Idosos contam suas histórias e revelam a humanidade do envelhecer.
Por Marília Munhoz, Gabriele Alves e Gabriela Arroyo
“Nem a juventude sabe o que pode, nem a velhice pode o que sabe”. A frase de autoria do escritor José Saramago valida o contraste entre a juventude e a velhice da vida. E uma das interpretações possíveis remete à ideia de que na velhice não seja muito comum usufruir com tanta energia as experiências que o passar dos anos proporcionaram. No entanto, essa situação vem mudando.
De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) − que apontava o aumento da expectativa de vida no Brasil para 73,9 anos, em 2013 − chega-se à conclusão de que este aumento está relacionado à disposição que, costumeiramente, tem andado de mãos dadas com a terceira idade. O estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), “Condições de funcionamento e infraestrutura das instituições de longa permanência para idosos no Brasil” , mostra ainda que, paralelamente a esse cenário, vem crescendo a procura dos idosos pelas casas de repouso.
Apesar dos motivos estarem mais relacionados à carência financeira e a falta de moradia, como aponta a pesquisa, os idosos enxergam nesses espaços uma maneira de terem mais independência e prolongarem a sensação de felicidade nesta fase.
Um lar para os idosos
É assim na Vila Vicentina Abrigo para Velhos, na cidade de Bauru, interior do estado de São Paulo. O abrigo foi fundado em 1940, pela Sociedade São Vicente de Paulo (SSPV), uma entidade que defende os direitos humanos das minorias. O terreno onde se localiza foi doado e, ao arrecadar fundos, os membros da comissão responsável construíram o pavilhão feminino, o masculino, o pátio, a cozinha, a lavanderia entre outras instalações.
Hoje, com mais de 75 anos, o local já passou por várias reformas, mas mantém uma área livre ampla e verde, além de uma capela inaugurada em 1961. Há dois serviços oferecidos pela Vila Vicentina: um serviço social chamado “Centro Dia de Referência da Pessoa Idosa” que recebe até 30 idosos no período diurno, fornecendo assistência socioeducativa com atividades culturais e de lazer supervisionadas por profissionais que procuram dar mais autonomia para o idoso. “É o atendimento diário, o idoso entra às 7h30 e vai embora às 18h, de segunda a sexta. A família traz e vem buscar”, explica Márcia Aparecida Chelin, coordenadora técnica da instituição.
O outro serviço é a permanência do idoso na Vila que faz do abrigo a sua residência. Atualmente, são 50 vagas para idosos com mais de sessenta anos e 44 delas estão ocupadas. Para ingressar em ambos os serviços é necessário fazer solicitação junto ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social, o Creas, e aguardar a avaliação que verifica as condições do idoso e de sua família. “Hoje têm os técnicos, a assistente social e os psicólogos. Eles avaliam a situação do idoso e da família, solicitam a vaga e vem com o encaminhamento”, descreve Márcia. Entre as etapas está também a visita domiciliar ao idoso.
Apoio e colaboração
A manutenção da Vila e de seus serviços conta com o apoio do governo municipal, mas essa verba só cobre 30% dos gastos totais. “A Vila Vicentina se mantém com a colaboração da comunidade de modo geral. Todo idoso que mora aqui destina 70% do dinheiro dele para a instituição. Isso é garantido pela Lei do Idoso e 30% fica para ele fazer o que ele quiser”, afirma Marcos Vinicius Perassoli de Camargo, membro do corpo administrativo do abrigo.
Outra parte da arrecadação vem do call center, profissionais que ligam para a população pedindo doações diariamente. “Nós temos alguns aluguéis que geram renda e uma festa anual que ajuda a complementar”, descreve Camargo. Tem idoso que não tem aposentadoria, mas também é acolhido pela Vila. Para os residentes, há assistência médica, recreativa, social e psicológica, além dos cuidados com nutrição e fisioterapia. Todos representados por profissionais.
Os idosos podem receber visitas não só de seus familiares, mas também de pessoas que se simpatizam com a história de cada um e que acabam por “adotá-los” para uma conversa ou para um passeio de acordo com o regimento da Vila. Alguns têm autorização para saírem sozinhos ou acompanhados.
Segundo a assistente social do abrigo, Vivian Fumis Carriel, a Vila é um espaço de convivência que valoriza a disposição do idoso e o ajuda a nunca se sentir sozinho. “Aqui eles ficam juntos, conversando. Não ficam esquecidos ou abandonados como muitas pessoas pensam”, conta Vivian. Contudo, ela orienta que o abrigo não pode substituir o protagonismo da família. “Nosso papel enquanto entidade é cuidar da alimentação, saúde e higiene, mas o papel da família para relembrar o tempo em que eles moravam juntos, nós não conseguimos suprir”, completa.
Uma família
Não é só a Vila Vicentina que desempenha função importante ao assegurar os direitos dos idosos neste contexto em que as taxas de envelhecimento da população subiram. A, aproximadamente, sessenta quilômetros dali, desembarcando na cidade de Jaú, a Vila Dignidade também garante moradia e independência para a população da terceira idade.
São vinte e quatro casas ao redor de uma pequena praça que se torna grande quando os idosos que moram ali resolvem se reunir para conversar. Com portaria e segurança garantidas, cada idoso adquiriu uma casa previamente mobiliada com fogão, geladeira, mesa de quatro cadeiras, armário de cozinha, guarda-roupa e uma cama box de solteiro.
A iniciativa de construir a Vila − que é denominada como “equipamento social” − faz parte do programa “Vila Dignidade”, uma parceria entre a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e as prefeituras das cidades. Para a entrega da casa é realizada triagem para averiguar se o idoso cadastrado, com sessenta anos ou mais, se enquadra nos requisitos exigidos que incluem renda mensal de até um salário mínimo e ausência de vínculo com outras posses.
Convivendo com dignidade
A ideia do equipamento social é a de que o idoso possa aproveitar esta fase da vida com independência e direitos garantidos. “Cada morador tem sua independência total. Eles recebem a casa previamente mobiliada e o município cede o imóvel até quando eles possam estar vivendo aqui”, comenta a coordenadora da Vila, Silvia Mazeli Helene. O idoso tem direito à moradia até o fim da vida e durante o tempo em que morar nela, ele não paga aluguel, luz e nem água. Entre as causas que o desvinculam da Vila Dignidade estão: a invalidez, os problemas de convivência coletiva ou o óbito.
Silvia descreve ainda que essa independência, no entanto, precisa também ser financeira, de vida diária e de vida prática, pois é o próprio idoso que faz suas compras, sua comida e sua limpeza. Há um livro de registros que marca quem sai e quem entra do local e as visitas familiares acontecem todos os dias das 8h às 20h Aos finais de semana esse horário se estende até às 21h, já que muitos idosos aproveitam para jantar com seus familiares. Nas casas não é permitido que pessoas de fora passem a noite.
O diretor da unidade Guilherme Pavini Caramagno ressalta que, apesar dos idosos serem independentes no local, a administração fica sempre atenta ao comportamento dos moradores. “Às vezes o morador fica dois dias sem sair de casa, alguns têm telefone móvel, outros não têm, então, a gente vai até lá e bate na porta, para saber o que aconteceu”, conta.
Na Vila, entre as atividades socioeducativas, não obrigatórias para os idosos, estão as aulas regulares três vezes na semana que fazem parte do projeto de alfabetização “Educação para Jovens e Adultos” (EJA), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, que proporciona também passeios e visitas a museus e institutos culturais. Incluem-se ainda as festas em datas comemorativas, o inverno solidário, as confraternizações promovidas por grupos voluntários e o artesanato.
Não é permitida a moradia de mais de dois idosos por casa. Essa convivência só acontece se os idosos pertencerem à mesma família ou forem cônjuges. Não há divisão de quarto entre amigos, por exemplo. Apesar disso, Silvia ressalta que os idosos da Vila são bem unidos. “Aqui é que nem família. Família briga, mas daqui a pouco está perto, o relacionamento e o convívio aqui é assim”, completa a coordenadora.
São esses tipos de configuração espacial que, mais do que abrigar o idoso, abrigam também suas histórias e suas percepções de mundo, possibilitando a vivência coletiva de pessoas que estão na mesma fase da vida. A seguir, reúnem-se cinco perfis de senhores e senhoras que ora na Vila Vicentina, ora na Vila Dignidade, encontraram abrigo também para suas esperanças e para a felicidade que tanto desejaram preservar, ou encontrar.
PERFIL | JOSÉ VIEIRA CABRAL
“Hoje faz dois anos que moro aqui”
Dia dezessete de Janeiro de dois mil e quinze foi o dia em que José Vieira Cabral, de 67 anos, se mudou para a Vila Dignidade, para, assim, conquistar sua independência.
A passos rápidos, seu José nos guia para a casa número oito, que logo na entrada se mostrava um ambiente vivo, com as frutas e o rádio em cima da mesa, o jardim da frente bem cuidado e a horta no fundo do quintal. A horta, mais do que depressa, é o centro das atenções. As alfaces e cebolinhas recentemente colhidas são os orgulhos do morador que troca hortaliças com os vizinhos e cuida da plantação com zelo.
Vestindo camisa roxa e calça social, seu José gesticula as mãos com uma animação admirável. O coração se abre a cada nova palavra, conforme conta sua história. Nasceu em Macaubal, no Estado de São Paulo, viveu por anos no Mato Grosso e se mudou para Jaú, em 1983. Uma longa caminhada antes de chegar à casa número oito.
Antes da vila, foram sete anos e três meses vivendo em uma pensão, no porão. O banheiro era compartilhado, o ambiente pequeno e a individualidade prejudicada. Mas após longa espera a boa notícia chegou, afinal, seu José moraria na Vila Dignidade. “Olha, não é muita diferença de lá pra cá, só mil por cento”, brinca. Embora não participe dos projetos realizados na vila, reconhece e valoriza a assistência, à segurança e as relações entre os moradores.
Independente dos filhos financeiramente, o Zé Matogrosso, como os amigos o chamam, relata que quando era casado imaginava a terceira idade em família, mas o fato de ter se separado o fez ver novos rumos para o futuro. Hoje sua casa está sempre preenchida pelos filhos e pelas cinco netas, as quais são relembradas com carinho.
Sentado de lado na cadeira da cozinha, o semblante alegre demonstra uma beleza delicada, que outrora fora admirada, bem como mostra na foto três por quatro da identidade. “Olha, eu saí na revista, no jornal, quando a vila inaugurou; fiz um joia com a mão e saí na foto”, conta com orgulho.
PERFIL | MARIA IMACULADA FERREIRA
“Namoro sem beijo é igual macarronada sem queijo”
“Eu não sou muito chegada em televisão, mas tem algumas coisas que eu gosto. Novela, por exemplo, eu gosto muito de novela! Principalmente as de amor”. No seu quarto na Vila Vicentina, Maria Imaculada Ferreira liga a televisão na Rede Globo e assiste as quatro novelas da programação. “Malhação, Sol Nascente, Rock Story e A Lei do Amor, estão todas muito bonitas. Só não assisto Cheias de Charme porque é reprise e eu já assisti”, explica ela.
Falando em amor, Maria Imaculada está começando uma nova história. Há dois meses, ela e Jorge, outro morador do local, estão namorando. Começou assim: “a gente jogava dominó, daí ele começou a pegar na minha mão… e, então, decidimos namorar”, narra e completa às gargalhadas, “se a gente beija? Claro que beija! Namoro sem beijo é igual macarronada sem queijo” – realmente, sem graça.
Mas os amores de Maria não foram sempre assim cor de rosa. Aos 15 anos, ela se casou, aos 18 estava separada. Além dos três filhos do casamento, “acabei tendo mais três, um de cada pai. Eu queria encontrar alguém, porque achava que para ter um lar eu precisava de um marido”. Maria não encontrou o marido que procurava, mas em meio a tantas decepções descobriu em si mesma a pessoa que poderia ajudá-la.
“Eu consegui uma casinha do CDHU, trabalhava como cozinheira para famílias e restaurantes e criei meus filhos”, conta, explicando também que durante esse percurso – o qual pode ser chamado de vida – teve depressão, foi internada em um hospital psiquiátrico, perdeu um filho e sofreu com o alcoolismo (doença que continua a tratar).
Como ela se sente hoje, vivendo a terceira idade? Realizada. “A única coisa que pensava sobre a velhice quando era jovem é que eu não iria querer morar na casa dos meus filhos, porque eu não queria incomodar eles e também não queria ser incomodada. Aqui eu realizei essa vontade”, relata alegre e livre da obrigação de ter que agradar os outros (beneficio que o tempo traz).
Maria ainda tem sonhos e o maior deles é casar novamente, “quero uma companhia para compartilhar os momentos da vida”, comenta. Pelo jeito, para Maria Imaculada a novela ainda não acabou. Que o final seja feliz.
PERFIL | ANTENOR ALVES
“Eu sonho ganhar na Mega Sena”
Voltando ao salão de convivência da Vila Dignidade, quem nos espera é Antenor Alves, de 72 anos. Morador da casa número dez, o senhor alto nos guiou até seu lar timidamente, em passos mais lentos que o vizinho José.
Ao abrir a porta do principal ambiente da casa, a sala conjugada com a cozinha, a primeira visão a ser contemplada é de uma Mobilete roxa, nova, com banco visivelmente confortável, impecável. Uma clara representação do cuidado do dono com as suas coisas. “Comprei por três mil e oitocentos e agora vale mais de cinco mil reais”, orgulha-se seu Antenor.
Além da Mobilete, cada móvel e elemento da casa contam sobre a personalidade de Antenor. O Mini System no quarto revela o gosto pelo bom som e pela música; os quiabos em cima da mesa da cozinha dados pelo vizinho demonstram as relações de amizade e afinidade entre os moradores; o cuidado com a pequena horta no fundo do quintal que, assim como a de seu José, dá bons frutos como laranja, mamão, alface, chuchus e o delicado abacaxi tomando forma no pé.
Detalhes como esses ganham ainda mais significado quando Antenor conta que nasceu em Cafelândia e morava em uma fazenda em Jaú. Trabalhava na Copersucar, maior exportadora brasileira de açúcar e etanol, carpindo café, plantando cana-de-açúcar e construindo cercas. “Aqui é melhor. Pode entrar e sair a hora que quer; meu colega que trabalhou comigo sempre vem me visitar. Aqui não tem briga, é cada um no seu canto”, conta timidamente.
Solteiro, seu Antenor revela que nunca pensou em como seria envelhecer, mas que se sente muito feliz vivendo a terceira idade. “É muito bom viver aqui. Mas por enquanto, a gente continua tendo esperança. Eu sonho ganhar na Mega Sena”, gargalha, descontraído.
“O mais pesado mesmo é almoçar”
“Com um modo bem cortês/ Responde o peão pra rapaziada/ Essa riqueza não me assusta/ Topo e aposto qualquer parada”. Esses versos cantados por Tião Carreiro e Pardinho contam a história de um viajante que foi maltratado por um fazendeiro de café por estar vestido de forma simples. O que o fazendeiro não sabia é que, apesar da roupa surrada, aquele homem era um grande criador de bois da região de Andradina (SP). O Rei do Gado. Para Almerindo Mendes da Silva, essa é a sua música favorita.
Nascido em 14 de fevereiro de 1955 no município de Taiobeiras, Minas Gerais, Almerindo trabalhava no campo antes de se mudar para o Estado de São Paulo. Em solo paulista, viveu em Andradina – ponto de parada da sua vida que o fez gostar do modão sertanejo de Tião Carreiro e Pardinho. De Andradina, Almerindo mudou-se para Bauru, município em que fez parada definitiva e, hoje, mora há mais de 30 anos.
Almerindo construiu casas na cidade bauruense. Tanto a sua, quanto a dos outros – a sua para ter a segurança de um teto e a dos outros por profissão. Durante a mocidade e vida adulta, ele confessa que nunca tinha pensado sobre como seria envelhecer. “Pensava mais em vaidades… só vaidades não, trabalhar também! Trabalhar, namorar e passear”, conta. Hoje, a casa que construiu é o lar da sua ex-esposa e de uma das filhas. “Pelo menos vou deixar alguma coisa”, comenta satisfeito consigo mesmo.
Há quatro anos ainda morava na casa que havia construído, mas aquele homem que até então não tinha sido internado uma vez sequer na vida, começou a perceber que, com o tempo, as coisas mudam – e mudaram: as pernas se atrofiaram e com a perda dos movimentos se foi também a liberdade de ir e vir, e a esposa, que pediu divórcio.
Depois de dois anos acamado, Almerindo mudou-se para a Casa Lar, onde ganhou uma cadeira de rodas e, pouco a pouco, foi conquistando novamente sua independência. E ele foi tão bem sucedido que depois de um ano e quatro meses de estadia foi transferido para a Vila Vicentina, onde come, toma banho e vai dormir por sua conta e risco, mas sempre seguindo a norma interna e recebendo suporte do pessoal da Vila, claro. Por lá, ele também joga dominó, faz passeios, recebe visitas e, com bom humor, considera que “o mais pesado mesmo é almoçar”. Ele disse que, às vezes, quando está sozinho no quarto até sente saudade da família, mas que é feliz por estar ali.
Bom, se a terceira idade é mesmo a fase da vida em que se tem sossego e tranquilidade, Almerindo pode dizer que está vivendo-a como se deve.
“Por que vou querer vida melhor do que essa?”
Um sorriso cativante, unhas pintadas de vermelho e uma conversa descontraída. A moradora do número três nos recebe com felicidade. A casa impecável e decorada de maneira delicada e cuidadosa transparecia conforto e aconchego. Um lar.
Maria de Fátima Griggio, de 63 anos, que morava com o filho antes de se mudar há dois anos para a Vila Dignidade, sorri com realização quando fala da nova casa. “Eu achei melhor, porque cada um gosta do seu cantinho. Agora ganhei a casinha e estou aqui, graças a Deus, feliz. Os vizinhos são gente boa, nos damos muito bem”, conta de maneira leve.
Sempre segurando a mãos e sorrindo ao conversar, Dona Maria é ávida frequentadora das atividades oferecidas pela Vila. Vai à escola, faz aulas de artesanato, Educação Física, participa de todos os passeios proporcionados aos moradores e aproveita as oportunidades que surgem. “Por que vou querer vida melhor do que essa?”, questiona a moradora.
Sobre envelhecer, Maria de Fátima afirma sempre ter pensado no assunto, por ser algo inevitável, afinal, todos envelhecem. “Eu achava que Deus ia me preparar alguma coisa muito boa na vida, porque toda a bondade que se planta se colhe. Então eu pensava que um dia minha vida ia mudar, porque eu sofri bastante. Como todo mundo fala: quando você sofre no começo, lá na frente você tem a felicidade. Foi o meu caso”, abre o coração.
Em toda a conversa, a moradora deixa evidente sua felicidade em viver na Vila, rodeada de amigas e pessoas que a quer bem. Conta que, por um acaso, após deixar seus dados para um programa de habitação, foi selecionada para viver na Vila e acompanhou a construção das casas. “Só o fato de morar debaixo de um teto, não pagar aluguel, energia e água já é uma grande vantagem,” se alegra, demonstrando toda sua gratidão.