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O mundo dos bebês

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Venha conhecer como funcionam diversos aspectos da vida dos bebês, desde o nascimento até seu desenvolvimento aos três anos
 
Por Camila Gabrielle e Raíssa Pansieri
 
A partir do momento em que uma mulher engravida, ela se depara com um mix de sentimentos. A variação humoral-hormonal é tanta que parece até que a gestante vive em uma montanha-russa. Com altos níveis de estrogênio e de progesterona no organismo, é comum que haja uma alteração no comportamento e na sensação de bem-estar feminina, tornando a futura mamãe mais sensível.
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Gestante admira com ternura sua barriga de 32 semanas de gravidez (Foto: Camila Gabrielle)
 
Mas não são somente os hormônios os responsáveis pela “desordem” emocional vivida pela mulher durante a gestação. Fatores psicológicos também atuam nesse processo. Assim, por um instinto de sobrevivência, a urgência em se preparar para as incertezas e a necessidade de garantir um ambiente estável para o bebê também afloram a todo vapor.
É possível prever e se preparar para o que o futuro lhes reserva? Futuras mamães e papais, assim como os mais chegados na família, se questionam: “Como organizar a casa para o bebê?”, “Como garantir a sobrevivência do pequeno?”, “Qual a alimentação mais indicada?” e muitas dúvidas mais. O que passa despercebido e que, porém, logo será lembrado é: “O que se passa pela mente dos bebês?”, “Por que eles choram tanto”, “Será que eles fazem manha?”. Reunimos a opinião de especialistas no assunto a fim de desvendar como os pais, familiares e pessoas próximas à criança influenciam seu desenvolvimento cognitivo e motor. Todas as informações coletadas nos ajudaram e, esperamos, também ajudarão vocês a mapear o universo dos bebês.
 
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Bebê recém-nascido está atento aos estímulos que a tia faz em seus pezinhos (Foto: Raíssa Pansieri)
Papai, mamãe, titia!
A psicóloga Caroline Montanhaur explica: “A família é o primeiro ambiente de interação com o bebê, por isso, ela inicialmente será responsável por apresentar o mundo a ele. Novos estímulos, afeto, socialização e outras atividades”. E ela define o ambiente ideal de desenvolvimento saudável como aquele “que promova a aprendizagem, práticas parentais positivas e responsividade às necessidades do bebê”.
 
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Amigos  e familiares devem incentivar os bebês a explorarem os objetos à sua volta (Foto: Raíssa Pansieri)
 
No entanto, nem todas as famílias conseguem proporcionar um ambiente propício ao desenvolvimento dos nenéns. E, não raras vezes, a família pode atuar como um fator de risco ao desenvolvimento. Exemplo disso são os “pais com problemas de saúde emocional, violência familiar, negligência aos cuidados infantis, entre outros”, cita Caroline.
 
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Bebê dormindo enquanto os neurônios fixam os aprendizados do dia (Foto: Raíssa Pansieri)
Desenvolvimento de habilidades
Para um crescimento saudável, “brincadeiras dirigidas ou não ao bebê, assim como o seu acesso a objetos, é fundamental”, conta a psicóloga. O estímulo ao tato, olfato, audição e ao paladar garante que eles adquiram novas habilidades. A partir daí, a profissional explica que “o bebê já será capaz de indicar preferências, fazendo pequenas escolhas e aceitando ou recusando alimentos, brinquedos e contato”. Bruna Fernandez (26), mamãe da Vitória (1), conta que já percebeu esse tipo de comportamento seletivo em sua pequena: “Quando ela está doente e vomitando, a preferência pela papinha doce fica visível. Ela até cospe para fora parte do almoço e da janta”, diz.
 
Aprendizagem por etapas
“Os primeiros anos são marcados pela aquisição de muitas habilidades cognitivas, variando das mais básicas às mais complexas, como o comportamento de explorar objetos (visual e tátil) a classificar esse objeto em relação a tamanho, cor e demais características”, garante  a psicóloga Caroline. O estímulo de familiares e amigos é fundamental nesse período para o desenvolvimento cognitivo das crianças. Nessa fase o cérebro do bebê é 250% mais ativo do que o de um adulto.
 
Nascimento:  nos primeiros dias de vida, o recém-nascido tem baixa capacidade de fixação e pouca capacidade para distinguir cores, apresentando preferência pelo contraste.
Até o 3º mês:  o bebê começa a associar estímulos visuais com um evento – por exemplo, mamadeira e alimentação.
Até o 6º mês: nessa idade os nenéns já conseguem coordenar os movimentos do tato e da visão, ainda que com pouca precisão.
Um ano: ao completar o ciclo de 12 meses os pequenos passam a observar e tentam imitar expressões, buscar objetos escondidos após observar a ação de “esconder”, e conseguem diferenciar entre pessoas conhecidas e desconhecidas.
Dois anos:  com habilidades mais aprimoradas, os bebês conseguem imitar movimentos, combinar objetos de acordo com propriedades como cor e formato, além de apontar figuras específicas em um livro.
Três anos:  nessa fase, que representa o fim da primeiríssima infância, montar quebra-cabeças e fazer desenhos simples já é algo possível aos pequeninos.
 
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Nutricionistas recomendam amamentar o bebê por até dois anos (Foto: Camila Gabrielle)
Por que eles fazem isso?
Gabriela de Oliveira (21), a mamãe do Davi (3), conta que logo nos primeiros meses seu filho tinha dificuldades em dormir a noite inteira e, não raras vezes, “acordava às três horas da manhã e ficava batendo palmas deitado no berço”, conta. A explicação para essa e outras atitudes similares, segundo Caroline, é que “Há evidências científicas de que os bebês, desde muito pequenos, já conseguem aprender novos comportamentos”. E, através da repetição, eles estimulam a memória e o aprendizado diário. Correlato ao desenvolvimento da cognição, há o desenvolvimento da linguagem, com uso de sons para comunicação e de gestos para a compreensão de palavras.
 
Não, não, não!
Até os três anos de idade a criança passa por diversas mudanças alimentares, que vão desde o aleitamento materno até a introdução de alimentos sólidos, com a chegada dos primeiros dentes.
 
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Bebê de um ano já é capaz de escolher suas preferências alimentares e direcioná-las à boca (Foto: Raíssa Pansieri)
 
Segundo a nutricionista Débora Tarcinalli, coordenadora do Curso de Nutrição da Faculdade Integrada de Bauru (FIB), o ideal é amamentar a criança até os 2 anos, sendo que o aleitamento materno deve ser exclusivo durante os 6 primeiros meses. Após este período, a nutricionista orienta que é ideal inserir água e sucos no dia a dia da criança, “iniciando a alimentação com frutas, de preferência as mais doces, até chegar nas mais ácidas – abacaxi, acerola, ameixa, laranja, limão, morango, pêssego e uva. A criança também deve fazer refeições próximas aos horários de almoço e de jantar da família. E, embora ainda não tenha dentes, devem ser servidos no prato: cereais (arroz, batata, macarrão), carnes (bovinas, de aves e peixes), hortaliças (folhas e legumes) e leguminosas (feijões, ervilhas e lentilhas)”.
Se a criança inicialmente rejeitar alguns alimentos, os pais devem insistir, apresentando-a àquele sabor pelo menos dez vezes. Assim, a criança aprende a saborear variadas texturas e sabores. Porém, ela orienta que os pais não misturem muitos tipos alimentares em um intervalo curto de tempo.
 
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Troca de fraldas faz parte do processo de criação de vínculo com o bebê (Foto: Rebecca Crepaldi)
Mesmo cardápio para pais e filhos
A nutricionista orienta também que “se a introdução alimentar desta criança for de alimentos saudáveis, as chances dessa criança no futuro consumir alimentos saudáveis são grandes. Agora, se os pais oferecem alimentos impróprios,  a criança aprende a comer errado, podendo desenvolver doenças com maior facilidade, como diabetes e hipertensão. As atitudes dos pais são reflexo direto na alimentação alimentação dos filhos. Crianças que aos 6 meses já tomam refrigerante fazem parte de um grupo que já se alimenta errado.
Gabi conta que divide com seu filho tudo o que come, pois quando ela se senta à mesa, ele logo se aproxima e começa a pedir o alimento. Débora explica que “a criança não tem vontade do que ela não conhece. No entanto, uma vez a ela oferecida a comida ou a bebida, ela identifica o gosto como agradável ou não”. Assim, pais que optam por se alimentar de uma forma saudável refletem no quanto de contato com itens naturais e processado seus filhos terão.
Processo pedagógico
O processo de aprendizagem da criança varia neste período e deve ser realizado com paciência, de acordo com a pedagoga Carol Torres. Isso porque os pequenos exigem mais que cuidados para atingir o vínculo afetivo.
 
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Bebês: sinônimo de curiosidade aguçada e crescimento acelerado (Foto: Raíssa Pansieri)
É neste período que um simples “trocar de fralda” faz toda diferença. “É interessante também realizar atividades que desenvolvam o bebê em sua totalidade: na parte cognitiva, aspectos motores, psicológicos, emocionais, afetivos, de noções espaciais e globais, entre outros”, afirma Carol.
Ela ainda ressalta que na fase dos 0 aos 3 anos o aprendizado é imenso. Alguns bebês já comem, outros estão aprendendo a sentar, outros já andam, correm e alguns falam. A quantidade de atividades que eles aprendem e praticam é variada.
A ida à creche ou à escola é um momento marcante para toda a família, pois é nessa fase que os pais e demais cuidadores passam a ganhar um pouco mais de autonomia. Por esses e outros fatores, a decisão de inserir a criança na creche deve ser feita em conjunto. “A criança que ingressa na escola terá dois ambientes para se desenvolver, sendo muito importante uní-los por meio de uma única rotina. Isso torna mais fácil a padronização do horário de dormir, comer, entre outros”.
Outro aspecto que precisa ser alinhado entre o elo família-escola é o modo de corrigir a criança. Enquanto alguns pais batem, os pedagogos dialogam. Então, assim que a criança apresentar um comportamento rebelde, a pedagoga orienta que é ideal a família e a escola verificarem a situação em conjunto. “É importante que o pedagogo estabeleça uma relação com a criança para que ele possa observar e identificar o que está levando a criança a ter esse tipo de comportamento”, aponta.
 
Como visto, o trabalho com crianças nesta fase delicada é complexo, por abordar diferentes períodos na vida do bebê, desde a amamentação aos primeiros passos, dentição, introdução alimentar e relacionamento com outras pessoas. Porém, o fundamental para a família e para o bebê é serem acompanhados por profissionais que os amparem e os auxiliem a lidar de uma maneira saudável com as situações que surgirem ao longo dessa caminhada repleta de mistérios e aventuras que é o universo dos bebês.
Citação:
Farroni T, Menon E. Percepção visual e desenvolvimento inicial do cérebro. Em: Tremblay RE, Boivin M, Peters RDeV, eds. Paus T, ed. tema. Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância [on-line]. http://www.enciclopedia-crianca.com/cerebro/segundo-especialistas/percepcao-visual-e-desenvolvimento-inicial-do-cerebro. Publicado: Dezembro 2008 (Inglês). Consultado: 19/11/2018.
 
 
 

Redação

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