Por João Vitor Cordeiro, Matheus Araujo, Samir Abdalla, Sofia Hermoso e Thábata Camargo.
O uso de memes em veículos de comunicação, na plataforma das redes sociais, tem se tornado muito comum. Como se dá o uso deles? Em que situação os veículos utilizam esse meio para atrair novos seguidores, novas postagens e fazer uma espécie de discussão, nos comentários?
Em uma breve análise das postagens dos Canais Esportivos no Facebook, Desimpedidos e Manual do Jogador Ruim, dois canais com públicos totalmente diferentes, com vieses distintos, percebe-se que ambos usam essa ferramenta como meio de propagação, com o interesse de fazer seus seguidores opinarem, nas suas publicações e estabelecer um paralelo à zoeira. O Manual do Jogador Ruim, de maneira bem humorística, tem como seu objetivo aprimorar a discussão dos famosos jogadores ruins, que fazem sucesso nas redes sociais. Já o Desimpedidos mostra ao seu público, através das suas publicações e memes no facebook – além de vídeos no YouTube – as atualizações do futebol em geral, com muito sarcasmo e diversão.
O uso de memes no futebol brasileiro é algo extremamente importante e que precisa ser levado a sério, pois são conteúdos que não se valem de um estudo, ou talvez de um pensamento sociológico. Tudo que acontece no ambiente virtual é misterioso e é demanda uma pesquisa séria sobre uma utilização correta, respeitando as regras do jornalismo.
Redes sociais – Um universo paralelo
Durante a década de 1990, com a origem da Internet, que ainda dava seus primeiros passos, ainda discada, havia uma ampla dificuldade no acesso, que geralmente só podia ser utilizada após as 24h. Com o aprimoramento das novas tecnologias a conexão com as pessoas ficando muito mais fácil, e eis que as redes sociais surgem e se tornam uma grande febre mundial.
No livro A Sociedade em Rede, de Manuel Castells, o autor relata que as relações sociais mantidas nessa estrutura organizacional há uma tendência dos indivíduos de se reagruparem-se em torno de identidades primárias (religiosas, étnicas, territoriais, nacionais). Enquanto isso, as redes globais de intercâmbios instrumentais conectam e desconectam indivíduos, grupos, regiões e até países, de acordo com sua pertinência na realização dos objetivos processados na rede, em um fluxo contínuo de decisões estratégicas.
Contudo, Castells quer dizer que tudo é passageiro nas redes sociais. Estudos são realizados para perceber o seu funcionamento, por meio dos dados que monitoram o uso cotidiano dessas redes. É fundamental que haja essa compreensão no que se diz respeito a pensar o público das redes sociais e o funcionamento delas.
Uma rede social inter-relaciona empresas ou pessoas que estão conectadas pelas mais diversas relações. Cada rede social tem suas preferências e particularidades, reunindo vastas ligações entre pessoas, promovendo vários compartilhamentos, curtidas. A primeira rede social surgiu nos Estados Unidos em 1995 e foi nomeada de “Classmates”, com o objetivo de conectar estudantes da faculdade. Depois desse “boom” as redes sociais se popularizaram até chegarem ao status dos dias atuais, com o surgimento de muitos segmentos, entre eles redes sociais de relacionamento e diversão, entre outros.
Surgimento do termo meme
A criação dos Memes foi obra do biólogo britânico Richard Dawkins, conforme relata seu livro Gene Egoísta. O autor queria batizar uma unidade de informação cultural, sendo assim, transformando o gene em informação genética. A palavra meme que é bastante conhecida e utilizada na internet se refere a viralização de uma informação, seja qualquer vídeo, imagem, frase, ideia, música que se espalhe rapidamente, alcançando vário debates, provocações, curtidas e até mesmo novos seguidores. O primeiro meme a ser usado na internet foi criado lá em 1998, por Joshua Schachter, com o intuito de vários usuários postarem links interessantes, a fim de compartilhar com outras pessoas.
A ideia do meme é resumida em tudo aquilo que é imitado ou copiado, tendo mais efeitos com alguma pessoa famosa que provocou algum tipo brincadeira, onde certas pessoas comentam nas redes sociais. Como tudo é instantâneo, não é diferente nas redes sociais, onde em segundos milhões de pessoas já estão compartilhando tudo aquilo.
Distorções sociológicas
Olhando com um conceito sociológico, a rede social estuda o comportamento da sociedade. Denomina-se uma interação, entre os complexos de relações entre pessoas que fazem parte de um grupo que facilitam a integração. Com sucesso expandido em todo mundo, surgiu à onda dos aplicativos para celulares, de diferentes sistemas operacionais, como Android e Apple, que facilitaram a vida da sociedade, em um todo, pois através de um smartphone, pode ter acesso a todos os tipos de informação, seja ele real, ou até mesmo receber algum tipo de informação falsa. Além de fomentar a relação de amizades, seja no trabalho, faculdade, escola as redes sociais tangem como busca de aproximação entre jovens, adultos e até mesmo crianças. A fim de estar melhorando com seus conteúdos didáticos, escolas e faculdades migram para redes sociais, com objetivo de levar o seu aluno a acompanhar as novas tecnologias.
Hoje, é inexplicável, mensurar o quanto esta ferramenta está presente no nosso dia-dia, seja para transmitir uma mensagem, ou até mesmo receber. Está tudo globalizado, o deadline, sempre dentro do prazo, com as informações instantâneas que, favorecem não só a população, mas para aquele que está servindo de mensageiro.
Canais esportivos
Observe-se que em um comentário gera um série de discussões sobre a postagem, no caso o meme. Através da imagem, torcedores do Flamengo debatem a possibilidade de conquistar o Brasileirão. E nos comentários abre-se a possibilidade de interagir com outros amigos, formando-se o debate. A quantidade de comentários e curtidas em menos de cinco minutos é o que mais impressiona.
Nesta imagem, da página do Manual do Jogador Ruim, através de uma postagem, de um seguidor, promoveu um grande debate. Como que um simples comentário, elucida uma grande discussão. As reações das pessoas com o comentário é um fator interessante e a quantidade de compartilhamentos no momento da publicação.
Meme como Charge
É inegável quando pegarmos um exemplo de um meme e uma charge, não se deparar com algo muito parecido. Mas entender também a forma como ela está sendo retratada. Uma das maiores virtudes do atual jornalismo e também do perfil analítico deste artigo, que tem como artifício, buscar entender em qual gênero os exemplos que citamos se encaixa e entender que sim, visam à propensão utilizada pelos veículos de comunicação facilitar de acordo com seu público a análise daquela charge, onde entendemos que também pode ser um meme.
Pois bem, analisando criteriosamente cada objeto entre meme/charge, na visão de José Marques de Melo, entende-se que tanto os dois, como qualquer outro objeto de humor são produtos da capacidade que o ser humano tem de poder ver graça nas pessoas e situações, tanto que essa peculiaridade do mesmo é muito inerente do homem, pois os dois têm como artifício se manifestar através de humor, através de gestos, encenações, olhares, sons e textos.
A Charge surgiu no século XIX, através de um desenhista francês, chamado Honoré Daumier, onde o mesmo através dos seus desenhos passava uma opinião, com um tom opinativo através dos fatos, com as imagens sintéticas, que misturam pessoas, cenário, onde aquilo tudo na época acontecia. Ela pode se encaixar de diversas formas no jornalismo como práticas na área política, esportiva, religiosa, social entre outras. Utilizando o termo “círculo de Bakhtin” no referencial ao grupo de estudiosos, encabeçados pelo pensador Mikhail Bakhtin (1895-1975), onde tinha interesses filosóficos comuns e se reuniam para refletir e dividir suas ideias. Entre 1920 e 1930 foi a maior produção do grupo.
Uns dos que levaram ao pensamento para esse círculo é o dialogismo, onde esse grupo de estudiosos enxergou a realidade fundamental da língua e interação verbal, tanto como meme e charge tem. Por esse motivo a enunciação correta, ou seja, os sujeitos reais que forem atingidos leva consigo visões de mundo, juízos de valores e opiniões que formam o significado daquele material.
Para compreender melhor esta ideia, vamos mostrar a atitude responsiva ativa que é uma das características dialógicas da linguagem. Nela consiste que o receptor de um determinado discurso, assuma uma posição ativa e responsiva, a fim de concordar ou discordar com o enunciado. Nas palavras de Bakthin (1997) “… o ouvinte que recebe e compreende a significação (linguística) de um discurso adota simultaneamente, para com este discurso, uma atitude responsiva ativa: ele concorda ou discorda (total ou parcialmente), completa, adapta, apronta-se para executar, etc., e esta atitude do ouvinte está em elaboração constante durante todo o processo de audição e de compreensão desde o início do discurso, às vezes já nas primeiras palavras emitidas pelo locutor. A compreensão de uma fala viva, de um enunciado vivo é sempre acompanhada de uma atitude responsiva ativa (conquanto o grau dessa atividade seja muito variável); toda compreensão é prenhe de resposta e, de uma forma ou de outra, forçosamente a produz: o ouvinte torna-se o locutor” (Bakthin 1997:290).
Fica entendido que nessa relação dialógica entre o locutor e o interlocutor no meio jornalístico, em que o verbal e o não verbal influenciam de maneira constante e determinante na construção de diversos enunciados. Outra tese importante a ser esclarecida é a interação por meio da linguagem, pois o meme e charge fazem contornos de igualdade, onde participam. Então, entende-se que aquele que enuncia e seleciona as palavras apropriadas para formular aquela mensagem responsiva e compreensível para seus destinatários. Por outro lado, o interlocutor interpreta e responde com postura ativa àquele enunciado, visto que ele pode compartilhar ou até mesmo reagir a publicação, curtir.
O público em si adora, porém com as novas tecnologias, com uso maciço das redes sociais, como através do artigo, que estuda os memes no Facebook é importante destqacar, que a figura biológica do meme, criado por Richard Dawkins, é fruto do da charge, criado pelo cartunista francês. “A memética, ramo do conhecimento aplicado ao estudo da replicação, propagação e evolução dos memes, trata a cultura como uma serie de padrões de informações (memes), que seriam transmitidos de pessoa a pessoa como genes e vírus” (HEYLIGHEN & CHIELENS, 2009:2)
Análise de conteúdo
Sabendo o que o meme traz para o jornalismo esportivo, quando se trata de futebol brasileiro, mostramos como é esse tipo de publicação, através da rede social Facebook, como forma de critério para transformar a repercussão da publicação, no caso a imagem como fato de uma reportagem com isso vai analisar a estrutura da postagem. No entanto, ao observarmos os exemplos anteriores, as imagens são de veículos diferentes, e ocorrem distinções na qual podemos ter uma visão mais abrangente do uso desses replicadores pelo jornalismo.
Colocando em prática as ideias de José Marques de Melo em seu livro Jornalismo Opinativo, percebemos que o tipo de abordagem que é realizada na observação de coisas, onde não exista uma regra a ser seguida como fundamentação. Entretanto, para analisar existem modelos como base que são completamente adaptáveis de grande interesse do autor.
A imprensa fornece um relato de acontecimentos dos quais, sem ela, não teríamos senão uma visão geral e esquemática; ela destaca fatos minúsculos que, fora dela, não deixaram nenhum traço escrito. É, sobretudo ao conhecimento da vida política, social, econômica e das mudanças sobrevindas às mentalidades que a leitura dos jornais agrega um extremo enriquecimento (MELO, 2003 p.105).
A ferramenta usada pelos veículos no Facebook é para seus seguidores, opinarem nos comentários, utilizando o artifício que a plataforma lhe promove, que é a zoeira. Através disso, em poucos minutos, o conteúdo é compartilhado, comentado, com pessoas de todo o mundo.
Por fim, a partir da verificação de José Marques de Melo (2003), estabelece uma visão geral de tudo o que acontece no jornalismo opinativo, destacando fatos que são imperceptíveis, sem a utilização do estudo. Entendendo que é muito importante para o desenvolvimento acadêmico, buscamos através de esta análise aproximar a realidade exercida pelos veículos de comunicação nas plataformas digitais.
Então?
A partir da leitura deste artigo, ficou claro que poderemos iniciar outras discussões e vamos olhar de forma diferente, quanto a este tipo de situação nas redes sociais e a todos os memes impostos no dia a dia. Como o jornalista entende a figura do meme? Como estes replicadores podem ser totalmente aproveitados para passar informação fora do ambiente virtual? Utilizaremos vários espaços, para contextualizar esse tipo de situação, que vem ocorrendo com muita frequência no meio da comunicação.
No mais, chegamos à conclusão que o uso de memes nas redes sociais na rede social do futebol brasileiro tende a crescer de maneira opinativa e inadequada. Vivemos em uma época que estamos intimamente conectados, sejam pela rede social, entretenimento, computadores, smartphones, dispositivos móveis etc. Fato que, cada vez nos dá à certeza, que os memes continuaram a ser produzidos, em evidencia, com grande produção, a cada dia melhorando, tornando-se artifício não só para o jornalismo, mas para a comunicação em geral, oferecendo o que as pessoas busquem naquele momento, no sentindo de zoar, ou até mesmo discutir sobre aquele assunto.
Referências:
MELO, JOSÉ MARQUES; Jornalismo Opinativo, Capítulo IV. P.101-192. Disponível em:<https://pt.scribd.com/doc/62191117/Jose-Marques-de-Melo-Jornalismo-Opinativo-Capitulo-IV
Bakhtin, Mikhail. Estética da criação verbal. [tradução feita a partir do francês por Maria Emsantina Galvão G. Pereira revisão da tradução Marina Appenzellerl]. São Paulo Martins Fontes, 1997. — (Coleção Ensino Superior)