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Em cima do muro: Peru mantém relação morna com o Mercosul

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por Lara Ignezli e Luigi Rigoni
“Foi a melhor viagem da minha vida”, descreve a turista em um site de uma agência de viagens. O depoimento não é isolado, muitos outros contam sua excepcional experiência com a estadia em terras peruanas. O país abriga uma das sete maravilhas do mundo moderno, a cidade de Machu Picchu. A construção, também conhecida como “cidade perdida dos Incas”, foi erguida no século XV no topo de uma montanha, a 2400 metros de altitude.
Por sua posição estratégica, só foi redescoberta em 1911 pelo antropólogo americano Hiram Bingham. Desde então, a cidade vem chamando a atenção por suas obras arquitetônicas grandiosas e pela paisagem exuberante, tornando-se um dos destinos mais procurados pelos turistas do mundo todo. Entretanto, recentemente o governo do Peru divulgou que restringirá o acesso a Machu Picchu pelas próximas semanas.
A decisão é uma tentativa de preservar a icônica cidade Inca dos efeitos traiçoeiros causados pelo grande número de visitantes, que chega a cerca de 6 mil visitantes por dia. O número é bem maior do que o recomendado pela Unesco, que aponta 2,5 mil visitantes por dia como o ideal. A medida pode pegar alguns turistas de surpresa, principalmente os brasileiros,  acostumados com a hospitalidade peruana.

A “cidade perdida do Incas” atrai visitantes do mundo todo (Foto: Danielle Pereira)


Em 2017, 3,9 milhões de turistas estrangeiros visitaram o Peru. Contabilizando somente os visitantes brasileiros, houve um aumento de 18% no tráfego, fazendo do Brasil o sexto maior emissor de turistas ao Peru – cerca de 149 mil pessoas. Podemos apontar diferentes causas para esse crescimento, um deles, é a facilidade em acessar o território peruano.
Além da distância física, que é relativamente pequena, temos os benefícios provenientes dos acordos de livre circulação do Mercosul. Para um brasileiro ir até o Peru, ele não precisa de passaporte. Esse é apenas um dos aspectos positivos decorrentes do bloco econômico. O Peru se associou ao Mercosul em 2003 ( países associados possuem grau de interação diferente, eles não adotam a TEC, Tarifa Externa Comum) e desde então vem colhendo frutos de sua decisão.
Durante o Braztoa Desvenda, um evento promovido pela Associação Brasileira dos Operadores de Turismo, a diretora de Turismo do Escritório Comercial do Peru no Brasil, Milagros Ochoa comentou sobre a importância do turismo para o país. Ela conta que a quinze anos, durante uma reunião sobre o futuro do país, foi decidido que que o turismo seria uma das prioridades do Peru, tornando-se a segunda atividade econômica do país.
Além das belezas naturais e dos sítios arqueológicos, o Peru conta com uma gastronomia riquíssima, sendo eleito no ano passado, pelo World Travel Awards, como Melhor Destino Culinário do Mundo, pelo sexto ano consecutivo. O título só comprova que o Peru é uma potência no setor. Ainda assim, o turismo não é a única grande engrenagem da economia peruana.
Além da histórica relação com a mineração, que cresceu ainda mais nos últimos anos com o investimento de empresas chinesas instaladas no território, o Peru é hoje um dos maiores exportadores mundiais de abacate, aspargos e uvas.
A boa relação com o mercado asiático leva ao crescimento econômico do país quando falamos sobre suas exportações e adaptações às mudanças do mercado mundial, mas essa aproximação pode ser considerada uma das razões para o relativo afastamento do Peru de seus vizinhos territoriais.
O Peru possui um papel reduzido dentro do Mercosul por ser um país associado junto com Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana e Suriname — e não um membro principal. Considerando que os membros principais Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai concordaram com a TEC, é importante observar a decisão peruana de ser apenas um país associado.
A TEC determina uma mesma tarifação sobre produtos exportados para países de fora do bloco, evitando uma possível concorrência. Para o Peru, essa mesma tarifação não seria interessante, pois o crescimento econômico do país se apoiou exatamente nas exportações durante os últimos vinte anos.
O crescimento econômico peruano previsto para 2019 pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) é de 3,9%, uma expansão latina que fica atrás apenas da Bolívia (com 4%), também um membro associado do Mercosul.
O Peru é claramente um destaque que lidera as pesquisas sobre o setor econômico latino, fato comprovado pelas expectativas da Comissão Econômica da América Latina e Caribe (Cepal) que prevê uma expansão de 3,6% do Peru, enquanto a média para a região é de 1,3%.
Segundo o economista Carlos Aquino, da Universidade de San Marcos (que fica em Lima), as estratégias de exportação foram se modificando e, principalmente, se adaptando nos últimos anos. Apesar do principal comprador dos produtos peruanos ser o mercado asiático, o país também mantém uma boa relação econômica com os países europeus, o que garante o lucro de pelo menos um de seus compradores.
Por isso, não foi vantajoso para o Peru se tornar um dos membros principais do Mercosul e se submeter à mesma tarifação de produtos exportados. O país precisava da vantagem de ter um bom preço para se tornar a opção viável para os possíveis compradores, e isso foi exatamente o que aconteceu. A estratégia de colocar o próprio mercado acima dos interesses coletivos da América Latina vem funcionando muito bem para o país.
Nesse contexto, podemos entender a situação do Peru como estratégica. O país faz parte do Mercosul, ainda que como associado, usufruindo dos benefícios que este título lhe garante. Suas belezas naturais e históricas continuam servindo como cartão de visita para turistas do mundo todo, principalmente dos parceiros do bloco. Ao mesmo tempo em que sua economia, baseada na exportação, permanece em alta, sem se prender as limitações impostas pela união com o Mercosul.

Redação

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