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Lar doce… dor nas costas, dor de cabeça, ansiedade e compulsão alimentar

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O isolamento social preocupa autoridades da saúde ao mesmo tempo que confere novos panoramas físicos e psicológicos à população

Por Julia Pascoal e Rebeca Almeida

Unsplash/Reprodução: Standsome Worklifestyle

A pandemia do novo coronavírus mudou estruturalmente diversas rotinas ao redor do globo: a dinâmica dos sistemas de saúde, a economia, o esquema da educação, as práticas de trabalho. Apontado pela OMS como a mais eficaz maneira de barrar o contágio pela Covid-19, o isolamento social já deixou um grande legado, apesar de a pandemia ainda não ter chegado ao fim.

Alguns hábitos parecem ter vindo para ficar, como a constante preocupação com a higiene dos itens de supermercado, das mãos, dos ambientes em geral. O home office também, de acordo com uma pesquisa da ISE Business School: 80% dos gestores gostaram e são favoráveis à nova maneira de trabalhar e 60% dos trabalhadores ouvidos pelo instituto afirmaram ter percebido melhora na produtividade e eficiência. Entretanto, com novos hábitos vêm novas demandas. Tanto na educação pública e particular, quanto para os profissionais das 51% das empresas que antes não adotavam o sistema home office, a medida foi caracterizada como emergencial. Até então, muitas pessoas não possuíam preparo estrutural para montar um literal “escritório em casa”.

Sem cadeiras ergonômicas, ausência de espaços silenciosos e longas jornadas de trabalho, o sistema de monitoramento de buscas do Google, o Google Trends, nunca registrou tantas buscas pelo termo “dores nas costas” quanto em abril deste ano, logo no início da pandemia no país. De acordo com a pesquisa Pnad Covid-19 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) do IBGE, trabalhar em casa tornou-se a realidade de cerca de 8,3 milhões de brasileiros. De todas essas pessoas, 84% disse não ter recebido nenhuma assistência de seus contratantes em relação à saúde, segurança e bem-estar no trabalho, segundo uma pesquisa realizada pela FGV – Fundação Getúlio Vargas em conjunto com a IES – Institute of Employment Studies, do Reino Unido. 

Saúde e segurança no trabalho constituem uma importante NR – Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego, e deve ser garantida pelos contratantes e ter colaboração dos empregados, para que o trabalho aconteça de forma harmônica e segura. No contexto pandêmico atual, não há apenas possíveis danos físicos, mas também danos psicológicos. Na pandemia, os indicadores de bem-estar da OMS traduzem numericamente os impactos deste período: além das dores físicas de se trabalhar em um local sem preparo de escritório, houve uma intensificação de 30% em relação à sintomas de ansiedade e de 11% para a sensação de solidão.

Mudança de hábito

Passar meses a fio integralmente em casa consolidou novos comportamentos à população. É sabido que a ansiedade desencadeia algumas compulsões e hábitos não-saudáveis. Os resultados da pesquisa da Fiocruz em parceria com as universidades Unicamp e UFMG realizada com 45 mil brasileiros mostra exatamente isso: mais álcool e tabaco, mais tempo diante de telas (televisão, celular, computador, tablet), mais delivery de comidas, menos exercícios físicos. Tudo isso representa um novo panorama de vulnerabilidades sanitárias que devem ser combatidos com atenção, uma vez que um estilo de vida sem cuidados com a saúde pode aumentar as chances de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão e obesidade. 

A quarentena trouxe um grande paradoxo: ficar em casa para não adoecer, mas adoecer estando em casa. Além disso, o vírus escancarou inúmeros problemas sociais, a começar pela econômica, raciais e de gênero. Em agosto, o Portal Brasil de Fato veiculou as estatísticas apuradas pelo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde dos infectados pela COVID – “das 93.563 (até 01/08) vítimas fatais da pandemia, 35% são pardos, 26,6% são brancas, 5% são pretas, 1.1% amarelas e 0,4% indígena”. 

As estatísticas têm muito a ver com quem teve ou não possibilidade de praticar o isolamento social. Pessoas com subempregos, geralmente as pessoas que vivem em periferias e tiveram que seguir se movimentando pela cidade foram as mais afetadas. Além disso, a dificuldade das mães na quarentena foi colocada em foco. Ao passo que os homens puderam gozar de um aumento na produtividade, as mulheres enfrentam ainda mais sobrecarga: trabalhos domésticos, filhos, trabalho.

A pandemia do COVID-19, além das sequelas que ainda podemos descobrir nas pessoas infectadas, já está sendo responsável por outras heranças: um abismo social ainda maior, milhões de desempregados, pessoas cansadas, famílias incompletas. 

Redação

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