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Ressureição Alviverde

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Por Rafael de Paula
Primeiro de dezembro de 2012, Vila Belmiro, Santos. Fim da 38ª rodada do Brasileirão. O time da casa vence o Palmeiras por 3 a 1, decretando o segundo rebaixamento da equipe em 10 anos. Poucos dias depois, o advogado e piloto de rali Paulo Nobre vence as eleições para comandar um clube rebaixado, que amargava um prejuízo de R$ 22 milhões de reais naquele ano, com 75% dos valores pagos pelos direitos de transmissão dos jogos de 2013 já comprometidos e com alguns de seus principais jogadores abandonando a barca enquanto ela afundava. O piloto estava diante de um carro capotado. Quatro anos e dois mandatos depois, o veículo alviverde não só estava de novo na pista, mas vencia com sobras a corrida.
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De terra arrasada, Palmeiras virou referência esportiva e financeira no país (Foto: Arquivo Pessoal)
 
Mais do que apenas resultados esportivos, o Palmeiras de hoje se mostra uma potência financeira. Com uma receita de mais de R$ 420 milhões de reais, é um dos poucos times do Brasil que não adiantou as cotas da TV para o próximo ano, além de ser um dos únicos que não atrasaram nem salários, nem benefícios a jogadores ou servidores durante o ano (apenas como comparação, o São Paulo chegou a atrasar 3 meses nos vencimentos dos atletas). Mas o que explica este “milagre verde”, e  que faz um time campeão?
Brasileirão 2016
“O que marca esse time do Palmeiras realmente é isso, a vontade de vencer. O Palmeiras busca explorar o que ele tem de melhor, e os jogadores estão determinados, estão focados a muito tempo em ganhar esse campeonato”. O comentário do ex-jogador Djalminha, no programa Resenha ESPN, após a vitória do Palmeiras sobre o Botofago pela 36ª rodada do brasileirão, marca bem a opinião de boa parte da imprensa esportiva sobre o então líder do campeonato. Apesar do bom elenco, e da organização, para vários comentaristas esportivos, o que diferenciava o Palmeira era a determinação em conseguir a vitória. Mauro Cezar Pereira, também da ESPN, já havia comentado semanas antes que o Palmeiras não apresentava um futebol brilhante, o que ele apelidou de “Cucabol” mas era um time que “se recusava a perder”.
Essa abordagem reflete o que é o futebol para a maior parte dos brasileiros. A passionalidade do esporte é tanta que chega a cegar torcedores e jornalistas, que tendem a creditar a vontade como fator predominante para o sucesso esportivo. Entretanto, como é possível quantificar a vontade de um grupo de jogadores? Dá pra afirmar que os atletas do campeão Palmeiras entravam em campo com mais “vontade de vencer” do que os do América Mineiro, que foi o último colocado?
Analisando as estatísticas do ano, percebemos que o buraco é mais embaixo. O Palmeiras, antes mesmo do início da competição foi apontado com um dos favoritos ao título. Logo em sua chegada ao clube, o técnico Cuca chegou a afirmar, em entrevista ao site Globoesporte.com, que seria o campeão brasileiro daquele ano, e o fez justamente após a eliminação do time na Libertadores e no Paulista, um momento que, em tese, não era bom. Quando o Brasileiro começou, deu pra notar que a confiança do treinador tinha razão. Sempre figurando entre os primeiros colocados, o time só não liderou a competição por 9 rodadas. Além do mais, foi dono do melhor ataque e da melhor defesa, além de ser o melhor visitante e o segundo melhor mandante. Também foi o time que menos perdeu e que mais venceu. Tudo isso se refletiu no título, o nono de sua história, sendo o quinto neste formato.
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Técnico Cuca: Da promessa ao título (Foto: Fernando Dias, Gazeta Esportiva)
 
Mais do que apenas raça, há uma série de fatores que auxiliaram o Palmeiras nesta conquista. Um dos principais deles foi a torcida. Após tantos anos de maus resultados, o palmeirense via em 2016 a chance de sair de um longo jejum de campeonatos brasileiros – eram 22 anos desde a última conquista – e a empolgação foi inevitável. Com uma média de público de mais de 32 mil torcedores, acomodados em uma das arenas mais modernas do Brasil, o palmeirense parecia encarnar o seu hino como a “torcida que canta e vibra”. Um dos momentos mais importantes na caminhada do título, foi justamente quando os palmeirenses de Londrina fecharam o aeroporto para recepcionar o time que enfrentaria o América MG, ocasião apelidada de Aeroporco.
Outra questão que parece diferenciar o Palmeiras das outras equipes do Brasil é a qualidade de seu elenco. Para o colunista do jornal Folha de S.Paulo, Tostão, este foi um dos segredos do título. “Muitos dos adversários do Palmeiras tinha peças individuais até melhores, mas não tinham um elenco tão bom. Este foi um dos diferenciais”.
A quantidade de bons jogadores também foi a solução para um dos problemas mais corriqueiros da equipe nos últimos anos, a quantidade de lesões que tiraram jogadores chaves dos jogos. Em 2014, a equipe chegou a ter tantos atletas de molho no departamento médico, que funcionários da assessoria de imprensa do clube foram convocados para participar de treinamentos, para compor a equipe reserva. Este ano porém, em vários momentos, não havia ninguém no DM. Além do mais, vários atletas que desfalcaram o time foram substituídos a altura, como foi o caso do goleiro Fernando Prass, que após uma grave lesão no meio do ano, deu lugar a Jaílson, que terminou o campeonato sem nenhuma derrota como titular.
Tudo isso, mesmo sendo colocado em segundo plano pela mídia especializada, é fundamental para qualquer equipe que almeje sucesso dentro nas quatro linhas. Se chamou atenção a quantidade de gols que a equipe marcava nos quinze minutos finais das partidas era por conta da elogiada preparação física da equipe. Se nenhum atleta ficou de fora de jogos por receber cartões vermelhos, um dos motivos era que a direção do clube impunha pesadas multas a quem era expulso de jogos. Se brigas e rachas no elenco, que antes estampavam as capas dos jornais esportivos quase que diariamente, não mais vieram a público, era por conta da blindagem em torno do elenco. O Palmeiras realmente mereceu a imagem de time brigador, mas isso está longe de ser o que colocou o título brasileiro de 2016 na galeria de troféus do clube.
Gestão Moderna?
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Paulo Nobre e seu sucessor Maurício Galiotte. Palmeiras se manterá sem ele? (Foto: Site oficial Palmeiras)
 
Um fenômeno que vem acontecendo entre os torcedores de vários times do país, e até entre vários jornalistas, é uma espécie de espetacularização dos dirigentes. Um exemplo mal sucedido disso é a chamada S.W.A.T do Internacional.Formada em agosto para tentar salvar o colorado do rebaixamento, o grupo era encabeçado pelo ex-presidente do clube Fernando Carvalho, mandatário na época da conquista do mundial interclubes de 2006, e que contava com grande apreço da torcida e da imprensa gaúcha. Cinco meses depois, o rebaixamento além de uma série de declarações infelizes comparando a situação do time no Brasileiro com a tragédia que acometeu a Chapecoense.
Um exemplo de um dirigente/ídolo que, ao menos por enquanto, vem dado certo é Paulo Nobre. Exaltado entre a torcida por seu perfil apaixonado, e entre a imprensa por ter transformado o Palmeiras em uma potência financeira, sua gestão é considerada moderna, ao menos aos padrões nacionais. No entanto, quando comparado a clubes da Europa, ou mesmo dos EUA, que tratam o esporte com mais profissionalismo e menos passionalidade, várias das atitudes de Nobre são consideradas arriscadas, para ele mesmo e para o clube.
Para o jornalista da revista Vice Fernão Ketelhuth, especializado em coberturas esportivas, as atitudes do dirigente teve o mérito de tirar o clube da lama. “Durante os últimos três anos e dez meses, Paulo Nobre emprestou ao Palmeiras cerca de R$ 200 milhões. Havia risco de corte no fornecimento de água e luz na Academia de Futebol, o centro de treinamento do Verdão. Bancos resistiam a oferecer crédito para um clube com fama de mau pagador”. O próprio presidente afirma ter ciência que este não é o melhor modelo. “Eu via que a saúde do clube dependia de um remédio amargo. Não havia outra saída”.
Apesar da importância do dirigente para o renascimento do clube, alguns afirmam que um conjunto de fatores específicos convergiram para o sucesso da equipe. Esta é a opinião do consultor em gestão esportiva e colunista do jornal O Lance Amir Somoggi. Para ele, a inauguração da Arena foi o diferencial para a saúde financeira alviverde. “Fez toda diferença neste processo de recuperação”.
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Haverá vida além de Paulo Nobre? (Foto: Felipe Larozza/ VICE )
 
Somoggi ainda coloca em xeque a figura de um único salvador. “Em alguns clubes europeus, existe o proprietário. Ali faz sentido ele investir capital porque o clube é dele. Aqui no Brasil isso não existe. A grande questão que existia era como o Palmeiras iria se manter com ele (o dirigente Paulo Nobre) fora da presidência. Hoje, a impressão que dá é que as vacas gordas vão continuar, mas novamente por conta de um “messias”, que é o caso do José Lamacchia e da mulher dele”. José Roberto Lamacchia é o dono da Crefisa e da Faculdade da América Latina, patrocinadores masters do Palmeiras. Estima-se que a renovação do patrocínio gire em torno de R$ 80 milhões de reais, o que fará deste o maior contrato do tipo no país.
Se foi por causa unicamente da figura de Nobre ou não, o fato é que o Palmeiras parece ter voltado aos dias de glória do passado. Entretanto, a diretoria tenta evitar que aconteça com o time o mesmo que com outros campeões recentes do Brasileirão, que após temporadas vitoriosas caíram muito de rendimento. Este foi o caso do campeão de 2015 Corinthians e do bi campeão das temporadas de 2013/14 Cruzeiro. O atual mandatário do alviverde paulistano Maurício Galiotte, eleito no começo de dezembro, garante que este não será o caso. “O Palmeiras será o grande protagonista do futebol nacional pelo menos pelos próximos dez anos”. Para a torcida palmeirense é esperar e torcer.

Redação

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