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O fenômeno do suicídio entre os familiares e seus sobreviventes

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Relatos de quem foi afetado diretamente pelo suicídio ou tentativas revelam que transtornos psicológicos ainda são mais negligenciados do que se imagina

Isaque Costa; Laíza Castanhari ;Karina Rofato; Maria Carolina Dias .
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“Obra de Manuel Domíngues Sánches, mostrando um pouco do que os depoimentos dos familiares abaixo mostram: dor e sofrimento dos que estão próximos” (Artista: Manuel Domíngues Sánches).

Apesar de o suicídio sempre ser um tema complicado para a discussão, esses assuntos estão sendo tratados de forma mais natural. São apresentados na mídia pelo Setembro Amarelo e outras pautas midiáticas, como o suicídio de Chester Bennington, vocalista da banda Linkin Park, que tinha depressão, ou a morte de Amy Winehouse, que sofria de síndrome de borderline, um transtorno de personalidade.

A depressão é uma doença que afeta mais de 11,5 milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial de Saúde. Todos os anos 11 mil pessoas suicidam-se, de acordo com o Ministério da Saúde.

Mesmo com a evolução na forma de tratar a doença, os depoimentos de pessoas que sofreram ou sofrem acompanhando seus familiares com depressão revelam que conhecimento e discussão sobre o tema ainda são necessários…

Em uma madrugada de agosto de 1971, Jeovah Borges cumpriu uma promessa que fazia há algum tempo. Aproveitou que sua mãe foi dormir na casa de um dos seus irmãos, foi até o banheiro e com uma arma deu um tiro em seu peito, suicidando-se aos 37 anos.

“Minha mãe, sempre que ele saia, ia mexer em suas coisas. Várias vezes encontrou veneno na gaveta da cômoda dele. Uma vez encontrou um punhal fininho e o escondeu, com medo dele fazer alguma besteira.” Conta Maria Borges, irmã mais nova de Jeovah.

A depressão nos anos 1970 era ainda muito desconhecida, não era levada a sério pelas pessoas. Maria, hoje com 79 anos, relata que na época os amigos mais próximos da família e até alguns familiares diziam que era frescura a depressão que o irmão tratava desde seus 20 anos.

Jeovah nunca escondeu que tinha vontade de tirar a própria vida, mas além de dona Ana, sua mãe, talvez ninguém acreditasse que ele realmente iria fazer isso. “Eu lembro até hoje que um tio meu disse que quem realmente quer se matar não fica anunciando”, recorda-se Maria com pesar.

“Minha mãe sempre ajudou ele no tratamento, tinha muito medo dele fazer alguma besteira. Ele sempre falava que iria se matar. Como minha mãe era muito religiosa, ela tinha medo dele cometer esse pecado de tirar a própria vida, perder o direito de ir para o céu. Acho que por isso ela fazia tudo para vê-lo melhor, mesmo não conhecendo muito bem a doença.”  

Sonoplasta e com um bom emprego na TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo em Goiás, Jeovah levava sua vida normalmente. E, apesar de ser mais fechado e ficar mais na dele, sua família nunca entendeu seu desgosto pela vida.

Maria Borges relata que sofreu muito a morte do irmão, ainda mais pela forma que aconteceu. A impotência, a frustração e a sensação de que alguma coisa poderia ter sido feita é agonizante. Por isso Maria revela que sua mãe, que faleceu aos 99 anos no ano 2016, nunca comentou o assunto. Eventualmente expressava sua saudade do filho, mas jamais o suicídio foi enunciado.

Outros depoimentos revelam como vidas são abaladas de diversas maneiras devido a transtornos mentais de pessoas próximas, em qualquer época. A jovem Laura Stein, 19 anos, estudante de Letras, sofre com a síndrome de borderline e depressão. Já realizou tentativas contra a própria vida, nas quais usou drogas lícitas e ilícitas, juntamente com o consumo excessivo de remédios controlados, prescritos por psiquiatras para a depressão e a borderline.

A mãe dela, Katia Regina, conta que sempre identificou uma personalidade bipolar na filha, desde muito nova: “Eu sempre percebi que ela tinha uma mudança de humor muito repentina, em um momento ela ficava extremamente feliz por algo bobo, enquanto em pouco tempo depois ela já estava chorando e muito triste por conta de outra coisa”.

Laura só foi descobrir que era portadora de síndrome aos 18 anos, poucos meses atrás. “Eu não conhecia a síndrome de borderline, eu desde cedo achava que ela pudesse ter algum tipo de bipolaridade, mas nunca imaginei que poderia ser algo tão grave”, relata a mãe que está sofrendo com o tratamento da filha.

A jovem chegou a precisar de internação no mês de junho em um hospital psiquiátrico em Porto Alegre, em uma de suas tentativas contra a própria vida. “Ela mora em Rio Grande e eu, em Porto Alegre. Ela quer ter sua independência, mas nessa situação não é possível permanecer longe. Eu não consigo não pensar no pior, quando ela demora algumas horas para responder minhas mensagens e ligações”, conta com emoção a mãe.

A gaúcha tem outro filho mais novo e não pode abandonar sua vida em Porto Alegre para se mudar para Rio Grande. Trazer a filha de volta para a capital também tem sido uma opção difícil, já que a mesma, depois que teve alta da internação, afirma estar bem para cuidar de si mesma e continuar morando longe da mãe.

Katia ainda conta que a filha sempre fala sobre suicídio dizendo que será o seu fim, assim como ocorreu com Amy Winehouse, que possuía a mesma síndrome que Laura. Assim, a estudante de Letras tenta a todo custo se assemelhar à cantora britânica, atitude a qual a mãe diz repugnar.

“Eu odeio também a atitude do médico por ter, na primeira consulta, informado que a Laura tinha a síndrome de borderline. Isso a assustou muito, mexeu muito com seu psicológico”, continua a mãe. A mesma acredita que Laura piorou depois de ser diagnosticada de fato: além de se associar o tempo todo a cantores que sofreram do mesmo problema que ela, a jovem perdeu um pouco as esperanças de ter uma vida normal por conta da síndrome.

As marcas inapagáveis do suicídio

Carlos Roberto de Lima era um jovem de 25 anos. Segundo seus familiares, seus problemas e indícios de depressão começaram quando ele perdeu sua mãe. Mas pela falta de conhecimento na década de 80, ninguém imaginava que pudesse ser uma patologia, pelo contrário, achavam que era apenas tristeza pela falta.

“Se isso tivesse acontecido nos dias de hoje, acredito que a gente pudesse ter ajudado e ele estaria conosco ainda hoje”, relata Inês Simões, sua cunhada. Ela diz que Carlos, apesar de jovem, era bem sucedido, tinha esposa e filhos, trabalhava e morava na cidade de Santos. Aos olhos de todos, uma vida balanceada.

Num certo dia Carlos perdeu o emprego e teve que voltar a morar em Bauru, na casa do sogro. O tempo foi passando e o dinheiro acabando, os atritos com a esposa começaram e o jovem não conseguiu lidar com  a situação. Em uma briga de família, ele descobriu que a filha mais velha, na verdade, não é sua filha biológica.

Foi o estopim para Carlos tomar a atitude que tiraria sua vida. O desespero era tanto que ele o fez no quintal de casa, em frente ao portão. Quem passava pela rua viu toda a cena, triste e desesperadora daquela tarde de 10 de fevereiro de 1988.

Inês diz que, apesar de ter se passado 29 anos, esse tema ainda é um tabu na família. A filha mais velha, que na época tinha 6 anos, sabe tudo que aconteceu; já o garoto que tinha 2 anos até hoje não sabe ao certo porque seu pai faleceu. A esposa de Carlos não fala sobre o assunto e não permite que ninguém da família comente.

Inês ressalta que a sensação de impotência é o que o episódio gerou e ainda gera na família, além de um grande vazio. Antes era um sentimento de dor profunda e busca pelo porquê. Hoje, como entendem melhor a situação, o sentimento é de “por que não fomos entender o que estava acontecendo?”.

O medo da família é que o filho de Carlos venha a fazer o mesmo, pois ele é bem parecido com o pai. Mas a mãe não conversa com o filho sobre o assunto e não deixa que ninguém fale. Inês diz que tenta ajudar o sobrinho com conversas, dentro dos seus limites. “Fui omissa com meu cunhado por não conhecer e entender a situação, mas hoje, sendo esclarecida e trabalhando na saúde, não posso deixar que aconteça a mesma coisa com o meu sobrinho. Tenho obrigação de ajudar”.

“A terapia me ajudou a não tentar mais cometer suicídio”

Bianca tem 22 anos, estuda Psicologia em Assis (SP), foi diagnosticada com depressão aos 14 e chegou a tentar suicídio duas vezes. “Topei falar sobre isso porque minha experiência pode ajudar outras pessoas que passam por isso”, explica. Se hoje Bianca consegue contar pelo que passou nos ápices das crises de depressão, ela deve às sessões de terapia que a ajuda a lidar com as turbulências da vida e da mente.    

Ela conta que a primeira vez que foi à terapia foi devido a um alerta dos pais e da escola que notaram nela um comportamento mais isolado que o normal para uma adolescente de 14 anos. “Não sei se eles ficaram incomodados ou preocupados comigo e me encaminharam a uma psicóloga. Era difícil eu ter amigos nessa época. Pequenas coisas foram sendo gatilhos e piorando a situação.” Por três anos, a adolescente frequentou terapia e tomou medicamento antidepressivo; o quadro de depressão melhorou, até que ela cansou do tratamento e decidiu cortar a terapia e o remédio por conta própria, o que não é indicado pelos especialistas.

Com quase 15 anos, a garota planejou o seu suicídio quando morava com seus pais em Botucatu (SP).Os pais é quem controlavam os seus medicamentos, mas Bianca começou a guardar os comprimidos que recebia. “Eles não me davam a cartela toda, então eu fingia que tomava e fui juntando até ter remédio suficiente para tomar todos de uma vez, misturados com bebida durante a noite. Não tinha contado a ninguém que iria fazer isso.”

Bianca não nega que precisou de coragem para concretizar o seu plano. “Dependendo do dia eu oscilava, porque existem coisas que me seguram. Família e amigos, por exemplo… Mas quando você se distancia deles você fica mais suscetível, então não tem mais nada para te segurar.”

Tudo o que aconteceu depois Bianca só soube porque contaram a ela, que já estava inconsciente quando o seu pai a socorreu, depois dela não ter respondido. A garota foi levada imediatamente ao hospital e recebeu tratamento de lavagem estomacal para desintoxicar dos medicamentos. Após a vida de Bianca ter sido salva naquela noite, a preocupação não deixou mais a família. “Meus pais terem me encontrado nessa situação foi um grande impasse para confiarem em mim novamente, me deixarem sair ou ficar sozinha em casa. A maior reação que eu percebi neles foi medo de acontecer de novo… O pensamento suicida sempre tá ali.”

E o pensamento suicida realmente permaneceu. Aos 17 anos, Bianca tentou cometer suicídio da mesma maneira, ingerindo uma cartela inteira de remédios psiquiátricos. Mas dessa vez ela já tinha controle sobre os medicamentos e o ato foi impulsivo, durante uma crise depressiva. Ela ainda morava com os pais e novamente perdeu a consciência, mas foi encontrada a tempo de ser levada ao hospital.

Hoje, morando sozinha e no terceiro ano da faculdade, Bianca voltou para a terapia há quatro meses. “A terapia ajuda bastante, me ajudou, por exemplo, a não cometer suicídio aqui em Assis”, conta. A depressão não tem cura, apenas momentos estáveis. “Tem momentos que ela volta e, quando eu parei a terapia na adolescência, não tinha muita noção disso, eu achava que ia ficar bem e pronto”.

Sobre os medicamentos antidepressivos que fazem parte do tratamento, ela alerta: “O remédio ajuda, claro, mas remédio sozinho não faz efeito nenhum”. A jovem ainda afirma que a terapia é a única coisa que traz uma tranquilidade que não seja medicamentosa, é o que faz a pessoa não precisar de um remédio para não se sentir tão triste quanto antes.

Bianca diz que não teme que o impulso necessário para o suicídio volte, apesar de ser possível. “Tenho vontade, mas medo não. Às vezes eu até espero o impulso, mas tento evitá-lo. Você começa a criar uma vida pra você, sabe? Faz planos e tem vontade de concretizá-los, vontade de continuar com um relacionamento ou amizade, dar orgulho aos pais… às vezes essas coisas me fazem querer ir para frente.”

Para Bianca, mudar de cidade e começar a faculdade a ajudou em muitos aspectos, como começar tudo do zero, sair da sua zona de conforto e se livrar de coisas que faziam mal; por outro lado, os problemas que ela encontrou na nova cidade foram gatilhos para outras crises. “Em todo lugar vai ter problemas e coisas pra enfrentar e eu também cheguei ao limite várias vezes aqui. A cidade não é legal, não dá para ir de casa até a academia porque é perigoso e você é assediada”.

A pressão acadêmica que atinge tantos universitários é outro problema a ser enfrentado por Bianca. “Você vê as pessoas ao seu redor produzindo e você não produzindo tanto quanto elas e se sente mal”, explica. “Cada um tem seu limite, mas eu tô aqui só por causa da faculdade e quando a faculdade não dá certo eu meio que perco o que tenho pra fazer aqui e me vejo no nada”.

A estudante ainda lembra como as crises depressivas destroem a energia de quem as enfrenta, o que acaba prejudicando tanto a vida social quanto a profissional. “É difícil, por exemplo, abrir o notebook pra fazer um trabalho, escrever um resumo de um texto ou mesmo assistir à aula e ganhar presença.”

As amizades também já foram bastante prejudicadas devido ao isolamento social quando a situação se agrava. “Quando eu questionei as pessoas que se afastaram por conta disso as desculpas foram que ‘a minha energia era ruim’”, relata. Ela sente que os amigos que não tiveram compreensão necessária e lamenta a negligência e desconhecimento com o qual muitas pessoas ainda lidam com transtornos psicológicos. “Da minha família, já ouvi no começo que não tenho Deus no coração.”

Por esses e outros motivos que acabam só agravando sofrimentos e traumas, Bianca alerta os familiares e amigos que convivem com pessoas com depressão. “É importante acompanhar, estar junto mesmo que a pessoa faça o máximo para te afastar”. Ela reitera como é importante ouvir quem precisa de ajuda, não julgar e oferecer apoio. Um anúncio de suicídio não vem de alguém que quer chamar atenção, mas pode ser um pedido de socorro, e ainda diz: “Às vezes até o silêncio da pessoa quer dizer alguma coisa.”

A depressão pode acompanhar a pessoa pela vida inteira, mas é possível oferecer o apoio necessário e evitar que o sofrimento cresça e até acabe em tentativas de suicídio, bem sucedidas ou não, mas que sempre deixam sequelas. Bianca sabe bem como é difícil ser mais forte que o pensamento suicida, mas é possível: “Sempre vai ter uma voz martelando na sua cabeça e não tem o que fazer em relação a isso, mas tem como fazer a pessoa criar vínculos com alguma coisa que seja importante para ela e a segure na vida. Isso já pode mudar muita coisa”.

Uma segunda chance à vida

Nascida em de Abril de 1979, Karen sempre foi uma menina agitada e muito mimada. Filha única, ela estava acostumada com todas as atenções voltadas para si, tanto dos pais como de demais familiares. Durante o período escolar ela mostrava muita dificuldade em acompanhar a turma, justamente pela “hiperatividade”, diagnóstico esse que foi constatado apenas na fase adulta.

Karen teve uma infância marcada por vários acontecimentos importantes na sua vida, de acordo com ela esses fatos contribuíram para que ela tivesse uma adolescência e uma juventude turbulenta. “Quando meu pai faleceu eu tinha 5 anos,  minha mãe se casou novamente quando eu tinha 10 anos e 1 ano depois nasceu meu irmão.” No ano em que nasceu seu irmão, a menina repetiu de ano, segundo ela, propositalmente, para poder chamar atenção da família.

A partir deste momento, Karen, então com 11 anos, passou a fazer tudo para contrariar a família. Ela queria chamar atenção a todo custo. De família católica, ela passou a frequentar a igreja evangélica. De acordo com ela, “uma atitude que tomei para enfrentar e contrariar a minha família, no fim foi o que acabou me ajudando no futuro”.

Karen vivia entre seus altos e baixos e seus familiares apenas achavam que ela era uma rebelde sem causa. Eles não procuravam ajuda, pelo contrário, criticavam e cobravam que ela fosse igual a seus primos: estudiosos, inteligentes e comportados.

Aos 17 anos, diante de uma depressão, ela saiu um dia de casa para dar uma volta com amigos e foi para o hospital em coma alcoólico. Porém, em vez da família tentar entender o que estava acontecendo, encheu a jovem de críticas e recriminações, assim que ela saiu do Hospital.

Aos 19 anos, no ápice da depressão e dos transtornos psicológicos, ela tentou o suicídio novamente, mas dessa vez cortou os pulsos. Pois, de acordo com Karen, “a primeira tentativa foi quando entrei em coma, era para eu ter morrido ali, mas não era minha hora”.

Após essa segunda tentativa, a mãe de Karen resolveu pesquisar e entender o que acontecia com a filha. A jovem passou a fazer terapia e o tratamento se estendeu por 5 anos e a melhora foi significativa.

“Depois que tive ajuda de minha mãe, fomos juntas entender o que realmente aconteceu comigo. Passei a fazer o tratamento com um psiquiatra, sem me preocupar se iam achar que eu era louca. Passei a ocupar meu tempo e fazer muitas coisas que eu gostava. Outra coisa que me ajudou muito foi a minha fé, algo que me fez entender que Deus me deu a vida e só ele podia me tirar”.

Karen não quis voltar para terapia, foi a um médico especialista e passou a fazer tratamento com medicação. A melhora foi rápida e ela julga esse resultado positivo com a força de vontade e maior esclarecimento do assunto.

 
     

Redação

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