A criatividade pode ser uma chave para driblar a crise, ela pode nascer de um equipamento tecnológico até um tipo de arte. Esse setor chamado de economia criativa vem crescendo no Brasil, e já representa 2,64% do PIB nacional. A indústria criativa gera renda, empregos e produz receita de exportação. A área gerou uma riqueza de R$ 155,6 bilhões para a economia brasileira em 2015, segundo “Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil”, publicado pela Firjan em dezembro de 2016.
Economia criativa é um setor que engloba as indústrias criativas (atividades econômicas que englobam grupos que utilizam a criatividade e as habilidades dos indivíduos ou grupos como bens de consumo). “Nossos desejos pessoais estão mudando, assim como nosso sentimento de realização, de colaboração e a forma como nos relacionamos. Como resultado dessa transformação, a economia também está mudando. Seu foco passa de produtos para serviços, de commodities para experiências e de preços fixos para descontos e, até, para o gratuito”, explicou John Howkins, considerado o “guru” da economia criativa, durante o IV Seminário Internacional de Design do Salão Inspiramais em 2012.
O setor cresce no Brasil, porém para Lala Deheinzelin, o país ainda não acompanha as transformações de mercado necessárias. ”Falta articulação, porque o tipo de modelo que a gente tem não permite ação conjunta. E a economia criativa é um ecossistema. Florianópolis e Santa Catarina estão avançando, já que o ecossistema é muito ativado pelo parque tecnológico na cidade, e no seu entorno gravitam criativos, fundações. A tecnologia é o grande elemento que ativa a economia criativa.”, conta a especialista em entrevista.
Para Lala, especialista em Economia Criativa e o pioneira do tema no país, é preciso que saibamos que a solução para crises financeiras no futuro está empreender a partir daquilo que você tem de único, pois o grande tesouro dessa economia está na diversidade cultural. “Uma vez conheci uma pessoa que fazia marmita, que conhecia muito bem seus clientes e tinha uma relação afetiva com eles. Ela não fazia marmita igual, ela adaptava para cada um. O sucesso do negócio dela estava no conhecimento e na relação com os clientes. Então, digamos, é marmita com economia criativa. Economia criativa é a chave para qualquer tipo de empreendimento. É preciso inverter o binóculo, para prestar atenção naquilo que eu sou, o que eu gosto, no que eu acredito e com quais pessoas quero colaborar.” conta ela.
Um bom exemplo é o longa-metragem Arpilleras: Bordando a Resistência, que tem a estréia prevista para esse mês. O documentário produzido pelos integrantes do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) Guilherme Weimann e Vinícius Denadai (ambos ex-alunos de jornalismo da Unesp Bauru) mostra a realidade de dez mulheres que foram atingidas pela construção de barragens pelo Brasil e se uniram para bordar como forma de expor o impacto social e as violações dos direitos humanos causadas pela construção de hidrelétricas. O produto final vem repleto de valor cultural e social, além do valor econômico.
RADIOGRAFIA DA ECONOMIA CRIATIVA NO BRASIL