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O oportunismo do cinema na esfera feminista

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Sociedades mudam, ideologias nascem e as produções cinematográficas acompanham a tendência mantendo o faturamento em alta 

Por Caroline Roxo 

Bilheteria global fecha 2019 faturando mais de US$ 40 bilhões
Foto: Reprodução StockFresh

Em meados dos anos 90, o cinema apresentava produções como: O Clube da Luta, Forrest Gump: O Contador de Histórias e Matrix. Todas essas criações possuem em comum um roteiro impecável com aclamação de críticas e, também, se assemelham em um ponto: personagens principais homens. Esse protagonismo masculino não se limita apenas nessas três superproduções do cinema, mas em diversas outras e, vou além, arrisco a dizer que praticamente todas da época. 

O cenário dos super heróis pode nos mostrar melhor: Superman, Batman, Capitão América (representando também o nacionalismo e o patriotismo dos norte americanos) e, com notoriedade temporal, o Zorro. Todos homens. Todos salvam a cidade dos vilões e ficam com a mocinha no final. Mais uma vez os intérpretes fundamentais das obras são homens e, pior, são homens brancos – mas não entrarei nesse contexto. 

Na época do surgimento desses icônicos personagens do cinema, a sociedade era o espelho dos filmes: homens como protagonistas! Essa relevância se dava em várias esferas, como no relacionamento amoroso, na família, no trabalho, na política, nas leis e em diversos outros. Por outro lado, as mulheres tão pouco tinham direitos e não eram consideradas capazes de gerir as próprias vidas sem a conscientização de um homem, a exemplo da possibilidade de ser donas de propriedades, homologado no Brasil apenas em 1962. 

Certamente que essa configuração social patriarcal e machista era sentida pelas mulheres da época, que, podiam até ser coniventes e se convencerem de ser o correto mas, em contrapartida, também existiam mulheres que se rebelaram contra o sistema, fazendo surgir movimentos por direitos, como “As Sufragistas” (na Inglaterra) e, posteriormente, as feministas, tendo como um dos principais nomes Simone de Beauvoir (francesa).  

No entanto, os discursos de Simone, apesar de terem sido construídos antes de 1990, não eram fortes o suficientes ou talvez não tinham o aparato ideal para se dissiparem, como hoje temos a internet e o fácil acesso a sites, blogs e grupos de pessoas com ideologias semelhantes. E, por conta justamente da facilidades que a internet disponibilizou ao público, o feminismo (como ideologia e como arte) cresce juntamente a ela.

Quando menciono a arte, me refiro a produções cinematográficas e literárias. Em 1990, quem assistiria um filme com uma heroína mulher? Ou leria uma obra que falasse de direitos igualitários? Talvez – e é certo que haveria, muitas mulheres se interessassem pelo assunto e até surgissem elucidações da importância de seus papéis mas certamente seriam descredibilizadas e taxadas de lunáticas (como ainda são em pleno século 21). 

Atualmente, a sociedade cresce com outra forma e pensamento. Mulheres querem direitos e homens precisam ceder espaço ou são “cancelados” por machismo (e isso é bom). O cinema encontrou seu lugar nessa onda: Feminismo e representatividade vendem. E a indústria de Hollywood percebeu isso e vem faturando milhões – ou bilhões, como foi a estreia do filme Capitã Marvel. As pessoas e, principalmente as mulheres, estão gostando de se verem em realce e como heroínas, rendendo muito dinheiro ao produtores. 

O filme Enola Holmes já está disponível na Netflix
Foto: Reprodução CinePOP

Mulher Maravilha (desconsiderando a sexualização da personagem), Capitã Marvel (sem mencionar o pouco enfoque que ela teve em Vingadores: Ultimato) e o tão recente filme da Nnetflix, Enola Holmes, são exemplos clássicos do oportunismo do cinema na onda feminista. Quem acreditaria que o tão espetacular Sherlock Holmes ganharia uma irmã, interpretada pela Millie Bobby Brown, e que ela teria uma mente mais brilhante que a dele? Essa é a proposta da produção. Com um toque de feminismo e emancipação da mulher, o filme era uma das promessas pro mês de setembro da plataforma de stream Netflix e surpreendeu. 

Não estou dizendo que é tão espetacular para ficar como um das produções do ano – não me arriscaria, mas chama atenção pelo fato do cinema estar explorando tão a fundo a representatividade feminina. Apesar de ser um oportunismo e não uma boa ação do cinema, e ainda conter erros e representações irresponsáveis (a exemplo da sexualização) de mulheres empoderadas, algumas obras brilham os olhos para seu destaque ao tema e se posiciona como revolucionária, necessária e deve prevalecer. 

Não só esses filmes citados como tantos outros que estão apostando em mulheres como protagonistas e personalidades fortes (quebrando o esteriótipo de “sexo frágil”) nos mostra como as ideologias de uma sociedade tem força e em como as configurações sociais são temporais. Assim como há poucos anos atrás a sociedade patriarcal era tida como onipresente e onipotente, hoje em dia vemos uma quebra, não total, mas exponencial. E repito: isso é bom.

Redação

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