do rio Batalha trabalha dentro das normas e atende todos os parâmetros estabelecidos na portaria de potabilidade”. Porém, em relação ao esgoto, afirma que DAE tem muito a fazer, dado que as iniciativas para construções das Estação de Tratamento de Esgoto (ETEs) são recentes.

O moto taxista Jorge Simões, atuante no bairro Geisel, concorda que o trabalho do DAE é visível, mas nem sempre efetivo. “Mas é algo geral na cidade, né, por causa dessa chuvarada do começo do ano”, indaga. Apesar de reconhecer o esforço da autarquia nos bairros problemáticos, Simões e seus colegas de profissão mencionaram vazamentos em uma grande caixa d’água no bairro – confirmada por nossa reportagem. “Vive vazando, pode ir lá ver”.

Caixa d`água do DAE no Geisel: vazamentos constantes. Foto: Nilo Vieira.

Para demostrar em números e comparar os serviços prestados pelo DAE, as duas tabelas abaixo contém as tarifas cobradas por residência pela autarquia bauruense e pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), na região metropolitana de São Paulo.

Tabela de tarifa residencial DAE, junho de 2017

Classe de consumo m3/mês

Água (R$) Esgoto (R$)
0 a 6 10,44 10,44
7 12,19 12,19
8 13,93 13,93
9 15,67 15,67
10 17,43 17,43
20 39,56 39,56
30 76,63 76,63
40 130,25 130,25
50 197,12 197,12

Fonte: DAE 

Tabela de custo da Sabesp de maio de 2016**

Classe de consumo m3/mês Água (R$) Esgoto (R$)
0 a 10 22,38 /mês 22,38 /mês
11 a 20 3,50 / m3 3,50 / m3
21 a 50 8,75 / m3 8,75 / m3
Acima de 50 9,64/m3 9,64/m3

*Dados dos custos das cidades atendidas pela Sabesp na grande São Paulo. Fonte: Sabesp.

** Até o momento não houve reajuste na tarifa em 2017.

Realizando uma comparação simples, constata-se que os preços que o DAE pratica são menores do que da Sabesp. No entanto, isso não justifica a precariedade do serviço em diversas situações – e precisamos levar em consideração que custo de vida e de manutenção de obras na região metropolitana é maior do que em Bauru.

É importante compreender que os serviços prestados são muito aquém de outros departamentos similares. Apesar de tentar mostrar eficiência, fica evidente que o DAE ainda precisa avançar muito na prestação para justificar aumentos constantes na tarifa. Além disso, o arrecadamento da autarquia aumentou em 2017 e a prefeitura de Bauru recebeu verba federal para implantação/manutenção de esgotamento sanitário. Ainda que as dívidas também tenham subido (as principais razões apontadas são as horas extras exercidas em prol dos trabalhos após chuvas fortes),  cabe a reflexão sobre a administração financeira do departamento de água: as tarifas se renovam, os serviços não.

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Redação

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