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Quarentena e Netflix: vício vs lazer

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Séries e filmes se tornam grande alternativa durante distanciamento social, mas nem tudo são flores

Por Carlos Eduardo Andrade Costa

A plataforma de streaming de vídeos Netflix é o maior serviço de entretenimento por internet do mundo. A empresa começou como um serviço online de locação de filmes em 1997 e alcançou números estratosféricos: mais de 167 milhões de assinantes espalhados em mais de 190 países. 

Ao oferecer um enorme catálogo de filmes e séries disponíveis 24 horas por dia e compatível com praticamente qualquer tela com conexão à internet, a Netflix impactou profundamente a forma de se consumir produções audiovisuais.

A facilidade, variedade e conforto oferecidos pela Netflix ficaram ainda mais em evidência no decorrer do ano de 2020. A pandemia mundial do coronavírus abalou o mundo e trouxe uma nova realidade para o comportamento em sociedade: as opções de lazer foram severamente restringidas em virtude das diretrizes do distanciamento social. O vírus invisível fez com que as pessoas evitassem ao máximo sair nas ruas e a #FiqueEmCasa ganhou os noticiários e as redes sociais. 

Boom de assinaturas 

Então a necessidade de buscar uma maneira para passar o tempo livre dentro do próprio lar encontrou nos serviços oferecidos pela Netflix uma alternativa. O crescimento do número de assinantes da empresa, como por exemplo no Brasil, ajuda a entender a força do serviço de streaming no momento de lazer das pessoas. De acordo com os dados de analistas (a Netflix não divulga os números separadamente de cada país), em setembro de 2019 a empresa contava com 10 milhões de assinaturas no Brasil. Em junho de 2020 já eram 17 milhões de assinantes em território nacional.

Mesmo antes da pandemia, investir muitas horas na plataforma já era tratado como uma febre mundial. O aprimoramento dos serviços oferecidos pela empresa e a crescente popularização das produções entre os consumidores fizeram com que “maratonar na Netflix” se tornasse um hábito e se consolidasse como um comportamento cada vez mais comum no mundo contemporâneo. Acrescenta-se a isso o fato de que durante a crise de saúde a Netflix viu muitos de seus “concorrentes” no lazer, como o passeio no shopping e o futebol com os amigos, se tornarem desaconselháveis. 

Companhia para todas as horas 

O estudante de matemática Pedro Soares destaca os motivos que fizeram do serviço de streaming o principal parceiro da quarentena:

“Nunca fui muito caseiro e a pandemia virou minha vida de cabeça para baixo. As aulas foram suspensas e meu trabalho reduziu a carga horária e se tornou home office. Ficava em casa cerca de 9 horas por dia e agora precisava ficar 24. Então resolvi apostar na Netflix para ajudar no tempo ocioso. Ela é mais barata que uma TV por assinatura, oferece uma variedade infinita de conteúdo e o acesso é simples e intuitivo. Sem contar que rende assunto para conversar com os amigos pelo telefone. Com tanta coisa para assistir, o tédio não tinha lugar e minha saúde podia ser preservada”, conta o jovem. 

Perigos do excesso 

A multiplicação das horas dedicadas à plataforma durante a pandemia, porém, não representou apenas o aumento da diversão e do entretenimento. O tempo passou, o vírus continuou à solta e o distanciamento social permaneceu em vigor por mais tempo do que se esperava. 

Se antes era uma medida paliativa, o aumento do consumo da Netflix se tornou parte da rotina das pessoas. O exagero na hora de assistir a série preferida pode até soar inofensivo, mas os malefícios não podem ser desconsiderados.  

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O psicólogo Rodrigo Romão defende que o consumo da Netflix deve ser moderado e que os excessos podem acarretar problemas emocionais e comportamentos degradantes para a saúde:

“O sentimento de tristeza e solidão podem potencializar a permanência de horas a fio dedicadas para acompanhar uma série, e a dedicação à prática do “binge watching” (fazer maratona de séries) pode também potencializar os sentimentos negativos. É um ciclo. Em muitos casos essa prática é utilizada para fugir desses sentimentos. E ao não lidar com tais problemas, acabamos perdendo nosso controle e assim aumentando nossa propensão a apertar o botão de “próximo” na Netflix sem nem pensar nas consequências. O “binge watching” pode até parecer um vício inofensivo, mas é algo que não pode ser negligenciado. Alguns problemas de saúde, como a fadiga física, podem estar relacionados com esse tipo de prática”, argumenta Rodrigo. 

O relato de Pedro Soares sobre as consequências experimentadas por ele no decorrer dos meses em que o consumo da Netflix foi muito maior do que o usual vai ao encontro dos alertas do psicólogo Rodrigo Romão:

“No começo eu não percebi nada de diferente. Passei a sentir cansaço na vista depois de quase um mês. Com o passar do tempo comecei a sentir uma leve dor de cabeça nos dias em que me excedia e isso progrediu para uma dor forte. Depois de três meses estava convivendo com insônia em várias noites e um sentimento de angústia muito forte. Em alguns dias, no fim da noite, parecia que eu havia corrido uma maratona. Estava exausto e me sentia fraco, mesmo sem ter feito nenhuma atividade física, apenas investido muitas horas no streaming”, completa o estudante.

As produções da Netflix e de outros serviços de streaming conquistaram um espaço nos momentos de lazer da sociedade contemporânea e já fazem parte do estilo de vida da população mundial. A linha que separa o simples lazer da perigosa compulsão se torna ainda mais tênue durante um momento excepcional e dramático como o de uma pandemia mundial. 

Os sinais físicos e mentais podem ser decisivos para perceber se o consumo se tornou excessivo ou se ainda pode ser considerado saudável. É preciso ficar em casa, mas sem esquecer que o próprio lar também pode oferecer seus riscos. 

Redação

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