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O caminho para a arquitetura sustentável

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O conceito que representa o equilíbrio entre o ser humano e a natureza se faz presente também na construção civil
Jardins verticais e telhados verdes para contribuir com o isolamento térmico, janelas e claraboias para maximizar a iluminação proporcionada pela luz natural, sistema de captação de águas pluviais para reaproveitamento das mesmas, edifícios feitos de contêineres e móveis de madeira de demolição. O conceito de sustentabilidade não se resume apenas a essas medidas. Afinal, o que é arquitetura sustentável? Nada mais é que o equilíbrio entre questões ambientais, econômicas e sociais, otimizando recursos naturais no projeto. Dessa forma, é possível diminuir os impactos causados pelas construções civis no meio ambiente, além de incentivar a conscientização e o desenvolvimento social e refletir positivamente na economia.
A arquitetura sustentável propõe conciliar as necessidades humanas, como o abrigo e o conforto, com as matérias-primas disponibilizadas no meio ambiente, utilizando os recursos de maneira consciente e sempre atentando para as gerações futuras e os efeitos que o processo de exploração causará nelas. E como aderir a práticas que contemplem tais questões? É importante perceber que a arquitetura sustentável se dá desde o planejamento do projeto, ou seja, esse pensamento deve anteceder a construção e permanecer até o seu desmonte, se esse for necessário.
Práticas sustentáveis que podem ser aplicadas em projetos e no dia a dia
Viviane Cunha, diretora executiva da VCA Sustentabilidade (empresa responsável pela consultoria e certificação de áreas urbanas, edifícios e empresas), apresenta soluções para uma construção mais sustentável. Os procedimentos a serem incluídos no projeto consistem em implantar a construção no espaço para minimizar a movimentação do terreno, atentando para a área de permeabilidade do solo e vegetação nativa, que devem ser mantidas, permitindo que o terreno continue a escoar as águas pluviais para os lençóis freáticos.
Outra prática consiste na definição da volumetria, levando em consideração revestimentos, direção e proteção das fachadas das construções em relação ao sol e vento, o que reflete na questão termo acústica dos ambientes internos e externos e, consequentemente, na economia de gastos energéticos.
Há ainda a utilização de produtos certificados, materiais e sistemas especificados, e com características sustentáveis, como cerâmicas com componentes reciclados e metais que economizam uma porcentagem significativa de água, por exemplo. Outras medidas se referem ao canteiro de obras e sua organização para evitar desperdícios, risco de impactos e acidentes na obra ou nas proximidades, além da separação dos resíduos gerados para descartes separados, evitando impactos negativos e possibilitando reaproveitamentos e a remoção da construção, que deve ser realizada através do desmonte de componentes, viabilizando a reciclagem e a reutilização.
Cunha acrescenta que é preciso consumir menos, gerar menos resíduos e que a sustentabilidade é econômica, considerando aspectos financeiros. A diretora ressalta que “em alguns países ainda não se envolve o custo ambiental e social nas contas de custos e lucros, principalmente com questões relacionadas a impactos”. Impactos indiretos que são, muitas vezes, causados pela constância de pequenos hábitos insustentáveis praticados por muita gente, resultando em catástrofes e desastres dispendiosos. Ela afirma que todos arcam com taxas e perdas de diversos níveis e que essa conta significativa não é incluída na maior parte dos cálculos de produtos e serviços por aqui, mesmo muitos países já considerando tais gastos com clareza de detalhes.
Infográfico apresenta como tornar sua construção mais consciente: 
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Marc Van Lengen, em nome do Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura (Tibá), fundado pelo seu pai, mestre da bioarquitetura, Johan Van Lengen, explica que é necessário identificar os sonhos e as necessidades do cliente, estudar o terreno, produzir mapa e leitura geobiológica e agroflorestal, projetar a construção tendo em mente o entorno e os recursos disponíveis ali, aproveitar a iluminação e  a ventilação natural. É preciso ainda escolher técnicas da bioarquitetura e dos materiais utilizados, como areia, terra, bambu, madeira e uso inteligente do cimento, etc., a captação e tratamento de água por filtros biológicos e de energia proveniente da água, biodigestor, sol ou vento. Uma arquitetura mais ecológica e humana é “muito mais saudável, por vários motivos, para os habitantes, a sociedade e o nosso planeta”.
Bela Gil conversa com Marc Van Lengen sobre bioconstrução e apresenta atividades do instituto Tibá:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=x-0YKqkwxKA&w=560&h=315]
Os R’s da sustentabilidade e projetos que inspiram
Repensar, reduzir, reutilizar e reciclar são ações indispensáveis para uma efetiva sustentabilidade. Fred Crema, que trabalha com educação ambiental, sempre acreditou ser possível planejar uma construção com materiais descartados. Diante disso, decidiu que esse sonho guiaria o projeto de sua casa. Ele teve dificuldade com a questão da mão de obra porque as pessoas não estão acostumadas com a utilização desse tipo de material e isso influenciou o tempo demandado para a construção,  se estendendo mais do que o esperado em uma construção convencional. É necessário ressaltar que, mesmo com essa dificuldade, as vantagens foram e são várias, como ele destaca: “o reaproveitamento de material, você reaproveita aquilo que não está sendo utilizado, aquilo que é rejeito para muitas pessoas”.
Confira a entrevista com Fred Crema e as imagens de sua casa:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=eJ1ryoaweKQ?start=410&w=560&h=315]
A casa utilizou tijolos e madeiras de lugares abandonados na zona rural, tapiocangas, rodas de bicicletas, garrafas, portas antigas e é praticamente autônoma no sentido energético. Ela gera sua própria energia elétrica, o aquecimento é solar e há o reaproveitamento de água cinza, “você gasta menos recursos do meio ambiente e com isso aumenta a qualidade de vida para todos os que moram não só no entorno, mas pensando micro e macro no planeta”. Assim como Crema, a empresa Bauma Rental também se inspirou na reutilização para construir o primeiro condomínio de contêineres do país.
O projeto, que está localizado na cidade de Piracicaba (SP), surgiu como uma ideia na Bauma Expo, a maior feira de construção do mundo, e reflete na conscientização sobre reutilizar materiais, nesse caso, contêineres que não seriam mais usados com finalidade de transporte. A empresa comenta sobre o custo da construção alternativa  – cerca de 20-30% menor em comparação com a de alvenaria -, a equipe qualificada e as adaptações necessárias para deixar o interior confortável, como o isolamento térmico para evitar incômodos quanto ao calor, por exemplo. Além da significativa burocracia que envolve o processo de regularização.
O empresário Antônio Carlos Leão expõe seu projeto de condomínio feito de contêineres reutilizados:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=oah3C8ZSGy4&w=560&h=315]
Adequações essenciais para a certificação
De acordo com o engenheiro ambiental João Gallo atualmente existem alguns selos de certificação de construções sustentáveis e cada um deles possui particularidades. O mais difundido mundialmente, inclusive no Brasil (4° lugar com maior número de edifícios e espaços certificados), é o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). “Neste selo são agrupadas diversas normas técnicas que determinam um padrão de referência ao qual o edifício que busca certificação deve se enquadrar. E quanto mais eficiente perante esse padrão pré estabelecido, maior será a pontuação e maior será o nível de certificação, que começa em Básica, Prata, Ouro e Platina”.
Segundo o engenheiro ambiental, as etapas para realizar as adequações e atender aos requisitos são: primeiro, contratar uma equipe multidisciplinar com experiência em certificação ou contratar uma consultoria técnica para acompanhar o processo, orientando, corrigindo e realizando simulações termo-energéticas, que comprovam a eficiência do projeto. O próximo passo, por assim dizer, é referente à fase de obra, realizando acompanhamentos para registrar quantitativos de materiais adquiridos e resíduos gerados. O último momento é quando o projeto é registrado na plataforma LEEDOnline para cadastrar todas as construções e medidas sustentáveis incorporadas nelas. Essas ações são revisadas após pagamento de taxa pelo Green Building Council Institute que atesta o certificado LEED para o empreendimento. “Agora é só comprar a placa e pendurar na parede!”.
Ele conclui que a construção sustentável nada mais é que uma construção eficiente.  “É uma peça chave na mudança climática, uma vez que a construção civil é responsável por metade da extração de recursos naturais, 35% do consumo de energia e a maior geradora de gases de efeito estufa, tudo em escala global. Tornar edifícios sustentáveis uma prática convencional transformará a cultura do desperdício e trará à tona um modelo mais inteligente de se construir, atacando de frente um dos maiores vilões do aquecimento global”.
Produção: Christian Macías, Gabryella Ferrari, Mariana Mesquita
Imagem de capa: Revista Minha Casa
Infográfico: Piktochart
Vídeo 1: Canal da Bela – YouTube
Vídeo 2: Dendê na Mochila – YouTube
Vídeo 3: TV Claret – YouTube

Redação

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