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Ferramentas auxiliam a mídia na cobertura das eleições municipais

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Manuais para jornalistas e para cidadãos interessados e plataforma antirracista promovem mais igualdade e responsabilidade em um pleito desafiado pela pandemia

Por Fernanda Rosário

Cobertura midiática eleitoral revela sua importância frente ao perigo de contaminações | Foto: Adobe Stock

A mídia e a imprensa em geral exercem um papel importante para a visibilidade de candidatos a cargos públicos. Com as eleições municipais deste ano acontecendo em meio a uma pandemia, que continua a mostrar um número significativo de infectados e mortos, esses veículos de comunicação conseguem levar a pessoas que cumprem um distanciamento social as propostas dos candidatos.  

 O primeiro turno das eleições está agendado para o dia 15 de novembro e o segundo para o dia 29. Como recomendação para evitar disseminação do coronavírus, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) elaborou um protocolo que, entre outros itens, pede que se evite a promoção de eventos com grande número de pessoas. É nas lacunas da falta de acesso que algumas pessoas podem ter neste período eleitoral atípico, que a mídia e os veículos de comunicação podem se fazer presentes e atuantes.

Jornalistas comprometidos com esta cobertura eleitoral devem estar atentos a maneiras de fazer matérias e reportagens de uma forma transparente, que combata fake news e também promova informação justa, igualitária e antirracista. Ferramentas e guias com boas práticas auxiliam os profissionais.  

Manual para cobertura das eleições

O Manual GPI 2020 é um guia básico para pessoas interessadas (repórteres e demais cidadãos) na cobertura das eleições municipais. Ele é publicado desde 2016 e integra o projeto Grande Pequena Imprensa (GPI), que foi idealizado por Alberto Dines, jornalista e fundador do Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo.

Manual funciona como guia básico para todos os interessados na cobertura das eleições municipais | Foto: Reprodução

Segundo a diretora de operações do Projor e editora do Manual GPI, Angela Pimenta, a ferramenta foi criada para facilitar a vida do repórter, porque ela reúne vários indicadores referentes à educação, habitação, meio ambiente, mobilidade, saúde, segurança e orçamento. Os indicadores são pensados de forma a comparar municípios que façam sentido. “Quando a gente faz isso você tem condições de aferir o que está acontecendo com a vida dessa cidade”, ressalta a jornalista. 

Além da ferramenta de dados municipais e guia sobre outras questões críticas como transparência e política pública, o manual traz informações sobre procedimentos jornalísticos como checagem, verificação, ética e jornalismo de dados. Também conta com uma área de perguntas que ajuda a construir um perfil dos candidatos e a entender o que eles querem e pretendem com o cargo. 

“São temas áridos e difíceis tratados de uma forma amigável, de maneira que quem quer, pode se aprofundar através do hiperlink”, destaca Angela. 

O manual pode ser ainda mais interessante para cidadãos de municípios com déficit de informação ou situados em desertos de notícias. As pessoas interessadas em fazer uma cobertura dos candidatos aos cargos de prefeito e vereador podem se basear nesse guia. 

“Eu convido vocês a olhar para esse manual também como eleitores e perguntar ‘será que esse candidato está me servindo no meu direito enquanto mulher, enquanto gay, enquanto judeu ou enquanto ambientalista, naquilo que eu como indivíduo tenho de diferente?’”, questiona Angela. 

Posicionamento da mídia frente à cobertura antirracista

O ano de 2020 também foi marcado por uma pressão no TSE para que houvesse reserva de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e tempo de propaganda gratuita eleitoral distribuídos de forma igualitária entre candidatos brancos e negros. Os partidos já devem promover nestas eleições essa destinação proporcional. 

Segundo Nataly Simões, jornalista e editora da agência Alma Preta, o estabelecimento desses critérios faz diferença, porque torna os candidatos negros mais visíveis. “Favorece a cobertura da mídia, porque se um candidato negro passa a ter mais visibilidade na televisão que um candidato branco, a mídia vai acabar pautando mais”, diz. 

Além disso, os novos critérios abriram oportunidades de novos assuntos para jornalistas trabalharem.  De acordo com registros disponibilizados pela Justiça Eleitoral em 27 de setembro, mais de 42 mil candidatos mudaram sua declaração de cor/raça em comparação com a informação que deram nas eleições de 2016. Desse número, 36% alteraram a cor de branca para parda. 

“Isso já abre uma possibilidade de uma cobertura antirracista para você ouvir, por exemplo, pessoas especializadas no caso das cotas raciais e falar sobre a importância da heteroidentificação, sobre a importância de checar essas fraudes e trazer pautas com dados”, exemplifica Nataly. 

Posicionamento dos veículos de comunicação promove transparência e auxilia leitores a entender os processos de cobertura | Foto: Reprodução

É importante que os veículos de comunicação também busquem formas de cobrir as eleições de uma maneira transparente para os eleitores. A agência Alma Preta, por exemplo, optou em construir um editoral para explicar o direcionamento de sua cobertura neste período diante da impossibilidade de falar sobre todos os candidatos para as eleições municipais do país inteiro. 

“A gente fez o editorial para explicar para as pessoas que a gente ia focar nossa cobertura na disputa para prefeito. Então acho que foi muito importante para deixar claro o que a gente ia cobrir e também reafirmar o nosso posicionamento, enquanto uma agência de jornalismo”, explica a editora da agência. 

Dicas para uma cobertura eleitoral plural e igualitária

A Plataforma Antirracista nas Eleições (PANE) reúne as ações e ferramentas propostas pelo Instituto Marielle Franco para mover estruturas do sistema político brasileiro. Eles ajudam a fomentar a entrada de mulheres negras em espaços de decisão e a pressionar os partidos para viabilizarem essas candidaturas. 

Plataforma PANE mesmo não sendo destinada a jornalistas pode ajudar na construção de pautas plurais e comprometidas com antirracismo e feminismo | Foto: Reprodução

Além disso, a plataforma cobra candidaturas comprometidas com a defesa de políticas públicas, práticas e pautas antirracistas, feministas e populares por meio da Agenda Marielle Franco. É um local em que jornalistas e cidadãos interessados encontram informações sobre compromissos e uma lista de candidaturas de todo o país que se engajaram integralmente com a Agenda. 

A editora da agência Alma Preta, Nataly Simões, também listou algumas dicas para quem vai cobrir eleições:

  • Se você vai decidir fazer perfis dos candidatos, contar a trajetória dele, fazer uma matéria, por exemplo, em formato de vídeo, é muito importante, até por uma questão de justiça e ética, que haja o mesmo tempo para os candidatos.
  • Pensar em pautas antirracistas, entrevistando pessoas e cientistas políticos sobre o que pode ser feito para combater o racismo, por exemplo, na área da educação.
  • É muito importante, até para incentivar e exercer um poder de influência da mídia, fomentar de certa forma as pessoas a votarem em candidatos negros e mostrar qual a importância desses candidatos para essa questão política.
  • Fazer uma pauta sobre quem são as mulheres negras que estão concorrendo à prefeitura ou até mesmo sem esse recorte racial, quem são as mulheres.
  • Trabalhar em pautas mostrando dados e falando sobre a questão de representatividade. Um exemplo são as matérias desenvolvidas pelo Gênero e Número

“As orientações que a gente dá é muito no sentido de, por exemplo, tentar ser crítico. Mostrar os pontos fortes de um candidato, mas também conduzir a entrevista de forma crítica. Tentar ser objetivo também, ter o olhar jornalístico mesmo”, finaliza Nataly. 

*As citações de Angela Pimenta foram retiradas de uma conversa que os alunos do curso de Jornalismo da UNESP (8° semestre) tiveram com ela durante a disciplina de Jornalismo Especializado II. 

Redação

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