Maior grupo para jogadores de League of Legends do Brasil é tão grande quanto uma metrópole
João Pedro Fávero e Lucas Cinchetto
Imagine uma cidade com apenas 4 anos de vida e que já se tornou uma metrópole com 850mil habitantes. Agora imagine essa cidade crescendo mais a cada dia. Como seria a socialização em uma cidade como essa? Como as pessoas se comportariam? E quem poderia colocar ordem em meio aos caos?
Bem verdade a Ilha da Macacada não é uma cidade, pelo menos não no mundo real. Mas o grupo do facebook voltado a jogadores de League of Legends e gamers em geral, já ultrapassou o número habitantes de grandes cidades do país. O local voltado a postagem de memes e brincadeiras, já deixou de ser apenas uma ilha para se transformar em um verdadeiro arquipélago cheio de pessoas de diferentes tipos e de diversas regiões do país. Em meio a tanta gente e intensa movimentação, conversamos com um dos “prefeitos” da Ilha, André de Araújo Marden, para entender melhor como funciona esse emaranhado de assuntos e pessoas que é a Ilha da Macacada.
Lucas: André, para começáramos gostaríamos de tirar uma dúvida de muitas pessoas e de novos membros do grupo: Como surgiu o nome “Ilha da Macacada”?
André: Então, fora do país nós vemos muitos casos de Brasileiros xingados como “macacos”. Pensando nisso, “Ilha da Macacada” foi um modo de satirizar esse estereótipo, que os estrangeiros criaram em relação ao brasileiro.
Fávero: E quando foi fundada a Ilha?
André: A Ilha foi criada em 2013 pelo Samuel Rehbein, outro membro, e tinha como finalidade inicial apenas ser um lugar de reunião para amigos que gostavam do jogo League of Legends poderem interagir sobre o jogo. Com o passar do tempo a Ilha tomou uma proporção enorme, e hoje em dia além de League of Legends, o grupo também traz ao público outros jogos e memes variados, com o intuito de entreter ao máximos todos os diferentes tipos de membros.
Fávero: Vocês esperavam que a Ilha tomasse essas proporções?
André: De uns 2 anos pra cá a ilha vem tomando proporções que ninguém imaginava. Nós nos surpreendemos com o tamanho desse crescimento e hoje em dia tentamos lidar da melhor maneira possível com todos os membros. Hoje em dia temos um total de 25 pessoas que cuidam 24h por dia do grupo. Nós temos chats do grupo e fazemos reuniões periodicamente para discutir o que precisa ser melhorado.
Lucas: São 25 administradores, qual é função deles na Ilha?é possível observar que esses administradores exercem uma influência sobre parte dos membros da ilha. Como vocês lidam com isso?
André: Os Administradores são os responsáveis por manter a saúde e integridade do grupo, sem eles não existiria a Ilha. Nós estamos sempre procurando interagir com os membros, não queremos passar a ideia de que somos muito superiores a eles. Os membros sabem que nós temos um poder dentro do grupo, mas estamos sempre interagindo seja por postagens ou comentários.
Lucas: Além da Ilha vocês possuem algum outro grupo integrado?
André: Hoje em dia o único subgrupo que é ligado a ilha é a Ilha dos Gorilas, que tem como finalidade a troca de experiência sobre questões de saúde e alimentação pra galera poder ter um melhor desempenho em atividades físicas e alimentação.
Fávero: A ilha conseguiu montar um time profissional de League of Legends e até atuou no circuito desafiante do Campeonato Brasileiro de LOL. Como surgiu a ideia do time? Pretendem continuar investido nele?
André: O time de League of Legends era um desejo antigo, mas só no começo de 2016 é que entramos de cabeça nisso. Arrumamos investidores e compramos uma vaga no circuito desafiante. Sabemos que no cenário de LoL a maioria do pessoal tende a torcer mais para jogadores do que para a organização, a equipe em si. Mas quando se trata da Ilha da Macacada, isso muda totalmente. Então queríamos trazer uma identidade para os torcedores com um time próprio, e está dando certo. Minha meta é levar o time ao CBLOL, e eu não vou desistir enquanto não fizer isso.
Lucas: Por conta da diversidade de pessoas e do alto número de membros nós podemos ver vários casos de pessoas fazendo piadas racistas ou homofóbicas e também podemos ver o machismo de alguns membros em comentários. Vocês buscam tentar evitar esses tipos de situação? Falam sobre isso com os outros administradores? Como vocês lidam com isso?
André: No começo do grupo, piadas desse tipo eram consideradas “normais”, até porque o grupo em si não era algo tão sério como é hoje. Mas com o passar do tempo nós vimos que precisávamos mudar isso, então hoje em dia é totalmente proibido postagens racistas, homofóbicas, xenofóbicas e ofensas gratuitas. Estamos sempre banindo quem faz esse tipo de postagem e alertando a galera para não fazer. Sempre que eu recebo no meu inbox algum tipo de reclamação sobre isso eu ja verifico e tento resolver. Felizmente estamos conseguindo diminuir cada vez mais.
Fávero: O envolvimento com o grupo já chegou a afetar sua vida fora da interne positiva ou negativamente?
André: 90% do meu círculo de amizade hoje em dia vem da ilha, além do meu trabalho na IDM Gaming (o time da ilha de league of legends), inclusive já namorei por causa do grupo.
Lucas: qual foi a história mais curiosa que já viu no grupo?
André: Nós já vimos casamentos que foram realizados por pessoas que se conheceram no grupo, eu acho isso curioso e fascinante. É muito bom saber que graças ao nosso trabalho famílias foram formadas.
Fávero: O que mais gosta no grupo?
André: O que eu mais gosto no grupo é o fato de que todos consideram a Ilha como uma família. Já recebi inúmeros relatos de pessoas em depressão que melhoraram apenas vendo o feed do grupo, e isso causa uma satisfação muito grande, saber que fazendo coisas tão simples podemos ajudar muita gente.
Lucas: Falando em família, o que você acha das pessoas do grupo utilizarem a junção das palavras família e ilha para se referirem ao grupo?
André: família + ilha = famILHA, acho esse slogan sensacional e reflete o que os membros e administradores pensam a respeito do grupo. Com certeza faz parte da nossa vida e tem papel fundamental pra gente no dia a dia