Não é difícil encontrar alguém que possa falar palavras bonitas sobre Morgana Bastazini. A Bauruense, de 53 anos, é conhecida pelo seu trabalho no ramo dos transportes e pela personalidade irreverente. Morgana é secretária por formação, e trabalhou por muitos anos dentro de um escritório, mas quando estava grávida da terceira filha as complicações durante a gravidez a obrigaram largar o emprego.
Depois de alguns anos, Morgana se separou do pai de sua terceira filha. Mais tarde, começou a namorar um carreteiro. O ramo dos transportes ganhou, então, alguém que sempre sonhou em ser caminhoneira. Junto de seu companheiro, transportava bobinas de aço para o Sul do país. Na época, ambos trabalhavam como carreto, mas ela foi obrigada a parar por conta de complicações no rim direito.
Atualmente, Morgana trabalha com sua característica Montana vermelha dentro de Bauru. Seus clientes são majoritariamente universitários, que a contratam para fazer o transporte de móveis nas suas mudanças e consequentemente acabam ganhando uma espécie de mãe provisória. Os filhos biológicos são apenas três, Juliana, de 35 anos, Jhonatan de 33 e Eleonora, de 20.
É com muito carinho que ela declara para quem quiser ouvir: “Quem mais me contrata são esses universitários que eu amo de paixão, que eu acabo adotando e colocando debaixo da minha asa”. Para quem está há muitos e muitos quilômetros da família — como é o caso da maioria desses jovens — encontrar alguém que se preocupe e se disponha a ajudar quando necessário é crucial.
Para José, que cursa Design, ter alguém assim por perto em período de mudança era tudo que ele precisava, porque pode ser uma época muito estressante, mas graças a relação dos dois não foi. Segundo José, “Ela estabelece um vínculo que ultrapassa um simples serviço. Suas atitudes são honestas, gentis e dignas de uma pessoa com um coração enorme com muita paixão pelo que faz. Por isso que ela é tão querida por quem a conhece”.
Foram os traços empáticos de sua personalidade, inclusive, que estabeleceram uma amizade de anos com a pastora Maria Cristina. “A nossa igreja é uma igreja inclusiva, e ela se mostrou uma pessoa humana, sem preconceito. Pode chamar ela a qualquer hora, que ela tá disposta a ajudar, e isso foi o que me fez admirá-la mais, esse amor ao próximo.”, afirma Maria. Morgana não frequenta mais a igreja de Maria Cristina, mas a amizade das duas continua firme e forte.
Como dito no começo do texto, não é difícil achar alguém que queira falar coisas boas sobre Morgana. Ela é alguém que passa pela vida das pessoas deixando a sua marca e acolhendo quem precisa de colo. E, além dessa vantagem, é uma excelente profissional.
Suas habilidades como motorista foram testadas em 2016, durante um atentado. Era uma sexta-feira a noite, por volta das 20h, quando entraram em contato com a Morgana para realizar um transporte. “Uma senhora desesperada pediu que fizesse o transporte de uma cômoda, porque o netinho dela nasceu antes da hora e as roupas estavam todas jogadas em cima de um colchão.”.
Morgana explicou o problema no rim direito e avisou que não poderia carregar a cômoda, e a senhora disse que não tinha problema porque a cômoda já estava na calçada e o irmão dela podia ajudar a erguer. Quando chegou, ela percebeu que a cômoda não estava na calçada e que não havia ninguém esperando.
Foi aí que percebeu que algo estava errado. A senhora saiu da casa dizendo que o irmão dela havia esperado, mas ela tinha demorado muito para chegar e ele tinha ido embora. Insistiu para que Morgana entrasse na casa para olhar a cômoda. Depois de negar, a mulher disse que ligaria para o irmão voltar. “Eu percebi que ela tinha voltado muito rápido, não tinha dado tempo de fazer um telefonema, ela voltou lá fora e disse que ele pediu pra esperar um pouquinho que já já voltava. Eu falei ‘Tá bom, então enquanto ele vem eu vou ali em cima no disk cerveja e pegar uma água.’”, conta Morgana.
Depois disso, tudo aconteceu muito rápido. A mulher pulou por cima do capô do carro para agarrar a direção, e tentou tirar a chave que já estava na ignição, ligando o carro. Enquanto as duas estavam envolvidas em um confronto braçal, uma segunda mulher saiu da casa armada e começou a atirar no carro.
Segundo os policiais que registraram a queixa, se Morgana não fosse uma motorista profissional ela não teria conseguido sair de lá com o carro. Depois de se livrar da mulher que tentava agarrar a direção, ela acelerou e por pouco desviou de uma das balas que entrou pelo vidro traseiro, ricocheteou no banco do motorista e saiu pelo vidro do passageiro.
Se tem uma mulher que merece meu respeito e carinho e a minha amiga Morgana fico feliz em ver essa matéria publicada .Parabéns pra vc que fez esse lindo trabalho!