Por Carol Oréfice e Giovana Matos Moraes
Contexto histórico e político
Gabriel García Márquez, Gabo, descrevia em suas obras ficcionais as belezas e a cultura colombiana. A partir das narrativas do autor, que ganhou um Prêmio Nobel de Literatura, o país passou a ser visto como um destino turístico repleto de mistérios, belas paisagens e histórias mágicas.
A Colômbia é a terceira nação mais rica da América do Sul. Detém riquezas naturais como as grandes plantações de café, cana-de-açúcar, banana, arroz, milho, cacau, fumo e algodão. Além de ser o território latino com as maiores minas de carvão e o maior produtor de esmeraldas do mundo. A economia do país também depende das exportações de petróleo e ouro.
No entanto, mesmo com essa grande quantidade de recursos, a realidade colombiana não condiz totalmente com as fantasias descritas na literatura de Gabo. Por mais que a geografia possibilite tamanho patrimônio natural, este país enfrenta há anos as oscilações proeminentes das ações das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que interferem diretamente em sua economia e nas relações externas.
O país de cerca de 48 milhões de pessoas, convive desde a década de 1960 com essa grande organização que tem como característica mais conhecida a promoção do narcotráfico.
O antagonismo entre as Farc e o governo colombiano, as duas organizações de poder do país, é marcado não só pela produção e venda de narcóticos, mas acima disso, por um conflito ideológico. As Farc, inicialmente, defendiam a população rural através de um discurso baseado no Marxismo e Leninismo. Seu objetivo era, por meio de táticas de guerrilha, fazer uma distribuição igualitária de renda. Além de promover o fim das parcerias com os Estados Unidos e uma reforma agrária justa e benéfica aos trabalhadores.
Com o passar dos anos, as Farc foram tomando diferentes nuances e propósitos, o que não mudou foi o constante embate entre o Estado e os clãs da oposição, disputa de gerou milhares de mortes em todo país.
Em 2019 o cenário político, econômico e social da Colômbia é ainda atrelado às Forças Armadas Revolucionárias, por mais que em 2016 o governo e as Farc tenham assinado um cessar-fogo e, teoricamente, a desmobilização oficial da organização, o conflito de anos reverbera na população e nas relações da Colômbia com o mercado externo.
Ainda hoje há grupos guerrilheiros que promovem a violência nas ruas, como é o caso do Exército de Libertação Nacional (ELN), que tornou-se a facção mais ativa contra o Estado.
Participação no MERCOSUL
O MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) é a organização intergovernamental das nações da América do Sul. Foi criado em 1991 a partir da assinatura do Tratado de Assunção, no Paraguai. Tem como principal objetivo a união econômica dos países participantes, sendo eles, Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, os países oficiais e Chile, Bolívia, Peru, Colômbia e Equador como parceiros.
A Colômbia é um país de grande importância no continente americano, sua participação é fundamental para manter as alianças comerciais entre os países membros, logo que a compra e venda de bens de consumo e produtos agrícolas colombianos promovem significativa movimentação do mercado sul americano.
Além disso, o país vem ampliando a oferta de comércio de serviços. Recentemente, a ministra do Comércio, Indústria e Turismo da Colômbia, Maria Gutierrez, assinou o Protocolo sobre Comércio de Serviços MERCOSUL-Colômbia. Dessa forma, o impacto do acordo ocorre, principalmente, no aumento da relação comercial entre os países envolvidos ao possibilitar maior segurança jurídica.
O pacto é vantajoso não só no âmbito comercial, mas também incorpora apontamentos sobre o serviço financeiro, o fluxo de pessoas físicas prestadoras de serviços, telecomunicações e o trânsito de capital.
O tratado aproxima não só o Brasil e a Colômbia, mas abre oportunidade de elo entre os dois blocos envolvidos – o MERCOSUL (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela) e a Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México e Peru).
Brasil e Colômbia: Vizinhos e parceiros comerciais
Em 2017, o comércio bilateral entre o Brasil e a Colômbia cresceu 25%, atingindo 3,9 bilhões de dólares. Embora isso ocorra, há uma disparidade entre as parcerias de ambos. Enquanto o Brasil é o 8º destino de exportações colombianas e a 4ª origem de suas importações, a Colômbia é o 23º no ranking de exportações e a 25º no de importações.
Juntos, os países do MERCOSUL formam a quinta maior economia do mundo, porém, em se tratando da Colômbia e do Brasil, pode elencar como a principal riqueza conjunta a Floresta Amazônica.
A fronteira entre esses países localiza-se exatamente no espaço ocupado pela Floresta. No território colombiano a área de mata toma cerca de 40% da área total do país. Já no Brasil, essa porcentagem é bem menor, devido a sua extensão territorial continental. O estado brasileiro fronteiriço com a Colômbia é o Amazonas.
Segundo informações disponibilizadas pelo Ministério das Relações Exteriores, a partir da fronteira entre os dois países, o Brasil desde 2006 envia grupos do Exército e da Marinha para auxiliar nas alianças de paz entre os grupos separatistas colombianos.
Além de dividirem a Floresta Amazônica, Brasil e Colômbia também compartilham de investimentos financeiros. Para o Itamaraty, os empresários brasileiros vêem a Colômbia como o segundo país mais propício para internacionalização de suas empresas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
As áreas de maior investimento brasileiro-colombiano são o agronegócio, o setor financeiro, empresas de siderurgia e de tecnologia da informação e comunicação.