Escreva para pesquisar

“O conforto da minha própria companhia é empoderador”

Compartilhe

Formada em turismo e morando em Seattle, Fernanda Jardim conta um pouco sobre sua trajetória até hoje, ao passar por Au Pair, trabalhar em projetos sociais e ganhar reconhecimento por bom desempenho no auxílio à comunidade

Por João Pedro Voltarelli

Fernanda em momento descontraído da viagem

É um fato que muita gente não viaja por falta de companhia. Dizem que não gostam de viajar sozinhos e que a viagem deve ser compartilhada. A maioria nem sequer se deu a oportunidade de experimentar algo desacompanhado. Por outro lado, se perguntar a alguém que viaja sozinho sobre essas experiências, o mais provável é dizer que essa é a melhor forma de viajar e que, durante as viagens, só está sozinho quem realmente quiser.

É o caso de Fernanda, que, desde pequena, quando qualquer um falava “vamos passear”, ela já queria ir, mas só decidiu que faria turismo até quase o último ano do ensino médio. O plano era fazer algo relacionado à comunicação, com a possibilidade de explorar e aprender sobre novas culturas, além de viajar. Foi aí que a faculdade de turismo surgiu, onde ela poderia unir as duas paixões.

Leitora fervorosa desde cedo, já tinha no imaginário que gostaria de viajar o mundo. A mãe, que também adorava viajar, faleceu quando Fernanda tinha 6 anos, mas antes de partir, pediu para sua irmã cuidar da pequena, com um adendo: quando ela fizesse 16 anos e quisesse morar sozinha, ela poderia.

Apesar da família religiosa, Fernanda conta que as mulheres foram criadas com muita independência, talvez esse seja um dos grandes fatores para que ela seja mais livre de espírito, com saudades que vem e vão mas uma maior facilidade em se desvincular de tudo. 

A saudade anda sempre junto de quem está longe. Ela conta que os métodos para matar um pouco são sempre ligações, chamadas de vídeo e o compartilhamento de momentos por fotos de tudo que acontece, tanto por parte dela como da família e amigos. Toda virada de ano, mesmo estando seis horas a menos do horário no Brasil, ela sempre participa da contagem regressiva para o novo ano, tudo por chamada de vídeo. Quando aperta demais, ela sempre tenta levar um pouco do país para lá, ao cozinhar algo típico que provavelmente comeria em casa no Brasil, mas só o tempo e o costume fazem o sentimento passar.

Fernanda começou a estudar business nos EUA depois de ficar dois anos como Au Pair. Quando começou a faculdade, já fazia trabalho voluntário em um food bank, organizações sem fins lucrativos baseadas no voluntariado, com objetivo de obter donativos de bens alimentares da sociedade para pessoas necessitadas. Foi quando tomou frente do projeto no governo estudantil, ao organizar a arrecadação de comida, que passou a servir quase 200 pessoas por semana após uma parceria com outro food bank na cidade.

Nesse período, ela conseguiu um emprego voltado à igualdade de gênero na faculdade, no qual organizava eventos relacionados, exibições de arte e projetos. Um dos trabalhos foi um “panfleto” para os professores terem um maior conhecimento de pronomes e como eles poderiam dar suporte para estudantes transgêneros e não-binários.

Por conta disso, foi indicada para um prêmio de toda faculdade do estado de Washington, em que ganhou algumas bolsas de estudos por mostrar liderança nos projetos, que ajudaram mais de 2 mil pessoas, além de receber um prêmio estadual com homenagem na capital do estado pelo governador.

“Minha família sempre me ensinou a ajudar ao próximo, então desde pequena eu fazia trabalho voluntário”, conta Fernanda. No Brasil, era voluntária na escola da família quando adolescente, e depois tornou-se educadora universitária para pagar pela faculdade. 

Hoje em dia, ela continua a frente de projetos, envolvida com uma organização que ajuda meninas e mulheres a se conectarem com empresas, e auxiliam em relação à oportunidades de trabalho: “Essa é uma forma de eu retornar o que foi feito pra mim e contribuir para que a gente tenha uma sociedade melhor”, compartilha.

Paz de espírito

Fernanda conta que adora o tempo sozinha. Depois de ter mudado de país, ela acredita ter aprendido a não esperar os outros para fazer o que sente vontade. Começou indo ao cinema sozinha e hoje viaja e faz trilhas da mesma maneira. Para ela, as circunstâncias de morar fora, combinadas com outras experiências de vida, fizeram com que ela tenha necessidade de ficar confortável na própria companhia, e é algo muito empoderador. O aprendizado, desde alimentação até questões sociais do país, amplia muito o conhecimento, de forma que não se encontraria em livros ou notícias, mas acima de tudo, amplia o impacto no conhecimento pessoal e de como lidar em determinadas situações.

Guilherme Otero, assistente de projetos da Organização Internacional de Migração, traz um pouco sobre a velha idealização do sonho americano para muitos brasileiros: “Há desigualdades estruturais, econômicas e sociais entre países, migrações são feitas com custo financeiro e emocional, de dedicação e trabalho. Enquanto isso valer mais a pena que buscar alternativas no próprio país, a migração continuará”, em relação a procura de muitos indivíduos por melhores oportunidades fora do Brasil.

“Eu tinha muita vontade de ser a mulher que eu sou hoje, mas quando eu era mais nova, eu não sabia se seria possível”, revela Fernanda. Com todas as mudanças, conhecer pessoas do mundo todo, passar perrengues e ainda manter contato com o Brasil, ela acredita que tudo contribuiu muito para o conhecimento que possui agora, junto com o empoderamento pessoal e profissional, em poder compartilhar e inspirar outras pessoas que, assim como ela, sabiam o que queriam ser, mas não sabiam como chegar lá.

Redação

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Nam quis venenatis ligula, a venenatis ex. In ut ante vel eros rhoncus sollicitudin. Quisque tristique odio ipsum, id accumsan nisi faucibus at. Suspendisse fermentum, felis sed suscipit aliquet, quam massa aliquam nibh, vitae cursus magna metus a odio. Vestibulum convallis cursus leo, non dictum ipsum condimentum et. Duis rutrum felis nec faucibus feugiat. Nam dapibus quam magna, vel blandit purus dapibus in. Donec consequat eleifend porta. Etiam suscipit dolor non leo ullamcorper elementum. Orci varius natoque penatibus et magnis dis parturient montes, nascetur ridiculus mus. Mauris imperdiet arcu lacus, sit amet congue enim finibus eu. Morbi pharetra sodales maximus. Integer vitae risus vitae arcu mattis varius. Pellentesque massa nisl, blandit non leo eu, molestie auctor sapien.

    1

Deixe um comentário

Your email address will not be published. Required fields are marked *