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Viagens de recém casado agitam o mercado de turismo brasileiro até mesmo na crise
Por João Alves
Casar é uma experiência especial na vida de qualquer um que passe por ela. O dia do casamento é não só o momento de celebrar o amor a união, mas também de correria com os preparativos. Depois de toda a tensão que antecede o “sim”, a lua de mel surge como o merecido descanso dos recém-casados. E permitir que os pombinhos curtam ao máximo e tenham uma viagem perfeita é o objetivo das empresas que se especializam em atender as demandas de um público que tem impulsionado o mercado de turismo no Brasil. Para se ter uma ideia, mais de 1,1 milhão de casamentos foram realizados no Brasil no ano de 2013, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que representou um aumento de mais de 50% em relação aos anos anteriores. A demanda extra proporcionada por tanta gente trocando alianças tem alavancado as agências que cuidam de casamentos e viagens para recém-casados.
É o caso da Be Happy Viagens, especializada em roteiros de lua de mel e casamentos no exterior. Fundada em 1996 pela psicóloga e hoje empresária Jacqueline Dallal Mikahil, a agência trabalha com viagens de luxo e atende clientes de classe alta. Segundo Jacqueline, a decisão por trabalhar com uma fatia específica do mercado de turismo fez muito bem à empresa. “Nos primeiros 10 anos, trabalhamos de forma generalista. Há 9 anos, resolvemos apostar no mercado de lua de mel e abrimos um nicho que nunca havia sido explorado anteriormente. O nosso faturamento aumentou 500%”, explica Jacqueline. Segundo a empresária, mensalmente a agência recebe cerca de 300 solicitações de orçamento e vende, em média, 40 consultorias, que tem sido o serviço mais procurado pelos clientes durante o período de crise da economia brasileira. “O que estamos percebendo é que aumentou a adesão ao nosso trabalho de consultoria, pois os casais já não conseguem viajar para os destinos escolhidos, com o budget que haviam destinado para lua de mel e precisam reitinerar a viagem”, explica. Maldivas, Polinésia, Tailândia, Maurícia, África do Sul, Grécia, Turquia, Itália e Caribe são os destinos mais procurados pelos clientes da agência.
Grécia, um dos destinos favoritos dos recém-casados
Se a crise não assusta os casais, as variações cambiais de moedas estrangeiras, como o dólar, também não impedem quem deseja viajar e, porque não, se casar no exterior. É o que apontam as empresas especializadas no ‘destination wedding’, uma prática que vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil e que consiste em deslocar a cerimônia para locais diferentes das cidades dos noivos. Assim, é possível combinar casamento e viagem de lua de mel em um só evento. O crescimento do interesse nos ‘destination wedding’, principalmente quando eles envolvem viagens para o exterior, se deve, além da possibilidade de realizar o casamento dos sonhos dos noivos, a fatores financeiros: mesmo com a alta do dólar, por exemplo, casar fora do país pode sair mais barato que no Brasil. Além da economia com a viagem de lua de mel, os convidados são responsáveis pelas próprias despesas com transporte e hospedagem.
O ‘destination wedding’ permite que os noivos combinem casamento e viagem de lua de mel
Outra opção que tem ganhado popularidade são as luas de mel em cotas. Os noivos procuram uma agência, decidem pelo destino e dividem os valores de cada detalhe da viagem, como passeios e diárias de hotel, em partes que serão pagas pelos convidados. De acordo com Margarete Milessis, diretora da agência Gotas de Mel Turismo, o sistema de cotas é uma opção para casais que já moram juntos e não precisam ganhar presentes tradicionais como móveis e eletrodomésticos. “Muitos casais já possuem suas casas e não querem ganhar ‘objetos’, por isso a opção pelas cotas de viagem. É uma maneira de contribuir para a lua de mel”, explica. A agência, em atividade desde 1994, atende uma média de 10 a 20 casais por mês. A grande maioria dos clientes se interessam por destinos internacionais, principalmente Grécia, França, Itália, Caribe, Polinésia Francesa e Taiti. Para Margarete, a crise não tem influenciado as escolhas dos clientes pelo que as viagens de lua de mel representam para os recém-casados. “Lua de mel trata-se de um sonho e por isso os casais acabam não medindo esforços para realizá-lo”, argumenta.
As belas paisagens da Itália também estão entre as ‘queridinhas’ dos casais
Viajar contando com o apoio de uma agência geralmente representa garantia de segurança e conforto. No entanto, muita gente prefere a liberdade de decidir tudo por conta própria na hora de planejar sua lua de mel. Foi essa a opção escolhida pelo arquiteto Leandro Cunha e pela administradora Letícia Andreani. Eles se casaram no ano passado e decidiram sozinhos todos os detalhes da sua viagem de lua de mel. Com planejamento prévio e sites especializados para auxiliar na escolha dos passeios diários, a ‘aventura’ do casal durou 20 dias e atravessou Londres, Windsor, Paris, Versalhes, Bruxelas, Bruges, Amsterdã, Berlin, Oranienburg, Veneza e Roma. Segundo Leandro, o bolso foi o fator mais importante na hora de decidir por não contratar os serviços de uma agência. “Escolhemos essa opção por planejamento financeiro. Com o mesmo dinheiro que gastamos para ficar 20 dias, conhecer 6 países e 11 cidades, por agência ficaríamos apenas 7 dias e duas cidades”, aponta Leandro. O roteiro extenso da viagem surgiu como forma de agradar todo mundo. “Uma viagem internacional sempre foi o sonho da Letícia, eu sempre tive vontade de conhecer esses lugares e cidades, então decidimos juntar as duas coisas”, conta o arquiteto.
A quantidade de cidades que o casal optou por conhecer fez com que Leandro e Letícia buscassem hospedagem em hotéis mais baratos. No entanto, eles sempre se preocuparam com dois fatores: privacidade (afinal, é uma viagem de lua de mel, gente) e localização. Leandro explica que a preferência era por hotéis próximos a estações de metrô ou pontos turísticos. “Em Londres ficamos a 12 km do centro, mas a 600 m do metrô. Em Paris, ficamos ao lado do Molin Rouge (depois fomos descobrir que é um bairro perigoso) mas estávamos a 6 km da Torre Eiffel e fazíamos tudo a pé”, conta.
Mesmo com planejamento e atenção aos detalhes, marinheiros de primeira viagem internacional podem passar por algumas dificuldades. Leandro e Letícia tiveram sua cota de problemas. O primeiro foi em um hostel em Bruges, no interior da Bélgica. A recepção do local funcionava apenas por uma hora por dia. Como os dois só ficariam na cidade por cerca de 14h, a solução encontrada pela administração do estabelecimento foi deixar a porta do quarto aberta. E assim ela ficou durante a curta estadia deles. O segundo foi um pouquinho mais grave e aconteceu na Itália. A dupla, perdida e preocupada com o horário, decidiu aceitar a ajuda de uma prestativa italiana, que os levou até um beco. “A gente não sabia que lá eles ameaçam e arrancam dinheiro das pessoas assim. Um policial deve ter visto que eu era turista, porque eu estava com uma camisa do São Paulo, foi pra cima da mulher e nos levou pro lugar adequado. Depois rimos muito disso”, relembra Leandro.
Quem viaja sem o apoio de uma agência de viagens, como fizeram Leandro e Letícia, tem de passar sozinho pelas dificuldades que encontra. Para casais mais inseguros ou que viajam pela primeira vez para o exterior, a assistência oferecida pelas agências pode ser fundamental. Perda de conexões, extravio de bagagem e até mesmo problemas de saúde estão entre os problemas enfrentados pelos viajantes. De acordo com Jacqueline Dallal Mikahil, da Be Happy Viagens, a agência sempre mantém uma equipe local para socorrer os casais em caso de problemas. Já Margarete Milessis, da Gotas de Mel Turismo, avisa: é preciso tomar cuidado com a forma como os noivos contratam os serviços de sua viagem. “Lua de mel é um momento especial na vida do casal. Esse momento precisa ser inesquecível, com detalhes que só uma agência especializada possui. Para todos os casais temos um atendimento 24 horas em cada cidade visitada. Se preferirem, podem fazer contato com nossa agência no Brasil, que possui atendimento 24 horas”, explica.
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