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Os atuais paradigmas do mercado de produção cultural

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Apesar de muito bem quista, ainda há pouco auxílio e interesse na divulgação da cultura.

Por Josué Magalhães e Renan Hass

O mercado de produção cultural é de extrema importância para a população, glamourizado pela mídia e bem-visto por grande parte da população. Contudo, com o fervilhar tecnológico e os novos modelos de negócio, ele vem sofrendo diversas alterações na sua forma de construção e, também, de veiculação e venda.

O governo até tenta ajudar, afinal, a Lei Rouanet é um dos financiamentos mais utilizados pelos produtores culturais. Nessa lei basta ter a ideia, desenvolve-la e aplicar um orçamento, só que a partir dai surge a parte difícil, pois o problema reside na captação de recursos.

Essa dificuldade se deve ao fato de que nem sempre uma empresa quer (ou até mesmo pode) patrocinar o projeto e promover a cultura. O motivo é que essas são dependentes da relação de mercado e sempre visam o máximo lucro, pois além dos descontos fiscais que o governo as fornece, elas também querem divulgar sua imagem. Assim, optam por patrocinar artistas famosos e fecham os olhos para a produção que está fora de cena, seja por não ter alguma celebridade, ou até mesmo por fugir aos padrões comerciais.

Há inúmeras atividades culturais sendo produzidas, mas nem sempre conseguem o destaque necessário pelos inúmeros empecilhos que surgem, Izabelli Garcia é produtora cultural e organizadora de um grupo independente de teatro “Difícil quem abre espaço para os outros, tem que ter verba ou então se esforçar muito”. Concordando com a ideia, Gustavo Palma, gestor cultural e tecladista da banda Aeromoças e Tenistas Russas, quando questionado sobre a atual situação da produção cultural afirmou “Sabe o que acontece se ficar esperando o mercado vir te procurar? Nada. Ele não vem atrás. Tem que procurar financiamentos que vêm do poder público ou privado, buscar editais e chamamentos diretos”, porém já aproveita para não iludir o novo produtor cultural “Só não adianta achar que é fácil, há uma demanda gigantesca. Imagina quantas bandas não mandam material pro Sesc, por exemplo?”.

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Esse, sim, aparece como uma interessante oportunidade para as produções “underground”, afinal, é um dos poucos que dá abertura para projetos desconhecidos. Gabriela Navarro é a responsável pela circulação de bens culturais no Sesc de Bauru e mostra interesse nos produtos fora do conhecimento do grande público “A todo instante busco dar o máximo de espaço e valor para a cena autoral e que ainda não foi divulgada o suficiente. Há pessoas novas com conteúdos fantásticos que merecem espaço, não precisa só de Caetano Veloso”. No entanto, mesmo lá há seus empecilhos “O complicado é que a gente sofre com metas e tem que cumprir. As vezes uma escolha equivocada de trazer uma banda que não corresponde às pretensões de público pode provocar um rombo na meta”. Maurício Moraes é diretor de produção de uma produtora cultural e confirma “Não adiantar ter um projeto lindo se não vai pra frente”.

Diante de tantos problemas começa a surgir a dúvida de quais seriam as melhores alternativas para o mercado de produção cultural. Conhecer seu público-alvo e divulgar o projeto nas redes estão entre os principais fatores para se conseguir um financiamento “Na atual sociedade moderna, é inegável que tem que estar na rede, mas também é muito importante pensar no conteúdo que será gerado”. Gabriela Navarro também fornece uma dica: “O artista tem que estar conectado, não pode ser sonhar sonhador, tem que ralar, produzir e ir atrás de parcerias”.

Sendo refém dos problemas financeiros, os artistas têm que buscam outros empregos e esbarram na falta de tempo para a execução do trabalho artístico. “Um dos principais empecilhos pro artista é esse imediatismo, algum dos processos fica defasado, seja na produção ou no seu processo criativo. Se você ainda tiver que ter outro trabalho fica muito complicado”.

Outro problema recorrente é a dificuldade gerada pela enorme formalidade exigida para os financiamentos, já que “Existem inúmeros grupos de enorme expressão cultural, como comunidade quilombolas e indígenas, por exemplo, que não conseguem acesso ao financiamento por ser um processo extremamente formal e democrático”, completa Gabriela.

Entretanto, há também pontos positivos em produzir produtos relacionados ao mercado cultural. Maurício Novaes defende a profissão “É extremamente gratificante participar do arranjo produtivo cultural, pois é dar acesso à cultura, às formas de arte”. De acordo com a mesma opinião, Gabriela Navarro salienta “Além da tão comentada realização pessoal e o envolvimento com o universo artístico, eu vejo a cultura como um agente transformador, é a educação sem ser quadrado”. Já Izabelli Garcia, como artista, ressalta outros pontos “É aquele papinho de gente realizada, sabe? Uma sensação de dever cumprido com a sociedade e com “sua voz interior. Ver seu trabalho cada vez mais refinado, conhecido, retribuído, quem saber até fazer história? É manter a chama de um sonho constante e crescente de que você pode ser qualquer coisa tendo consciência de que não é nada. Viver isso é intenso e recompensador”.

Cartaz da peça O Inferno são os Outros, organizada pelo grupo de teatro independente Maquinaria. (Foto: Joyce Rodrigues/ Grp Maquinaria)

Cartaz da peça O Inferno são os outros, organizada pelo grupo de teatro independente Maquinaria. (Foto: Joyce Rodrigues/ Grp Maquinaria).

É fato que ainda há muito o que se melhorar, são necessários maiores investimentos e um processo que seja mais igualitário para a obtenção dos recursos, evitando que apenas os detentores de maior popularidade, conhecimento acadêmico e que seguem o padrão comercial, sem inovar, fiquem em destaque.

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Redação

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