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Raízes educacionais determinam preconceitos futuros: as diferenças na criação de meninos e meninas

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Por Érika Alfaro, Fabio Toledo e Juliana Borges

Ao abrir a porta de um quarto do bebê, entendemos como o universo infantil é definido antes mesmo que o indivíduo venha ao mundo. A ansiedade dos pais para saber o sexo denuncia as expectativas geradas pelo gênero. A partir da notícia, após um chá de revelação em que bexigas e bolos rosas e azuis anunciam o sexo, uma imensidão de definições toma forma: se antes o universo de cores era indefinido, a partir dessa noção não há mais dúvidas.

O bercinho cheio de detalhes cor de rosa, a bonequinha que enfeita a cadeira de amamentação, o brinquinho para a orelha da criança, sem contar as flores, ursinhos, babados em tons de lilás que tomam conta do cenário. É claro que estamos falando de um quarto feminino, não é? Afinal, para os adultos, tais fatores são naturais e fazem parte da sua própria realização enquanto pais e mães. Para os meninos, o mundo azul é a realidade: carrinhos, bolas e videogames os lembram o tempo todo de que devem ser ativos, corajosos e se interessarem por “coisas de homem”.   

“Eu cresci ao lado do meu irmão mais velho e sempre reparei nas diferenças que meus pais, mesmo sem querer, faziam. Sempre ouvi repreensões como ‘sente como uma mocinha’, ‘não fale desse jeito, parece um menino’ – já o meu irmão podia se comportar como quisesse, correr e se sujar o quanto desejasse. Mas, ao mesmo tempo, ele não pôde colocar um brinco quando quis ou ouviu de toda a família, por exemplo, que chorar era coisa de mulherzinha, como se nós fôssemos frágeis ou fracas. Me senti frustrada quando tentei jogar bola com meus amigos e eles não deixaram e me decepcionei quando não pude continuar na aula de futsal porque ‘aquele não era um lugar para mim’”, relata Joana, nome fictício dado pela reportagem a uma jovem que hoje possui 26 anos.

Nas festas de aniversário, mais distinções. Personagens e figuras graciosas são protagonistas das comemorações das meninas, e os presentes mostram a elas o seu lugar esperado na sociedade: bonecas que lembram bebês para que possam entender seus papéis de mães, pias com panelinhas enfeitadas para se acostumarem com a louça e bustos de meninas para maquiar e enfeitar o cabelo, mostrando que a vaidade tem que se fazer presente em suas vidas. Para os meninos, super-heróis, esportes e jogos demonstram que eles devem ser destemidos, salvarem as mocinhas que estão sempre em perigo, atléticos e sonhadores.  

“Acho que, mesmo inconscientemente, criamos nossas filhas com mais rigidez, exigindo, por exemplo, que elas saibam se arrumar sozinhas mais cedo do que exigimos isso dos meninos. Acho que criamos as meninas para serem esposas e os meninos para terem esposas para fazerem as coisas para eles”, ilustra Michele Kaiser, mãe, jornalista e dona do blog e do canal no YouTube “Os Trigêmeos da Michele”, espaços nos quais conta como é ser mãe de Mônica, de 6 anos, e dos trigêmeos Matheus, Murilo e Marcelo, de 4.

Todo esse contexto de diferenciação, atribuição de papéis e comportamentos são pequenas amostras de como a cultura molda o ser e o condiciona a ponto de esconder o limite entre a vontade individual e a realidade imposta. Quando os pais reforçam estereótipos de gêneros, passando a ideia de que a menina é de um jeito e o menino de outro, estão dizendo às crianças o que elas são, como devem agir, pensar e se comportar diante das situações.

“Não acredito em imposição, mas em aculturação, o que pode ser ainda pior porque quando algo é imposto é mais fácil de enxergar e de se opor. Já quando algo é aculturado, é naturalizado e flui quase que silenciosamente. Nesse processo é naturalizado que meninas são delicadas e meninos mais brutos, meninas mais comportadas e meninos aventureiros. Como se não fosse cultural, mas biológico. Então os pais estimulam a ‘aventura’ dos meninos e a ‘brutalidade’, colocando-os em esportes e lutas, dando brinquedos de ação. A ‘delicadeza’ das meninas as empurra para a dança, para as bonecas e laços cor de rosa. Tudo construído e alimentado socialmente”, afirma Renata Malta, mãe de uma menina, doutora em comunicação social, professora da Universidade Federal do Sergipe (UFS) e estudiosa da questão de gêneros.

Mãe e especialista, Renata conta que sua filha é um bebê e todos os dias a perguntam se ela é um menino. “Isso porque não coloquei brinco, não coloco laço na cabeça e a visto com roupas de todas as cores. Bebês precisam de conforto, brinco e tiara não são confortáveis. Daí já percebemos como logo cedo somos ensinadas a cultivar uma suposta beleza a qualquer preço. E assim seguimos, apertando nossos pés em saltos”, pontua.

As diferenças são naturais, mas também são individuais. As características de cada criança precisam ser respeitadas, e não o que a sociedade entende que um gênero ou outro deve fazer ou pensar. “A educação, tendo como referência uma não distinção de gênero, faz com que uma criança seja criada sem  premissas de comportamentos masculinos ou femininos, pois boa parte da sociedade segue rigorosamente padrões específicos no que diz respeito à sexualidade desde a primeira infância”, pontua a psicóloga Renata Jardim. Para a profissional, a questão de gênero é uma ideia socialmente construída de feminilidade e masculinidade, e não necessariamente algo que vem direto do sexo biológico das pessoas.

Michele explica que sua menina é muito meiga, carinhosa e vaidosa, por esse motivo, chegou a pensar que ‘as meninas fossem assim’. “Mas aí tive 3 meninos de uma vez para saber que, mesmo sendo gêmeos, os filhos são muito diferentes entre si. Quero dizer, se fosse descrever como são os meninos baseada no Marcelo, diria que são muito ágeis, atléticos, desligados das coisas mundanas, quase avoados de tão distraídos. Mas com facilidade para as ciências exatas (matemática), embora adorem letras também. Se fosse basear no Murilo, diria que são brincalhões, divertidos, mas organizados e ansiosos. Diria que são muito queridos e obedientes. Se fosse basear no Matheus, diria que são fofos, meigos e muito concentrados em histórias e brincadeiras onde precisam-se obedecer regras. Também diria que são teimosos e não aceitam bem as frustrações. Ou seja, acho que muito é mesmo da personalidade e caráter e não sobre meninos e meninas”, exemplifica a jornalista.

“O gênero é uma construção social no sentido de como alguém se apresenta e se sente para as pessoas e, principalmente, para si, como nos reconhecemos e desejamos que a sociedade nos reconheça, como feminina ou masculina, ou transitar pelos dois, uma mistura de ambos, independentemente da orientação sexual ou do sexo biológico”, esclarece. São essas raízes educacionais que, no futuro, dividem homens e mulheres no mundo, fazendo com a inserção feminina em determinadas profissões ou cargos de poder seja impedida.

Para quebrar essas barreiras enquanto adultas, muitas mulheres tiveram que questionar o que aprenderam e lutar contra a realidade de tal etapa, buscando educação superior, salários iguais, o fim da violência e a liberdade sexual. E elas ainda lutam exatamente porque os meninos, por serem colocados em lugares privilegiados como homens, reproduzem suas funções. “É muito tarde se deixarmos para educar os homens sobre o respeito às mulheres quando eles já são adolescentes ou jovens. Tarde demais. Você educa quando eles têm 4, 5, 6 anos. Ensina que meninos e meninas são iguais, que ambos precisam de respeito. Que em sociedade todos devemos nos respeitar e ajudar”, afirma Sharyn Potter, diretora do Centro de Pesquisa em Inovação de Prevenções da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, criadora da campanha “Know your power” (conheça o seu poder, em tradução livre).   

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A diferenciação imposta entre menino, menina e seus respectivos gostos vêm da criação familiar. A criança chega ao ambiente escolar predefinida a agir de certa maneira. O garoto, em uma ideia geral, é mais agitado, gosta de esportes e de matemática, volta-se mais para a área de exatas. Já a garota seria mais sensível, com maior hábito de leitura. “A educação trazida de casa promove uma série de valores, mas nem sempre eles apontam para o melhor caminho”, aponta Yara Sayão, do Serviço de Psicologia Escolar da USP.

A divisão de gênero na escola | Imagem: Folha de S.Paulo

O pior acontece com aqueles que não se dão bem entre as chamadas “coisas de meninos” e “coisas de meninas”. Esses passam a serem inferiorizados e possuem maior tendência a sofrer bullying. “Se não fizermos nada, não daremos oportunidade para que as habilidades individuais apareçam”, comenta Yara.

É aí que entra o papel educador do professor. Pode não ser dele o papel fundamental de inserir princípios à criança, mas pelo menos ele precisa apresentar caminhos. No entanto, o problema é maior quando se acaba deparando com a situação do próprio professor realizar essa divisão por gêneros.

Em artigo publicado por Viviane Drumond, em seu doutorado pela Faculdade de Educação da Unicamp, foi realizado um levantamento que apontou grande influência dos professores de ensino infantil na manutenção da divisão por gêneros. De acordo com Viviane, as crianças de creches e pré-escolas tanto reproduzem como transgridem normas, principalmente nas brincadeiras entre elas. Porém, não ocorre o mesmo em outras atividades. “Já nas atividades direcionadas pelas professoras, observamos uma visão sexista na organização das rotinas e atividades. A divisão aparece nas filas – para ir ao banheiro, ao parque e ao refeitório; na hora de escolher o ajudante do dia, geralmente uma menina e um menino – a menina conta quantas meninas tem na sala e o menino quantos meninos; a professora anota na lousa. Ou em uma atividade no pátio em que a professora divide as crianças em grupos de três: três meninas e três meninos e, para incentivá-las, grita: ‘agora as meninas, vamos meninas!’, ‘agora a vez dos meninos; isso, meninos!’”.

Segundo a pedagoga, existe um problema antes mesmo da prática das educadoras – na formação das mesmas. Ao analisar os currículos de cursos de pedagogia, ela observou que estes apresentam no máximo uma disciplina, não obrigatória, que discute gênero e/ou sexualidade. “Na maior parte das vezes, as disciplinas abordam a sexualidade infantil e a educação ou orientação sexual, mas não discutem as formas de organização do trabalho pedagógico na educação infantil que pode estar contribuindo para a construção de práticas sexistas, hierárquicas e homofóbicas entre meninas e meninos, entre crianças e adultos e entre adultos e adultos”, constata.

Separações de sala de aula, formação de grupos de meninas e de meninos por parte de professores apenas estimulam a segregação de gênero. | Imagem: Diário de Pernambuco

Enquanto a divisão entre gêneros segue existindo nas escolas, o cenário para aqueles que não se encaixam nas cores azul ou rosa é ameaçador. Mas até para quem está em um gênero em especial tende a sofrer bastante. Afinal, é na infância que as meninas já sentem na pele o significado de viver em uma sociedade machista.

Engana-se quem não acredita que os preceitos do machismo não estão presentes no ambiente escolar. Érica Teruel Guerra, coordenadora de uma pesquisa com jovens brasileiras para identificar as questões de machismo e violência por elas passadas, realizada pelo Instituto Énóis em parceria com o Instituto Vladimir Herzog e o Instituto Patrícia Galvão, conta que “uma das coisas identificadas na pesquisa é que uma boa parte das agressões à mulher nascem na infância, principalmente. Nascem no ambiente familiar, no escolar são reproduzidos e sempre vem com essa alcunha de ‘coisa de menina’, ‘coisa de menino’. É daí que surgem as violências de gênero que vão serem naturalizadas no decorrer da vida”.

Com isso, um dos maiores problemas apontados por Érica tem relação ao medo da jovem de estar em um espaço público. “Desde a primeira infância, as meninas não tem uma relação positiva com o espaço público em comparação aos meninos. Por exemplo: brincar na rua é incentivado ao menino e normalmente ele pode fazer isso, jogar bola, empinar pipa. As meninas são proibidas de fazerem isso, porque o espaço público já é visto como o lugar do inimigo. Aí, dá para ver essa relação se perpetuando”.

Outra constatação da pesquisa por parte da coordenadora tem relação à impregnação do machismo em todos os lugares. “Teve uma menina que falou que tinha medo de quando a família descobrir que ela não era mais virgem. ‘Medo deles me abandonarem’, ela usou essa palavra, abandonar. Em outros casos, a menina não pode gostar de jogar futebol, jogar sinuca, nem se descobrir sexualmente. Isso em tantos lugares, e a escola é um deles”.

Criação livre de estereótipos

A equidade de gênero ainda é um tabu, tanto dentro de casa quanto nas escolas, o que torna a discussão do tema menos recorrente, principalmente com as crianças. Pais e educadores possuem receio ou falta de informação para tratar do assunto com os pequenos e, muitas vezes, não percebem que acabam reforçando os estereótipos até nos menores detalhes do cotidiano.

Algumas coisas, no entanto, podem facilitar o processo de abordagem do assunto – um tanto quanto abstrato – com as crianças, como, por exemplo, procurar se informar o máximo que puder sobre a questão de gênero para, então, poder traduzir para palavras descomplicadas aquilo que aprendeu. Ademais, isso também fará com que as atitudes dos educadores mudem em relação aos padrões pré-estabelecidos e, consequentemente, que as crianças, que costumam se espelhar nas ações que veem ao redor, cresçam livres de preconceito e seguras para serem o que quiserem.

Encontrar uma cozinha infantil que não seja rosa é o mesmo que achar agulha em um palheiro | Imagem: Reprodução/Mercado Livre

Ainda assim, muitos pais que pretendem se livrar dos estereótipos de gênero dentro da própria casa acabam não recebendo o apoio das grandes marcas de brinquedos, que reforçam em seus produtos a divisão estipulada culturalmente do que é coisa “de menina” e “de menino”. As próprias lojas dedicadas ao público infantil, quando separam suas seções entre brinquedos para meninas e meninos, estão, de certa maneira, pré-definindo para os pequenos quem eles devem ser e como devem agir e se comportar. Débora Diniz, doula, professora e integrante do Movimento Infância Livre de Consumo comenta sobre essa estereotipagem nos brinquedos e a falta de opções nas lojas. “Você começa a limitar, começa a dizer para os meninos ‘você só pode experimentar essas possibilidades’ e para as meninas idem”. Ela dá como exemplo os brinquedos de cozinha, que são, quase todos, na cor rosa, uma cor que os meninos menosprezam por já associarem às meninas. “Por que quase não há geladeiras de brinquedo brancas?”, questiona a professora. Nesses casos, muitos pais optam por adquirirem outro tipo de brinquedo, que não reforce tais rótulos.

Mas se engana quem acredita que a divisão por gênero afetará o indivíduo apenas na tenra idade. A partir do momento em que brinquedos e programas infantis, por exemplo, mostram à menina o que ela deve ser e como deve agir, isso provavelmente fica incutido nela até a vida adulta. Desenhos, geralmente, trazem personagens masculinos em papeis interessantes, como cientista, pesquisador, aventureiro, guerreiro, entre outros. Enquanto isso, as referências para as meninas são personagens do sexo feminino que estão em busca de um príncipe encantado – no caso das princesas – para salvá-las. A Barbie, por exemplo, passou boa parte de seus 58 anos como a representação da delicadeza e da “feminilidade”, apenas agora está expandindo sua coleção e criando bonecas profissionais que, de fato, abrangem diversas áreas de atuação, uma vez que, inicialmente, traziam apenas profissões já estereotipadas ao gênero feminino.

A partir do momento em que há essa classificação de acordo com o sexo biológico de uma criança, há também o incentivo ao preconceito e à ideia de que existe um lado superior ao outro. Em sociedades onde a questão de poder e o desejo de dominação de um sobre o outro depende exclusivamente desses parâmetros, os resultados, como pode ser visto diariamente, são situações de submissão da mulher ao homem, salários mais baixos para mulheres que ocupam os mesmos cargos que homens dentro das mesmas empresas, violências contra as mulheres – verbal, moral, sexual ou física –, preconceito contra mulheres que ocupam cargos considerados “masculinos”, entre tantas outras questões.

Em “Diferentes, Não Desiguais”, os antropólogos Beatriz Accioly Lins, Bernardo Fonseca Machado e Michele Escoura dão exemplos de prejuízos que esses estereótipos de gênero podem levar aos indivíduos. O livro ressalta, inclusive, que existem grupos, sobretudo entre a população mais pobre, onde ir mal na escola é considerado um símbolo de “virilidade”. “Hoje, os meninos, principalmente negros e moradores das periferias das grandes cidades, formam o maior contingente de estudantes que desistem dos estudos… de modo geral a escola é pensada como um espaço privilegiado para o que se entende por feminilidade”, atesta o livro.

Em casa, respeitar a escolha dos pequenos na hora das brincadeiras é o primeiro passo para quebrar barreiras que estipulem como eles devem agir e do que devem gostar. Estimular a ideia de que não existe coisa “de menina” ou “de menino” também é fundamental, e pode ser feito por meio de simples conversas ou até mesmo vídeos e livros educativos, feitos justamente para esse propósito.

O mesmo vale para as escolas de educação infantil, que acabam reforçando os estereótipos quando adotam o modelo de separação por gênero nas filas, nas brincadeiras, nos esportes, entre outros. Segundo uma pesquisa feita em 2010, quando professores pré-escolares dão ênfase ao sexo da criança de qualquer maneira, elas conseguem perceber e distinguir. Em salas de aula onde meninos e meninas sentam separadamente ou no caso de professores que dizem coisas como “Bom dia meninos e meninas”, os pequenos expressam mais estereótipos sobre sexo e, inclusive, discriminam na hora das brincadeiras. Por esse motivo, incentivar que as crianças brinquem juntas e evitar tal divisão durante as atividades é um procedimento fundamental para o rompimento das barreiras entre gêneros, uma vez que a escola é um dos lugares em que meninos e meninas passam a maior parte do tempo em convivência.

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